Estávamos de mãos dadas, eu e Brunna, caminhando em direção às colinas de Hogwarts onde acontecia o evento.  O sol brilhava intensamente, iluminando a paisagem exuberante ao nosso redor. A grama verdejante sob nossos pés e o suave murmúrio do riacho próximo criavam um cenário perfeito para um dia especial como esse. Segurei a mão de Brunna um pouco mais forte, sentindo a suavidade de sua pele contra a minha. Ela me olhou e sorriu, seus olhos brilhando de entusiasmo. Eu sabia que ela estava empolgada com a ideia de participar do evento, sempre tão dedicada a causas nobres. Mas minha mente estava em outro lugar, focada em um plano diferente. Enquanto nos aproximávamos da tenda hospitalar, meus olhos caíram sobre duas figuras que eu esperava ver. Regan e Eleanor estavam paradas mais à frente, observando a movimentação ao redor. Regan, com seu olhar penetrante, e Eleanor, com a expressão sempre calma e observadora.

Elas me notaram e, por um momento, nossos olhares se cruzaram. Senti uma faísca de desafio e interesse no olhar de Regan, o que apenas reforçava meu plano. Apertei a mão de Brunna mais uma vez, desta vez com um propósito diferente. Me aproximei dela e sussurrei em seu ouvido, fingindo um carinho que não era real. Você é a melhor namorada que eu poderia ter, sabia? Eu comentei sem tirar meus olhos de Regan há alguns metros, somente olhei para Brunna quando ela tocou sua cabeça em meu ombro e riu, claramente encantada com o meu comentário. Você também, Enric. Estou tão feliz de estarmos juntos. De relance, vi Regan apertar os lábios, seu rosto endurecendo enquanto nos observava. Era exatamente a reação que eu queria. Sabia que Regan tinha sentimentos por Brunna, e eu estava determinado a arrancar dela um de seus bens mais preciosos, para ela aprender a nunca me rejeitar.

Vamos nos aproximar mais, acho que vão nos chamar logo para doar. Sugeri, puxando Brunna gentilmente para mais perto da tenda. Eu podia sentir os olhares de Regan e Eleanor queimando nas minhas costas, mas fingi não perceber. Brunna olhou ao redor, trocando olhares com as meninas um pouco nervosa e eu sabia que ela estava se preocupando com a opiniao de Regan. Eu precisava dar um fim nisso. Brunna, preciso falar com você sobre algo importante. Comecei, mantendo minha voz baixa e confidencial enquanto paravamos proximo a entrada da tenda e eu sentava com ela em uma das cadeiras que eles haviam improvisado na grama da colina. É sobre Regan Eu disse, escolhendo minhas palavras com cuidado pois eu precisava manipular Brunna com maestria naquele momento, precisava fazer ela acreditar que me perderia.

Acho que você deve se afastar dela. Não apenas como… você sabe, peguete, mas também como amiga. Ela franziu a testa, surpresa com minha sugestão e incomodasa ao mesmo tempo em que parecia procurar as palavras certas para argumentar comigo. Mas por quê? Regan é minha amiga há um tempão. E sobre o outro… bem, isso foi só uma vez, e você sabe que não significou nada para mim. Ela disse mas eu podia ver por debaixo de suas mentiras, sabia que ela estava de olho em minha fortuna mas que secretamente se pegava com Regan mas eu mudaria isso agora. Colocaria um ponto final.  Eu sei, mas desde que estamos juntos, percebi que ela tem uma influência estranha sobre você. E eu não gosto disso. Quero que você se concentre em nós, no nosso relacionamento. Regan está apenas atrapalhando. Eu menti, tentando soar preocupado e protetor. Vi ela procurar por desculpas para me convencer do contrario. Brunna tentou argumentar, sua voz um pouco trêmula.

Revirei os olhos, precisava ser mais persuasivo e por um ponto final naquela discussão. Precisava deixar claro que  ou Brunna aceite minhas ordens ou ela perderia sua fonte de fortuna futura . Eu sei, Brunna. Mas o que estou dizendo é que essa amizade não está nos ajudando. Está nos afastando. Você quer mesmo arriscar perder o que temos por causa dela? Usei meu tom mais suave e convincente, esperando que ela cedesse a minhas manipulações.

