Ao entrar no dormitório, o peso da exaustão e da dor se abateu sobre mim, como se cada passo fosse uma batalha contra um inimigo invisível, então nem mesmo pensei duas vezes e me joguei na cama, claro, aquela ação me fez soltar um gemido de dor abafado, sentindo cada músculo do meu corpo protestar contra o menor movimento, a dor pulsava incessantemente de maneira que tudo que eu queria era me recuperar e me vingar do idiota do Thomas.

Fechei os olhos por um momento, tentando encontrar alguma forma de alívio na escuridão, controlando minha respiração para tentar disfocar um pouco a dor mas, mesmo ali, no silêncio do dormitório, a imagem de Astrid ainda pairava diante de mim, seus olhos azuis como o oceano em uma tempestade, soltei um sorriso, era como se sua presença fosse capaz de atravessar as paredes, como se ela fosse capaz de fazer minha mente flutuar até ela, mas então a voz de Garrett quebrou o silêncio, trazendo-me de volta à realidade.

Um sorriso irônico brincava em seus lábios enquanto ele observava minha condição, sua voz ecoando no quarto, misturada com uma pitada de diversão, o encarei, aquele idiota tinha me desfocado de Astrid para me encher o saco? Um resmungo escapou de meus lábios em resposta, um reflexo involuntário da dor que permeava cada fibra do meu ser misturada a uma irritação profunda. Nada... Precisa ver o outro cara... Mais um pouco e ele estaria em um cemitério e eu em Azkaban. Disse pausadamente em resposta à sua brincadeira, sentindo dor em cada palavra, mas com um sorriso no rosto.

Pegando uma camisa Garrett continuou a provocação. E perdeu quantos pontos desta vez? Sua voz era leve, mas havia uma ponta de preocupação escondida por trás da brincadeira, fiquei em silêncio, já tinha perdido pontos antes mas desta vez havia sido pior, muito pior. Sessenta pontos. As palavras saíram de minha boca enquanto desviava o olhar, sentindo o olhar de Garrett queimar em minha direção. Sessenta? Ele repetiu, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo. É... Perdi sessenta pontos! Resmunguei de volta, sentindo uma nova onda de dor.

Um suspiro escapou de meus lábios enquanto eu me afundava na cama, a dor me envolvendo como uma névoa densa. Agora, antes de me encher o saco feito uma mulherzinha pode me ajudar? Me esforcei para sentar na cama e ergui a camisa, apontando para o lado direito da costela, onde a dor pulsava com uma intensidade quase insuportável. Acho que quebrei uma costela. Disse apontando para a quarta costela, Garrett continuou me encarando, o encarei de volta. Vai ajudar ou continuar a admirar meu corpo porra? Disse soltando um resmungo de dor.

Senti um alívio profundo quando os feitiços de Garrett começaram a surtir efeito, claro, isso depois do primeiro feitiço dele quase me ter desmaiado de dor, mas pela cara dele era algo necessário, pelo menos eu esperava que fosse, mas, fosse o que fosse, sentia diminuindo aos poucos a dor que martelava minha costela, como se uma pressão angustiante fosse gradualmente liberada, permitindo-me respirar mais facilmente e mover-me com menos dificuldade.

Agradeci interiormente por ter alguém como Garrett ao meu lado, alguém que, apesar das brincadeiras e provocações, estava ali quando realmente precisava. Até que você não é tão inútil quanto imaginei. Soltei a frase com um sorriso sutil, reconhecendo a ajuda valiosa que ele me proporcionava naquele momento e então me ergui da cama, ainda sentindo um leve desconforto, mas nada comparado à agonia anterior, movendo meu corpo para ver se não tinha mais nada quebrado, contudo, o clima de alívio logo deu lugar a uma sombra de seriedade quando Garrett tocou no assunto do duelo. Aquele desgraçado do Thomas. Minha voz carregava uma mistura de raiva e frustração, lembrando-me do confronto com Thomas. Mas ele estava mais agressivo do que o normal... Resmunguei, como que para mim mesmo, algo que era verdade.

Thomas normalmente tinha uma preocupação com o que estava ao seu redor e com sua própria pose, mas naquele duelo, ele parecia ter abandonado tudo, sendo só cruel, enquanto pensava naquilo Garrett expressou sua irritação com minha propensão para duelos, alegando que eu sempre me envolvia em duelos sem motivo algum. Sem motivo bosta! Disse fixando meu olhar no dele, minha cara fechada. Dessa vez teve um motivo! Aquele merdinha bateu na Adora. Minha voz carregava um tom de fúria, não podia tolerar a ideia dele machucando Adora daquela maneira.

Encarei Garrett com firmeza, deixando claro meu ponto de vista. Não pude ficar parado enquanto ele fazia aquilo. Concluí, respirando fundo para conter a raiva que voltava a me inundar, ainda mais que, ao me lembrar do duelo, me lembrei que meu irmão me atacara para defender aquele pedaço de merda, aquilo despertava uma indignação absurda, mas Theo iria me explicar direitinho que merda passou na cabeça dele para defender Thomas naquela situação.

Ergui os olhos levemente quando Garrett dirigiu sua pergunta para mim, tentando decifrar o que ele queria saber, mas quando ele reformulou sua pergunta, mais direta, minha mente voou instantaneamente para a imagem de Astrid, um calor inexplicável se espalhou em meu peito e um sorriso discreto se formou em meus lábios na mesma intensidade que seu rosto surgia em minha mente. Não é da sua conta. Respondi com uma ponta de ironia, mas havia uma seriedade por trás das palavras, aquela informação era minha, um pedaço de minha vida que queria guardar para mim mesmo, como se protegesse um tesouro precioso.

Sério? Garrett me encarava. Não vai revelar para seu melhor amigo? Para o homem que salvou sua vida? Para... Garrett começou, mas lehe dei um soco no ombro fazendo ele calar a boca, soltando um suspiro resignado. Astrid. Admiti, desviando o olhar enquanto me sentava na minha cama, a simples menção de seu nome parecia desencadear uma onda de surpresa em Garrett, pude ver a perplexidade estampada em seu rosto. Quem? Garrett perguntou, sua confusão evidente em cada palavra, franzí o cenho sentindo um leve acesso de irritação. Você é surdo por acaso?... Astrid! Respondi, a impaciência surgindo em minha voz. E antes que essa sua boca de caçapa comece, acredite, estou tão surpreso quanto você... Pelo menos de uma forma ou de outra. Respirei fundo, reconhecendo a ironia da situação.

Astrid sempre estivera lá, nos recantos mais profundos de meus pensamentos, mas eu nunca havia admitido isso tão abertamente. E chega de papo! Interrompi abruptamente, sentindo a necessidade de encerrar aquela conversa e afastar aquele assunto e, sem muitas delongas dei um chute em Garrett, derrubando-o da cama com um gesto brusco. Fale sobre isso com alguém e eu te mato! Deixei claro observando enquanto ele gargalhava e se levantava, fechei a cara e m deitei na cama. E vamos dormir! Acrescentei em uma mistura de nervosismo e ansiedade, me virando para o lado, escutando uma gargalhada e um comentário sarcástico de Garrett, se fosse qualqur outra pessoa eu iria matar, mas apenas respirei fundo e fechei os olhos, desejando encontrar Astrid em meus sonhos.