Torre do Relógio

Eu uso de meu mais novo cargo a abertura de ir e vir nas madrugadas, me permitem caçar peguenas criaturas na orla da floresta que me mantem em controle de meus desejos pela carne. Nesse intervalo de tempo me pego pensando em Kiara, ela esta para fazer dezesseis anos, a mesma idade em que senti os desejos pela primeira vez. A segurança dela de ter Sebastian ao seu lado me conforta, meu melhor amigo era lobisomem e possuía muito mais resistência, se Kiara chegasse a machuca-lo, nao seria nada preocupante. A ronda esta calma, como a ultimas cinco, no início de ano todos tentam seguir as regras se manter na linha, mas em poucos meses, eu sabia que os espíritos aventureiros sairiam.

Próximo do fim, minha ronda teve uma mudança brusca quando notei alguém as sombras, ao me virar identifiquei Isadora perdida em seus pensamentos. Suspiro e me aproximo serio ate ela e ilumino sua cara com minha varinha.  O que uma sonserina como você está fazendo fora da comunal em horário proibido? Eu pergunto de forma autoritária, a conversa desenrola de forma surpreendente. Suas desculpas são fracas e ela parece feliz em ter sido pega por mim. Eu tenho minhas razões. Eu digo depois dela questionar se tiraria pontos dela. É um dilema já que sua casa é a mesma que a minha, é um prejuízo a nos mesmo suas atitudes irresponsáveis. Eu sei, mas vai? Me deixo pela primeira vez me perder pelo momento, me pego notando Isadora com um interesse diferente, sua aproximação me parece desejável por breves segundos ate que a voz de Adora surge, como um cubo de gelo.

Eu me afasto e deixo seu olhar cair sobre a ruiva enquanto ela ameaça a remoção de pontos, eu nao contesto, ela esta no direito, somente assisto enquanto elas trocam algumas farpas. Ela disse que estava explorando mas na verdade estava seguindo você desde o piso inferior. Eu encaro surpreso Isadora e vejo pela primeira vez pânico em seu olhar e fico curioso, seguro um sorriso e vejo ela gaguejar dando uma desculpa esfarrapada que nem Adora ou eu acredita. Deixa comigo Adora, diante de você afirmo que removerei vinte e cinco pontos da Sonserina pela fuga da Isadora em horário nao permitido. Agora ire leva-la a nossa comunal. Eu digo, sou breve, frio e seco em minha autoridade, vejo Adora pensar em questionar, vejo seu desejo em saber a verdade por trás dos interesses de Isadora mas aquilo só pertence a mim.

Depois de alguns segundos querendo relutar, Adora continua seu caminhar em direçao ao outro corredor, eu volto meu olhar para Isadora que ao mesmo tempo em que parece agradecida, teme por minhas próximas palavras. Vamos para a comunal, você já nos fez perder valiosos pontos. Deixarei avisado ao mural da comunal, seus feitos... Eu comento com ironia e seguro no pulso da menina a puxando em direçao as escadas da torre. E sobre aquela desculpa, pfft. Nem um elfo acreditaria! Eu comento enquanto a puxo em direçao a saída da torre, descendo as escadas íngremes chegando ao segundo andar da torre, a que se conecta aos corredores do castelo. Mas nao se preocupe nao lhe forçarei a me contar nada, eu mesmo irei descobrir o que tanto quer comigo e minha família. Eu comento ligando sua suposta stalkeada em mim a seu interesse em Derek que era de Kiara a quase um ano. Saio de meus pensamentos quando sinto Isadora me segurar antes de responder.

Os segundos seguintes de minha frase pareceram em câmera lenta e o nó que eu tinha em mãos se desatou, minha sobreposição simplesmente deixa de existir quando sinto Isadora selar seus labios aos meus. Meus olhos se arregalam imediatamente, sem reação eu somente assisto enquanto ela se segura em meu corpo e afunda mais seus labios aos meus, sua língua pedindo acesso.  Ao sentir a língua áspera de Isadora nos meus, uma onda de surpresa e eletricidade percorre todo o meu corpo. Seus olhos fechados, entregues ao momento, me fazem questionar por um instante a realidade dessa situação.

