Enquanto eu me preparava no vestiário para a partida, sentia aquela familiar mistura de nervosismo e excitação que sempre tomava conta de mim antes de um jogo importante. As luzes fluorescentes do vestiário iluminavam cada canto, refletindo nas paredes marrons da madeira, criando um ambiente acolhedor. Estava sentado no meu banco, amarrando os cadarços das chuteiras com cuidado, quando algo me chamou a atenção. Levantei os olhos e vi Nicholas se aproximando de Freya. Ele tinha aquele jeito sorrateiro, quase imperceptível, que às vezes me deixava desconfortável. Parecia que ele se movia pelas sombras, mesmo em um lugar iluminado como aquele. Freya estava distraída, conferindo suas caneleiras, e não percebeu a aproximação até que ele estava bem próximo. Eles começaram a conversar, mas não consegui ouvir o que diziam por causa do barulho ao redor.Ele estava mais próximo do que o normal, falando algo em um tom baixo que me deixou inquieto. No entanto, me segurei. Não era da minha conta me meter nas interações dos outros, e eu não queria causar uma cena desnecessária antes do jogo. A última coisa que o time precisava era de conflitos internos. Voltei a me concentrar nas minhas coisas e logo Adora se sentou ao meu lado. Ela sempre conseguia aliviar a tensão com suas piadas e comentários afiados. Ela começou a falar sobre a último aula de poçoes de sua turma, onde muitas vezes eu lhe dava dica para se sair bem, em nossa comunal. Definitivamente nao aprendemos esse tipo de poçao ano passado... Foram coisas mais leves. Eu comentei surpreso ao saber que ao quinto ano estava sendo ensinado poção licantropa. Antes que eu pudesse continuar, Derek começou a pular na nossa frente, se aquecendo com uma energia quase contagiante. Ele era como uma mola, sempre em movimento, sempre pronto para explodir em ação. Enquanto continuávamos a nos arrumar, o vestiário estava em uma crescente de energia. As conversas, risadas e sons de preparativos enchiam o ar, criando uma atmosfera de camaradagem e expectativa. Cada um de nós tinha seus rituais e superstições, mas todos compartilhávamos aquele momento de preparação, aquela pausa antes da tempestade. Finalmente, o  professor de voo entrou e nos chamou para formar a fila. Era hora de entrar em campo. Respirei fundo, sentindo o peso da expectativa e a adrenalina começar a correr nas veias. Este era o momento pelo qual vivíamos, o clímax de toda nossa preparação e esforço. Formamos a fila, cada um no seu lugar, e começamos a caminhar em direção à entrada do campo. O som dos nossos passos ecoava pelo túnel, misturado ao distante rugido da multidão que já podia ser ouvido. A luz do sol que entrava pelo final do túnel parecia um portal para outro mundo, um mundo onde cada movimento nosso seria observado, analisado e, esperávamos, aplaudido.