O clima estava muito agradável naquele fim de tarde, então Heikki resolveu aproveitar o último dia de férias para apreciar a vista do lago da “Fairy Pool.” Havia sido uma viagem bem divertida, ainda que fosse com os tios trouxas da parentela meio distante do seu pai. Ia ser um momento reflexivo enquanto as águas cristalinas receberiam os feixes dourados e púrpuras do descansar do sol, era um momento de sossego para um rapaz bucólico. Então, o sonserino encontrou uma pedra lisa com uma superfície mais plaina. Girou sobre os calcanhares, rotacionando o próprio tronco sem mover demais os pés e finalmente encontrou algo que lhe servia por algum tempo como assento. - Acho que aqui vai servir! - Exclamou para si mesmo e sentou-se na rocha arredondada com um pouco de musgo já seco. Respirou profundamente o ar fresco e meio gélido, mas inigualável da região montanhosa da “Ilha Skye” e por alguns instantes fechou os olhos e foi capaz de sentir em predicados tudo o que a natureza transmitia, Parecia ser capaz de sentir o cheiro do vento, e o toque da brisa, assim como era capaz de ser abraçado pelo som das águas. Ele nunca foi tão filosófico assim, mas estava nostálgico, logo voltaria para casa e as férias da escola também se encerrariam, e novamente deveria encarar a vida como um aluno do quarto ano. Repetente, mas era o preço que deveria pagar por ter largado os estudos quando não lhe cabia tal capricho. Heikki estava tão preso em seus próprios pensamentos que não percebeu a aproximação da prima.  

De só foi capaz de sentir o toque leve e aveludado das mãos femininas pressionando seus olhos e a voz doce e serena da menina, lhe provocar. “- Ora, ora! Um bruxo desprevenido.” - Tinha um quê sensual em seu timbre. O finlandês foi incapaz de segurar um sorriso malicioso e num gesto rápido e ágil segurou os braços dela com força e a fez girar sobre suas costas, a trazendo para seu colo, enquanto a adolescente soltou um gritinho. Miettinen pressionou os dentes superiores no lábio inferior, se divertindo com jogada que teve, também era mais fácil quando mesmo sendo mais novo um ano, era muito maior em altura e peso. - O que faz aqui, Charlotte? Se eu quisesse, teria usado a varinha bem na sua cara. - Brincou com a prima de terceiro, quarto ou quinto grau, na verdade ninguém sabia o nível de parentesco entre eles. A moça passou ajeitou-se e passou as pernas em volta do corpo dele e com o rosto tão próximo sussurrou: “- Eu ia adorar que você usasse a vara em qualquer parte do meu corpo.” - Ao final da frase, ela deixou um selinho demorado em seus lábios. O sonserino a olhou com deleite, mas controlou-se e não deixou se levar pela beleza de seus cabelos ruivos, sua pele sardenta e seu corpo quente. - Você adoraria isso né? Para alguém nos ver e pior, ver que eu sou bruxo. - Virou um pouco e tirou ela de cima de seu colo, logo Charlotte lembrou que quase foram pegos na noite anterior e sentou-se ao seu lado para apreciar a vista. “- Eu não sei explicar, parece que, quanto mais perigoso, mais gostoso.” - Explicou.

Heikki riu e concordou: - É, eu concordo. Não a parte bruxa é claro. O mundo ainda não está preparado para isso. Por isso seu pai não deixou que seus irmãos mais novos soubessem sobre mim, ou minha família. Eu acho que é por isso que só você sabe. - Olhou para ela e repentinamente pegou na coxa da garota e subiu um pouco mais até a região da virilha e do quadril, depositando uma força em seus dedos. - Você sabe guardar um bom segredo. - A provocou de volta e sorrindo com malícia, voltou a sua atenção ao lago e respirou profundamente, quando ela também o fez e então comentou: “- Eu acho isso tão fascinante, sabe? Ser bruxo, eu também queria ser, ou ao menos queria falar para as pessoas que tenho um primo bruxo. Queria me gabar por não ser só isso aqui, só essa ilha idiota e os moradores daqui.” - Novamente ela arrancou um riso do rapaz e uma concordância não muito relevante. - Um dia quem sabe!? - Moveu um pouco os ombros e então Charlotte o perguntou: “ - Eu sei que você nasceu bruxo, mas quando foi que você se deu conta de que era mesmo um bruxo, que era real e que ia poder fazer um monte de coisas legais?” - A pergunta era simples, no entanto, ele demorou um pouco pra pensar numa resposta completa, havia tantos momentos em que foram realmente a resposta do seu DNA mágico. Os seus pensamentos brigavam entre si, pelo menos um minuto se passou para que ele finalmente chegasse à conclusão de um momento primordial. - Eu acho... Não foi isso mesmo, acho que foi quando comprei a minha varinha, foi um momento quase inexplicável, algo meio espiritual, parece.  