Ela estava lá, no meio da confusão, como uma chama que parecia dançar entre as sombras. Eleanor, um nome que ecoava em minha mente, como se carregasse consigo um mistério que eu mal conseguia compreender. Seus olhos, intensos como os de um predador, fixavam-se em mim. Brunna, confusa e ferida, buscava respostas, e eu, como sempre tentava mantê-la à margem da ignorância de meus atos, logo, graças a Eleanor me via agora no centro de uma trama em que minha mente, rápida como sempre, começou a elaborar uma narrativa que, embora fictícia, voltasse a me beneficiar. Ah, Brunna... Comecei, deixando minha voz assumir um tom de desânimo calculado, como se estivesse prestes a revelar um segredo doloroso. Você não faz ideia do que está acontecendo. Eleanor... ela é... uma lunática. Sim, essa era a palavra perfeita para descrevê-la, pensei comigo mesmo. Uma lunática que agora parecia estar me perseguindo.

Eu sei que pode parecer loucura, mas ela simplesmente não consegue aceitar que eu a rejeitei para estar com você. Mirei Eleanor com um olhar carregado de desconfiança, como se estivesse tentando convencer a mim mesmo de que minhas palavras eram verdadeiras, embora eu certamente em um outro universo, escolheria a loira ao invés de Brunna. Ela se afastava lentamente, como se soubesse que eu estava falando dela, mas ao mesmo tempo, parecia não se importar. Era irritante e intrigante ao mesmo tempo, como se ela estivesse sempre um passo à frente de todos nós. Eu tentei ser gentil com ela, juro que tentei Continuei, sentindo-me absorto na minha própria narrativa. Eu mesmo me surpreendia com a facilidade com que conseguia inventar aquelas mentiras, como se estivesse canalizando o espírito de um mestre manipulador. Mas então, a voz de Victor interrompeu meus devaneios, trazendo-me de volta à realidade.

Olhei para ele, curioso para saber o que ele queria, e ao me virar, a dor explodiu na minha cabeça e senti meu corpo cair pesadamente no chão, antes de tudo ficar escuro. A última coisa que vi foi Viktor, sua expressão de fúria enquanto lançava o feitiço. Tudo se apagou, me engolindo em um vazio silencioso e frio. Aos poucos, a consciência começou a voltar. Primeiro, ouvi sons abafados, vozes indistintas que gradualmente se tornaram mais claras. Minha cabeça latejava, a dor irradiando do ponto onde o feitiço me atingiu. Pisquei, tentando clarear a visão turva. Lentamente, as vozes se tornaram palavras. Consegui distinguir Brunna ao meu lado, sua voz preocupada enquanto me chamava. Enric? Você está bem? Enric Respirei fundo, a dor latejando na minha cabeça enquanto tentava me sentar com a ajuda de Brunna, ao fundo a discussão de Viktor e Regan aumentavam o tom. O que... o que aconteceu? Murmurei, minha voz rouca. Brunna, com sua voz cheia de preocupação e raiva me contou sobre o ataque de Viktor por minhas costas.

As palavras dela trouxeram a memória de volta com força total. Viktor me atacando, a fúria em seus olhos. Um turbilhão de emoções cresceu dentro de mim – choque, medo, mas principalmente uma raiva intensa. Como ele se atreveu? Forcei-me a sentar, ainda sentindo a cabeça girar. Olhei ao redor e vi Viktor a alguns passos de distância, sua expressão agora mais controlada, mas ainda com aquele olhar de ameaça. Ele estava ao lado de Regan e Eleanor, que pareciam estar tentando acalmá-lo. Minha raiva fervilhou novamente. Quem ele pensava que era para me atacar assim? Me levantei, ainda meio cambaleante, mas determinado. Apontei minha varinha para ele, sentindo o poder e a fúria fluírem por meu braço.

Você está maluco, seu sangue-ruim? Gritei, minha voz carregada de ódio. O olhar de Viktor se cruzou com o meu, seu rosto e expressão enrijecida e fria Eu não fiz nada com sua irmã, seu lunático! Mas garanto agora que se eu tiver oportunidade, eu farei algo! Eu provoquei e vi ele ficar vermelho de raiva pronto para pegar a varinha de novo, mas antes que pudesse lançar um feitiço, vi Regan se colocar na frente de Viktor, ao lado de Eleanor. A raiva borbulhou dentro de mim, minha mão tremendo de tanto ódio. De repente, senti uma pressão no meu braço, forçando minha varinha para baixo. Olhei para o lado e vi uma mão firme segurando meu braço.