Vale dos Ossos

Após a conversa e o consentimento de Laura, esperei enquanto ela arrumava tudo o que precisava para retornar para Hogwarts, em seguida nos preparamos para aparatar em direção à parte mais profunda da Floresta Proibida, o Vale dos Ossos. Ao chegarmos lá, não pude deixar de soltar um meio sorriso, o local era assombroso e sombrio, envolto em uma atmosfera carregada de mistério e segredos, o Vale dos Ossos ganhou seu nome devido à presença notável de ossos, esqueletos e restos mortais que pontuavam o terreno, a área específica da floresta era marcada por uma densidade maior de árvores, cujas folhas criavam um dossel sombrio que filtrava a luz solar, lançando sombras alongadas sobre o solo, o terreno era irregular, com raízes expostas e caminhos estreitos que serpenteavam entre os esqueletos branqueados de criaturas antigas.

Eu conhecia aquele lugar muito bem, assim como o motivo de ser daquele jeito, quando descobri os Jardins de Salazar, inicialmente, encontrei seu acesso apenas através das masmorras de Hogwarts, no entanto o meio de acessá-lo era complicado e praticamente desconhecido, pois não se revelava facilmente para todos, era como uma sala precisa, onde o coração da pessoa precisava estar o mais distante possível do caminho dos outros fundadores para se revelar.

Mas ao explorar os Jardins descobri outra passagem, escondida por uma cachoeira no interior da Floresta Proibida, claro, essa passagem ficava em uma parte extremamente profunda e perigosa da floresta, um lugar onde a maioria dos alunos evitaria, na verdade até mesmo funcionários e professores, mas, naquela época, eu não me importava com aquilo, tinha Circe ao meu lado. Aliás, Circe era responsável por toda aquela carnificina ali, já que, após ser liberta da maldição que a petrificara, ela havia desertado faminta e eu permitira que se alimentasse das criaturas da floresta, como as cachoeiras eram próximas dali, aquele local acabara se tornando praticamente a cozinha de Circe.

Claro, com isso, outras criaturas passaram a temer aquela região, tornando-a relativamente mais segura do que outros lugares da floresta, ainda assim, jamais ensinaria esse caminho a Laura, pois sabia dos perigos que ela enfrentaria se passasse por ali sem Circe como segurança. Vamos. Disse com firmeza após soltar um suspiro. Desde a conversa, Laura ficara praticamente calada, o que era irritante, embora de se esperar, olhei ao redor novamente, me perguntando quantas vezes vagara por ali, aquele era o único caminho disponível, uma vez que, após a Batalha de Hogwarts, eu tinha selado o acesso às masmorras por dentro. Existem duas entradas para os Jardins... Expliquei a Laura. Uma delas é através da floresta e a outra pelas masmorras de Hogwarts. Ela questionou o motivo de não irmos pela entrada das masmorras.

Encarei-a recordando os eventos após Jack matar Patrícia nos Jardins, alguns dias depois, ao retornar, percebi que os jardins tinham uma estranha capacidade de preservação, como se apenas alguns segundos tivessem passado desde a tragédia, então decidi proteger o corpo de Patrícia e selar a entrada pelas masmorras, pois não poderia fazer o mesmo pela entrada da floresta, sempre que a destruía, ela simplesmente se recriava novamente. No passado eu selei a entrada nas masmorras para evitar que alguém encontrasse os jardins... Expliquei a Laura enquanto a guiava pelos esqueletos em direção à cachoeira. Por isso vamos entrar por aqui e, em seguida, liberar a entrada novamente. Encarei Laura. Não importa o que aconteça, fique perto de mim. Disse, deixando claro que ali era um local perigoso e que se afastar de mim poderia ser fatal, depois voltei a guiá-la em direção às cachoeiras.



Robert - Emily - Laura - Lillian - Aaron - Edward

Após ouvir o comentário de Laura, um sorriso involuntário se formou em meus lábios, olhei por cima dos ombros e foi como se observasse Victoria caminhar atrás de mim, no passado sempre fui mais direto em minhas decisões, sem me importar muito com minha segurança ou com os perigos que me cercavam, se fosse para alcançar meus objetivos, qualquer risco valia a pena de modo que, naquela época, enquanto caminhava pela floresta negra não sentia medo, pelo contrário, minha arrogância e orgulho sempre me fizeram acreditar que se alguma criatura entrasse em meu caminho era ela quem estaria em perigo e não o contrário. Você puxou muito dela... Murmurei observando Laura de soslaio, Laura tinha herdado muitas das características minhas, mas aquela aversão ao perigo desnecessário certamente viera de sua mãe.

Paramos em frente a uma cachoeira e, com um movimento da varinha, dividi a cachoeira em duas quedas, revelando uma caverna por trás dela. Sua mãe era o extremo oposto de mim. Continuei com um tom nostálgico na voz. Acredito que a única vez que ela se colocou em perigo foi quando fundiu nossas almas. Um sorriso suave se formou nos meus lábios ao relembrar daquilo, na época tinha sido imaturo em níveis absurdos, mas agora, com o passar dos anos e a maturidade que veio com eles, reconhecia o quão formidável e perigoso aquele ato de Victoria havia sido, um gesto que nunca poderia esquecer. Na verdade espero que você tenha mais o juízo dela do que minha... Bom... Vamos chamar de coragem. Concluí com um tom de brincadeira, embora orgulho e arrogância fossem palavras mais precisas para descrever minha própria disposição naquela época.

Com um gesto convidativo indiquei a entrada da caverna para Laura e, após alguns minutos no interior da caverna, com a luz na ponta da varinha mostrando o caminho, voltei a falar. A caverna é um labirinto perfito, criada justamente para afastar todos, bruxos e trouxas, dos jardins.. Expliquei calmamente. Se vagar sem cuidado é bem capaz de nunca sair daqui... Meu olhar encontrou com o de Laura por cima do ombro e então sorri. Por isso, para encontrar os jardins, existe um segredo... Você deve ter a coragem de abraçar a escuridão por completo. Com essas palavras desfiz o feitiço Lumos que iluminava até então, mergulhando-nos em completa escuridão. Somente assim o caminho se revela. Disse e logo em seguida algumas fissuras nas pedras começaram a brilhar em um vermelho sangue intenso, criando uma espécie de trilha.

Foi assim que encontrei na primeira vez. Continuei seguindo o caminho que se formava. Você precisa ter coragem para abraçar as trevas... Somente assim a entrada se revela. Me virei para Laura com um sorriso, erguendo a mão e apontando para um pequeno arco que surgia à frente após alguns minutos de caminhada. Ao atravessarmos seremos enviados para os jardins. Expliquei, permitindo que Laura caminhasse à sua frente e atravessasse o arco.



Robert - Emily - Laura - Lillian - Aaron - Edward