- De repente, Heikki se viu andando pelas ruas do Beco Diagonal, estava muito feliz e empolgado. Seus pais estão mais ainda, segurando um rolo de pergaminho enquanto Elk ditava a lista de materiais exigidos por Hogwarts. Havia muitos bruxos nas ruas, calçadas e lojas, porém ele observou que muitos eram do seu tamanho e estavam tão empolgados quanto ele, correndo sem rumo, entrando e saindo das lojas com compras recentes. Foi então que a mãe achou melhor que começassem pela varinha, assim ia dar início à sua personalidade bruxa. Ele não sabia muito o que aquilo queria dizer, mas concordou com a mulher e então seguiram até um dos comércios e adentraram em um estabelecimento com uma placa de Olivaras. Os Miettinen adentraram, um sino no alto da parte tocou com sua entrada e logo um homem os recepcionou. “- Sejam bem-vindos! Em que posso lhe ser útil?” - Cordialmente o vendedor da loja os convidou para mais perto do balcão. “- Esse rapaz veio comprar a sua primeira varinha.” - Joseph empurrou as costas do filho para lhe apresentar. Sorrindo timidamente, Heikki chegou mais perto e o vendedor estendeu uma fita métrica bem ao seu lado. “- Huummm... um rapaz bem alto, vamos tomar as suas medidas e achar uma varinha para o senhor?” - Indagou o prestativo funcionário e foi tirando todas as medidas do garoto, e lhe fazendo determinadas perguntas. Até que pareceu já ter uma resposta, pediu licença e foi ao fundo da loja, olhou pelas prateleiras e selecionou uma delas, voltou à frente e entregou ao adolescente uma varinha de madeira clara.  

“- Teste essa!” - Pediu para o menino que apenas direcionou a ponta da amadeirada em um ponto qualquer da loja. Ele sentiu o braço formigar um pouco e de repente um feixe de ar saiu da varinha e acabou quebrando uma porcelana decorativa. Heikki se encolheu inteiro e deixou o objeto sobre o balcão. - Me desculpe! - Pediu timidamente e então o vendedor informou que não era de ser aquela, olhou nas suas anotações prévias e logo estava saindo dali, pendurando-se em uma escada estreita, buscou uma nova caixa em uma das prateleiras. “- Quem sabe essa?!”- Exclamou, voltando até o garoto e lhe entregando agora uma amadeirada de tom mais escuro, quase mogno e lhe pediu para testar novamente. - Tudo bem! - Disse Heikki, apontando a varinha para um novo ponto. Foi quando de repente ele sentiu uma vibração diferente, o braço aqueceu e logo todo o seu corpo foi tomado por uma energia muito diferenciada. A amadeirada tremeu e um feixe de luz saiu de sua ponta, mas não quebrou coisa alguma. Apenas uma brisa confortável. Logo todos se empolgaram e sorriram pois finalmente a varinha lhe escolheu. Com um sorriso bem largo, o garoto sentiu-se finalmente pertencente àquele grupo. “- Legal! A sua varinha é a itaúba, com núcleo de garra de esfinge e trinta e cinco centímetros!” - Mencionou o atendente.  - Foi muito rápido, achei que demoraria mais.  Mas foi incrível! - Comentou com a matriarca enquanto o pai pagava pela varinha. Elk concordou e lhe parabenizou, em poucos minutos estavam com a sacola de compras e deixando a loja para a compra do segundo item da lista. Assim que ganhou a rua, ele também deixou esse fragmento de lembrança para trás. -  

Se viu desperto novamente, agora no lago com Charlotte lhe fitando enquanto ele estava mergulhado em suas memórias. - Sabe Char, eu não acho, eu tenho certeza. Foi exatamente nesse momento. - Frisou o momento da compra da sua varinha, o instante mais importante para a sua descoberta como bruxo. A ruiva riu e brincou: “- Você é esquisito, ficou horas aí calado para falar uma coisa dessas.” - Ela balançou a cabeça negativamente. Heikki riu e levantou-se já gritando e pegando a menina no colo. - Esquisito é? Esquisito é o banho gelado que eu vou te dar! - Correu com ela, enquanto se debatia na expectativa de se desvencilhar, enquanto berrava por socorro. Mas era tarde, ele já estava com a água na altura dos joelhos e a jogando dentro do lago. Começou a chutar a água contra ela, que tentava se proteger com as mãos jogando de volta. Logo ele estava de joelhos e lhe dando um beijo com a língua lhe invadindo a boca, um tanto apreciador, mas ligeiramente curto. E por muita sorte, pois logo ouviu a voz da tia chamando pelos dois, pois já estava escurecendo. Ambos saíram do lago, completamente desconfortáveis pelo frio, e Heikki muito arrependido do ato. Seguiram a tia para fora da região e logo saíram dali.

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