Rua Beco Diagonal

A vida não vinha sendo amigável com Daniel, pelo menos não desde que se descobrira como bruxo, não que ela fosse amigável antes, sua vida sempre foi, na melhor maneira de se dizer, complicada, porém, após se descobrir bruxo o que era ruim piorou drasticamente. Criado em uma família onde a religião predominava de maneira sublime, Daniel sempre fora privado de muitas coisas, assim como sempre era castigado por qualquer coisa que seus pais considerassem como pecado.  Mas quando sua magia se manifestou e um funcionário do Ministério da Magia apareceu em sua casa, para explicar para ele e para seus pais o que estava acontecendo, o mundo de Daniel virou de cabeça para baixo.
Daniel participou de diversas reuniões do que sua mãe chamou carinhosamente de exorcismo dos espirítos malignos, até chegar ao ponto em que ele fora expulso de casa, algo que ocorrera menos de um mês após a visita do funcionário, segundo sua mãe era inconcebível que ela vivesse sob o mesmo teto que uma cria de satanás, então não restava muitas outras opções para ele senão ir embora, claro, ele poderia tentar continuar vivendo ali, mas sabia que não seria seguro, já que saudável não era fazia anos, então ele colocou tudo o que podia dentro de duas mochilas e partiu.
Localizar um local onde ele acreditou que poderia recomeçar foi relativamente fácil, com a lista de locais bruxos escondidos em meio aos locais trouxas em mãos, lista que o Ministério fornecera para seus pais e ele pegara e fizera uma cópia antes que a lista original fosse queimada, ele conseguiu chegar ao Beco Diagonal, mas a situação ali não foi muito melhor, primeiro que o dinheiro utilizado por bruxos era diferente, não que ele tivesse dinheiro trouxa de qualquer maneira, segundo que os bruxos poderiam ser tão cruéis quantos os trouxas, na verdade pior em certos casos, já que certos feitiços torturavam sem deixar marcas.
Ao chegar ao Beco Diagonal Daniel esperou que pudesse ser auxiliado por alguém ali, mas teve apenas portas fechadas em sua cara e rostos virados na direção oposta, com o tempo, e a situação cada vez pior, começou a fazer o que qualquer um faria para sobreviver, assaltar as lixeiras em becos escuros e menos movimentados do Beco e de um lugar que conheceu com Travessa, para conseguir algum alimento, porém os desabrigados da Travessa não gostavam de concorrência e logo Daniel começou a servir como saco de pancadas, ou melhor, boneco de testes de feitiços, destas pessoas.
Mas a sorte lhe sorriu, ou melhor, a ocasião fez o ladrão, em um dia, um dos bons onde ele conseguiu fugir dos agressores corriqueiros e despistá-los por entre as ruas e vielas, acabou por parar próximo o suficiente de uma senhora para ouvi-lá comentar sobre um grande casamento que ocorreria, rapidamente pegou um pedaço de papel, pena e tinteiro, todos retirados em suas buscas pelas latas de lixo do Beco e Travessa, e rapidamente anotou o local onde ocorreria o transporte.
Daniel já havia ficado tempo suficiente no mundo bruxo, não que fosse um tempo agradável, para aprender algumas coisas, dentre elas o que era uma chave de portal e descobrir que uma levaria para um casamento abarrotado de comida lhe pareceu uma coisa magnifica, então, ele tomou uma atitude simples, observou atentamente a mulher com o convite nas mãos e sorriu, indo até ela com tudo e trombando forte o suficiente para jogá-la no chão, tentando não cair a senhor se agarrou à amiga com quem comentava sobre o casamento e todos os três terminaram no chão, em meio àquela confusão Daniel aproveitou para guardar o convite que caira no bolso e se levantou rapidamente fingindo ter sido um acidente e oferecendo ajuda, claro que a recusa foi imediata. Apenas se afaste de mim seu moleque imundo!. Ele sorriu. Se é o que a senhora deseja. Rapidamente ele caminhou em direção a uma viela, sumindo da vista das mulheres.
Após estar em segurança ele anlisou o convite, o evento ocorreria no dia seguinte e seria necessário a apresentação do papel em suas mãos, Daniel sorriu, tudo o que ele precisava era de um bom banho e uma roupa limpa, para sua sorte ele conhecia um banheiro em Londres que tinha chuveiro grátis e, completando ainda mais a sua sorte tinha conseguido salvar um terno dentre as coisas que pegou em casa, escondendo-o em meio os prédios em uma das vielas, o restante de suas coisas já haviam sido tomadas pelos outros moradores daquelas ruas, mas aquilo bastaria para que ele pudesse ter, pelo menos, um dia de boa alimentação. Sorrindo ele seguiu para o esconderijo de sua roupa, para depois ir para o banho.

Podia se dizer que Daniel estava animado para aquele dia, havia levantado cedo e arrastado Adrien para as compras com ele, não que Adrien tivesse o feito de bom humor ou algo do gênero, na verdade nem perto daquilo, mas ainda assim Daniel conseguira convencê-lo, claro que Adrien deixou claro que não o acompanharia nas compras, apenas o largaria lá e ficaria em algum bar, Daniel teria que se virar com tudo, o que não foi algo assustador para Daniel, afinal, ele já havia passado os últimos meses naquelas ruas, então conhecia bem cada lugar e loja ali. A gente se encontra aqui quando der seis da tarde, se você não aparecer vai ficar para trás. Adrien disse lhe entregando um saco com galeões para as compras, Daniel já havia se acostumado com o jeito dele, então apenas bufou. Tá... Eu entendi... Embora eu saiba que você vai me esperar mesmo que eu me atrase. Adrien o encarou, Daniel sorriu. Eu entendi... Seis em ponto.

Assim que Adrien saiu Daniel respirou fundo, se perguntando onde deveria ir primeiro, mas antes que pudesse decidir ouviu seu nome ser gritado, assim que começou a se virar alguém voou nele, o jogando ao chão, Daniel não entendera nada do que ocorreu até ver Luke estendendo a mão. Dan! Que bom que te encontrei, você sumiu no casamento. Está aqui para fazer compras? Vamos fazer elas juntos! Daniel encarou Luke em silêncio, depois apenas bufou. Não me chame de Dan e não pule em mim de novo. Disse secamente, depois encarou Luke. E você é estranho... Por isso quem seria louco de fazer compras com você? Luke ficou sério, Daniel soltou uma gargalhada, apesar de estranho Luke era, por assim dizer, o primeiro amigo bruxo de Daniel, na verdade poderia se dizer primeiro amigo no geral, e mesmo achando o garoto barulhento e irritante Daniel sentia que poderia suportar Luke, pelo menos mais que a maioria dos demais. Claro que vou fazer as compras com você seu estranho, mas primeiro vamos na loja de varinhas. Disse sorrindo, Luke sorriu e os dois seguiram para as lojas.  


Daniel - Luke - Laura - Aaron - Caroline - Adrien