Beco Escuro

Os dois dias que Malia havia dito já estavam se tornando sete, meu nervosismo estava evidente desde que não recebera mais mensagens da loira. Eliot estava cada vez mais em cima e parecia não querer mais que eu saísse.

Consegui escapar de sua rede de proteção quando ele anunciou uma outra reunião com os comensais, mas havia deixado um guarda-costas. – My lady – me assusto no momento em que passo pela porta de meu quarto. – Dimitri – repreendo-o – esta querendo me matar? – pergunto e na mesma hora seus olhos se arregalam e ele nega veemente e diz apenas que estava para entrar em meu quarto para ver se eu precisava de algo. – Não preciso de nada, obrigada! Na verdade eu gostaria de ir aos jardins com Astrid... poderia busca-la para mim? – ele parece receoso – é só ao jardim Dimitri – peso meu tom de voz.

Ele apesar de não gostar desce as escadas me acompanhando e quando ele entra nos aposentos de minha filha apresso-me para fechar a porta. – Colloportus! – conjuro rapidamente e corro escadas abaixo. Já estava atrasada para o encontro tão esperado com Malia.

Os gritos de Dimitri deixam de atingir meus ouvidos no momento em que saio dos portões do esconderijo. Aparato por entre o vilarejo, estava com dificuldades em focar quando aparatava, e sabia o quanto isso era perigoso, mas era o único modo de chegar até Malia mais rápido - Dois dias MALIA? – eu grito seu nome no momento em que finalmente desaparato no beco e apesar de meu tom desesperado a culpa em seu rosto era evidente. O frasco some de sua mão em segundos assim como o líquido some do frascos em milésimos. – Urh! Que gosto é esse? – um gosto de ferrugem, amargo horrível fica preso em todas as células de minha boca.

A loira logo começa a explicar o porque daquele gosto, e como a extração forçada de um filhote de fênix alterava completamente o gosto. Mas tinha algo naquilo que parecia diferente, o gosto era diferente de mais – pelo menos não vou me viciar nesse – concluo por fim. – Quem torturou a fênix? – levanto meus olhos para encontrar os seus.

Eu conhecia Malia, sabia que ela jamais seria capaz de torturar qualquer ser inocente mesmo que fosse para salvar a vida de alguém que amava. Haviam limites que ela não cruzaria, limites que ela sempre teria a Alex ou a mim para cruzar por ela. - Alex fez... Eu disse a ela que precisava de um ato criminoso para salvar um paciente. Ela amou fazer. – não deixo de sorrir. Penso no quanto ela amaria se soubesse que aquele ato criminoso era por mim. Minhas pernas fraquejam por alguns instantes e então me apoio na parede, logo com os braços de Malia me dando suporte e dizendo que eu precisava de repouso para que as lágrimas fizessem efeito.

Mas eu sentia algo estranho, diferente do que sentia quando tomava as lagrimas de fênix adulta. Elas me davam gás, como se pudesse dar a volta ao mundo em segundos. – Você tem certeza disso que me deu? É estranho essa sensação de cansaço... é pior do que estar sem. – a loira não diz nada e apenas me envolve em seus braços.

Retribuo o abraço com afeto. Confiava quando Malia dissera que amanha eu já estaria melhor. Confiara nela quando disseram que lagrimas de filhote de fênix me curariam. – Preciso ir – digo afastando o abraço e encostando nossas testas por alguns minutos. – Obrigada por fazer isso por mim Malia – abro meus olhos encarando-os dela após afastar nossas testas – Queria poder oferecer a você mais do que uma vida de encontros clandestinos, escondidos daqueles que amamos – faço um carinho em seu rosto e sem realmente me despedir sumo na escuridão. Teria o amanhã para contar a ela como sobrevivera.

Lilith - Dimitri - Malia