Praça de Little Hangleton

Uma noite clara

Uma nova vida começaria no dia seguinte. E ela certamente estava pregando peças em nós, com dedo de Loki no meio. O Deus da trapaça e da travessura... Quem poderia esperar algo diferente do que um gosto amargo na boca do estômago?

Separei uma garrafa de vinho e peguei minha capa mais grossa antes de me dirigir à praça da cidadezinha onde vivo nos últimos três anos. Nosso casarão na Noruega me esperava com todos os empregados o mantendo para mim e meu irmão.

Sentei-me sob a luz da lua, um dos poucos momentos em que meu coração se acalmava. Sob a mesma lua, meu gêmeo se encontrava. Era difícil estar separada dele e reconfortava-me saber isso; mais ainda que em poucos dias nossos pais estariam no Salão dos Mortos e não se juntando à Mãe sob a terra.

Tomei um grande primeiro gole, direto da garrafa e sem misericórdia, depois de jogar uma boa quantidade no chão em nome de Odin, apesar de vinho não ser seu preferido. O hidromel tinha acabado e o próximo barril chegaria em algumas semanas.

A noite clara com o ar frio de fim do verão, me trazia clareza sobre os tempos vindouros. Conscientemente estaria quebrando mais regras que nunca, mas era para o bem maior. O descanso com os Deuses era devido à todos os guerreiros mortos em batalha e o Ministério sequer quis nos ouvir quando pedimos os restos de volta por duas vezes em cinco anos.

Eu não acreditava que tudo estava perfeito; era evidente que não estava. Justiça, honra... Nada disso existia mais e eu quero-os de volta à todos. Como Ministra poderia obrigar Hogwarts a ensinar esses valores e tornar as crianças melhores que seus pais.

-Vocês terão tudo o que é de direito! - falei pensando em meus pais.

Observei as estrelas e a lua por muito tempo. A garrafa de vinho estava quase vazia quando vi a marca tomando o céu. Estava longe, mas dava para ver tão clara como se tivesse sido lançada na quadra seguinte.

Era a marca que meus pais usavam em seus braços. A marca negra, símbolo dos comensais. Alguns segundos depois, a marca se transformara em um símbolo nórdico bem conhecido para mim. Meu irmão o usava em suas assinaturas e aqueles três triângulos formados pela cobra de Voldemort só queria dizer uma coisa: minha lua tinha conseguido o que tanto queria.

Eu não sabia se ficava feliz por meu gêmeo conseguir ou triste pela método que ele executaria seus planos. De toda forma, faria de tudo para não entregar meu próprio irmão aos que nunca tinham nos ajudado.

Um sorriso se formou em meus lábios sem que eu fizesse algum esforço para isso. Levantei a garrafa aos céus e voltei a bebê-la, terminando seu conteúdo antes de voltar a apreciar o céu noturno e toda sua composição.


Uma semana depois do encontro com Erik no Beco Diagonal.

Referência ao post de Erik Brandt Sosken