Aqueles últimos dias tinham sido, na melhor das descrições, complicados, vinha tentando encontrar Astrid, mas parece que o destino conspirava contra mim, ou melhor, parecia que Astrid conspirava contra nosso encontro, como se ela estivesse se esquivando de mim intencionalmente. Era um fato irritante que vinha me deixando um pouco ansioso, já que toda vez que chegava perto dela, ela sumia, se escondia ou praticamente saía correndo quando me via e aquilo estava começando a me irritar de verdade, só precisava encontrá-la uma vez para resolver aquilo, para confessar o que sentia sem qualquer desculpa adjacente.

Claro que o meu querer parecia não valer nada, já que meus dias se transformaram em uma maratona de busca e espera, com momentos de esperança e outros de decepção, de maneira que pensei em desistir diversas vezes, já tinha me declarado e se ela insistia em fugir de mim, significava que talvez ela não quisesse nada e era minha obrigação aceitar aquilo, mas não queria simplesmente aceitar, pelo menos não sem ouvir claramente dela. O problema era que aquela maldita parecia estar sempre um passo à frente, sempre se esquivando de mim, de maneira que cheguei à conclusão de que precisava de um plano melhor, algo que me permitisse interceptá-la e, finalmente, ter uma conversa decente.

E foi por esse motivo bobo que estava ali, no topo da torre de Astronomia, sabia que ela tinha o hábito de vir ali para observar as estrelas, não era sempre, apenas ocasionalmente, e sabia que era estranho saber daquilo, mas a verdade é que notei que eu reparava nas coisas ligadas à Astrid e essa era uma delas e, por isso, decidi optar pelo básico e, todas as noites nos últimos dias, ou semanas, ficava até tarde no topo da torre na esperança de finalmente encontrá-la. Soltei um suspiro e encarei o céu estrelado, tentando acalmar minha ansiedade, o silêncio da noite e o vento gelado percorrendo meu corpo me permitiam refletir sobre meus sentimentos, ao mesmo tempo que me lembravam o quão só estava e o quanto a presença de Astrid me fazia falta, algo que simplesmente não notei até não tê-la mais, soltei outro suspiro pesado, parecia que aquela era outra noite em que ela não apareceria. Bom... Amanhã no mesmo horário? Fiz uma piada comigo mesmo, me preparando para sair dali, mas então senti meu coração disparar quando ouvi passos se aproximando, me fazendo congelar em meio às sombras.

Permaneci em total silêncio, meus olhos fixos em Astrid, que caminhava levemente até a borda da torre para observar as estrelas. Faz tempo loirinha. Disse saindo das sombras, um sorriso em minha face, finalmente a encontrara, uma mistura de nervosismo e alívio tomou conta de mim enquanto a observava. Você está linda! Acrescentei, a lua e as estrelas iluminavam seu rosto, deixando-a simplesmente perfeita, enquanto seu olhar permanecia preso ao meu. Se não te conhecesse, iria jurar que você tem fugido de mim esses dias sabia? Comentei caminhando lentamente e me posicionando na frente da saída das torres, daquela vez Astrid iria me escutar, querendo ela ou não.

Comecei a caminhar em direção a Astrid, mantendo meu olhar firme ao dela, meu coração estava tão acelerado que sentia que ela poderia ouvi-lo mesmo àquela distância, parei a alguns passos dela, respirando fundo, tinha ficado puto nos últimos dias ao ser completamente ignorado por ela e, embora a intenção inicial fosse gritar com ela, tudo que conseguia pensar olhando nos olhos azuis dela era em como ela era simplesmente perfeita. O que você sente por mim? Perguntei diretamente, meu olhar fixo no dela. Porque eu gosto de você. Disse com um tom decidido.

Dei mais um passo em sua direção, sentindo meu corpo estranho, firme e ao mesmo tempo completamente abalado, meu coração acelerado, minha cabeça uma loucura, mas nada daquilo me impediria ali. Gosto tanto que me incomoda... Gosto tanto que só penso em você, que meus olhos só buscam você, que cada pensamento em minha cabeça me leva até você. Continuei, dando mais um passo em sua direção, ficando próximo o suficiente para alcançá-la com as mãos se esticasse meus braços. Cada fibra do meu ser quer sentir seu perfume, seu toque, sua aproximação... De uma forma tão estressante, tão estranha, que não consigo nem entender ou explicar. Minhas palavras pairaram no ar.

Quando me aproximei ainda mais dela, meu corpo todo pulsava com a necessidade de contato, queria beijá-la, sentir seus lábios nos meus, provando que tudo aquilo era real, mas queria também ouvir suas palavras, entender o que ela sentia, saber se ela gostava de mim da mesma maneira que gostava dela, meu coração batia forte em meu peito, antes que notasse estendi minha mão, tocando suavemente seu rosto com a ponta dos meus dedos, sentindo a suavidade de sua pele, meus olhos permaneceram firmes encarando os dela, tentando ler suas emoções e desejando mais do que tudo ouvir suas palavras, mas meu corpo se movia sozinho, com meu polegar tracei delicadamente a curva de seu lábio inferior, enquanto meus olhos se perdiam nos dela, me aproximando mais e mais até chegar ao ponto que senti seus lábios roçando aos meus, um sussurro de um beijo prestes a acontecer.