Jardins Estreitos

A determinação brilhava nos meus olhos azuis enquanto  encarava meu irmão Viktor, cujas palavras pesavam como chumbo no ar tranquilo dos jardins do castelo. Eu podia sentir o peso da preocupação dele, mas minha própria força interior lhe impelia a resistir a seus pedidos, ainda mais se tratando de entregar a Kieran exatamente o que ele quer. Viktor, eu entendo sua preocupação, mas você precisa entender que eu não sou fraca. Eu disse tranquilamente, como se Kieran cravar o garfo em minha mão nao tivesse sido nada, apesar de assustar, eu fingia que nao me atingia. Eu não tenho medo de Kieran. Eu enfrentei desafios maiores do que ele. Eu disse lembrando de nosso pai enquanto tentava voltar  a andar em direçao a minha próxima aula mas ele estava grudado em mim como um carrapato. Viktor arregalou os olhos, sua expressão uma mistura de incredulidade e alarme. Ele não podia aceitar a aparente imprudência vinda de mim, especialmente quando estava tão claro o perigo iminente que Kieran representava.

Regan, você não está entendendo! Este não é um desafio que você pode enfrentar sozinha. Ele disse agora se pondo a minha frente me forçando a parar de andar, eu suspirei irritada e desviei meu olhar dele enquanto ouvia sua voz irritante. Kieran é perigoso, e você sabe disso. Ele não vai hesitar em atacar de novo, especialmente se você continuar se aproximando de Brunna. Eu ergui o queixo com orgulho, minha determinação inabalável. Eu estava decidida a não ceder à pressão de meu irmão, muito menos aos desejos de Kieran depois de tudo. Eu não vou simplesmente me afastar de Brunna só porque você está com medo. Eu confio em mim mesma o suficiente para saber que posso lidar com Kieran, não importa o que aconteça. Viktor sentiu um nó apertar em seu estômago enquanto observava a minha teimosia inabalável. Ele sabia que não seria fácil me convencer a mudar de ideia, mas ele tinha que tentar.

Regan, por favor, seriam só alguns meses só! Fica com outras pessoas menos ela. Ele disse como uma suplica, senti as palavras de Viktor pesarem sobre meus ombros como uma âncora, mas ao invés de ceder, eu senti uma fúria crescente dentro de mim. Aquela não era a primeira vez que me via confrontada com a tentativa de controle sobre minha vida, e as lembranças dolorosas de meu pai ressurgiram, trazendo consigo um turbilhão de emoções. Você não entende, Viktor! Você acha que pode simplesmente decidir com quem eu fico, como nosso pai fez? Eu disse irritada, movida pelas minhas emoções nao controlo minhas palavras que acertam Viktor em cheio, Que? Ele pergunta em uma voz tremula mas eu nao iria entrar naquele assunto com o cabeça de melancia do meu irmao, eu somente me aproximei dele e atropelei sua pergunta.

Eu escolho com quem eu fico, e é Brunna. Kieran pode querer ou não, mas isso não é da conta dele, nem sua! As lágrimas borbulharam nos meus olhos, uma mistura de raiva e dor transbordando , mas fiz questão de nao deixa-las cair. Ela não queria, nem iria reviver aquele trauma, aquele sentimento de impotência e desamparo. Eu não vou deixar ninguém me dizer o que fazer! Eu gritou, minha voz ecoando pela paisagem tranquila e chamando a atenção de todos os alunos, nao havia sido minha intenção mas usaria daquilo para a distração. Idiota. Eu disse por fim olhando para meu irmão que se preparava para falar depois de olhar sem graça os demais alunos, mas nao lhe dei tempo. Dei um grande tapa nos livros que ele segurava forçando eles irem ao chão e o nerd de meu irmão automaticamente indo catar eles enquanto pedia que eu o esperasse.