Apesar de  pego de surpresa, algo dentro de mim responde de maneira instantânea, meus olhos se fecham e eu libero o acesso, deixando que minha língua se conecte com a dela . Por um breve momento, o mundo ao nosso redor desaparece, e tudo o que resta é a sensação dos lábios de Isadora nos meus. A tensão inicial deu lugar a uma conexão inesperada, e o fogo que ela acende em mim era tanto um mistério quanto uma revelação. Eu me permito ser envolvido por esse gesto surpreendente, entregando-me ao beijo que começou como uma surpresa, mas rapidamente se tornou algo mais profundo.

Ao sentir seus lábios se afastarem brevemente, minha respiração estava acelerada, e meu olhar encontra o dela, revelando uma mistura de surpresa e intensidade. Isadora, contra a parede do corredor, fecha os olhos, entregando-se ao momento. Em um instante impulsivo, volto a selar nossos lábios, desejando prolongar aquele instante de conexão. O beijo tornou-se um dançar de emoções, uma coreografia de sentimentos conflituosos que se desdobravam entre nós. Um lado meu sabe que ela é uma duvida perigosa em minha vida e na de Kiara, sabe que ela esconde alguma coisa mas um outro lado meu nao conseguia nao se afastar mais.  A medida que o beijo se prolongava, a parede fria do corredor parecia desaparecer, substituída pela calorosa troca de mãos nossas.

Os segundos que antecederam o momento em que nossos lábios se separaram foram preenchidos por uma sensação de êxtase e vulnerabilidade. Entretanto, a realidade nos alcançou de forma abrupta quando escutamos passos se aproximando. Os olhos de Isadora se abriram, revelando um misto de choque e preocupação, enquanto eu tentava processar a rapidez com que fomos descobertos. Cazzo! Ouço Isadora dizer se afastando de mim e saindo da parede a qual eu a prensava, quando uma lanterna de um funcionário surge, iluminando o corredor antes sombrio. O rosto austero do guardião da ordem se materializou diante de nós, os lábios de Isadora ainda parecendo molhados do nosso beijo proibido. Trocamos um olhar recobrando o raciocínio e tanto eu quanto ela parecemos confusos com o que acabou de acontecer entre a gente. O que está acontecendo aqui? O homem perguntou, eu me vejo sem ter uma resposta, sinto minha cabeça ainda esfumaçada pelo acontecimento, confusa e em conflito com alertas e sentimentos misturados.

Nós... nós estávamos apenas conversando. Ouço Isadora dizer e desvio meu olhar para ela, seu peito subindo e descendo rápido, ainda ofegante e eu sinto meu coração confuso acelerar mais ainda, notando com mais atenção sua beleza que eu me recusava a admitir. Conversando, é? Em um corredor vazio, tarde da noite? Parece-me mais uma infração do que um diálogo inofensivo. O funcionário, diz, não parecia disposto a aceitar desculpas vazias Seus olhos caem melhor sobre mim descendo ate meu peito onde o distintivo esta pendurado. Meu olhar encontrou o dele, e apesar do calor do momento que ainda se dissipava entre nós, a frieza da situação tornou-se evidente. E como monitor, você deveria ser o exemplo senhor Cromwell.O diretor ira ficar sabendo sobre sua negligencia com o cargo.   Ele diz e sinto um aperto no coração, perder meu cargo significava mais complicações em dias de caça.

Senhor eu estava justamente conversando com a senhorita Rizzi sobre estar fora da cama em horário proibido, o senhor esta confundindo as coisas. Eu digo de forma firme, fingindo uma maturidade que meu corpo ainda nao tinha recuperado depois do beijo.  O funcionário, sem pestanejar, proferiu a punição que pairava no ar como uma sentença. Nao pensem que sou nenhum idiota, nao havia conversa nenhuma enquanto eu me aproximava. Ele diz e eu e a morena trocamos mais um olhar, meu coração acelera lembrando do momento a poucos minutos, sinto minhas bochechas rosarem um pouco. Terão pontos retirados de suas casas. Não podemos tolerar comportamentos inadequados nas dependências da escola. A atmosfera que antes era carregada de emoção transformou-se em uma tensão desconfortável. Isadora e eu, pegos na teia das circunstâncias, tivemos que enfrentar as consequências do impulso que nos uniu naquela noite.

Com um breve suspiro troco um ultimo olhar com a morena ao meu lado, era como se nossos olhos conversassem por uma língua própria, como se eles compreendessem entre si, a situação complicada que estávamos entrando. Com o homem que eu nao sabia se agradecia ou nao por atrapalhar aquele nosso momento, caminhamos ate nossa comunal onde somos assistidos ate entrar antes dele exigir que o quadro nao abra mais a porta antes das seis da manha.