Quando o celular de Alina apitou com uma repentina mensagem lhe chamando para ir ao Três Vassouras, a primeira coisa que ela pensou foi: fodeu. Mensagens repentinas de Mikhail Kuznestov a convidando para qualquer lugar, eram frequentes, mas em horários apropriados, como suas folgas ou momentos livres que ambos tinham e isso, era algo que ela sempre ansiava. Agora, um convite no meio da noite, quando ela trabalharia na noite seguinte, só significava uma coisa: ele estava puto com alguma coisa, muitas das vezes? Algum comentário de Aleksander, o irmão mais velho. Um grunhido irritado escapou pelos lábios da Wainwright, massageando suas têmporas, em sua mente idealizando mil maneiras de matar os irmãos Kuznetzov.

— Merda. — Resmungou, levemente cansada.

Em seu armário, Alina buscou alguma coisa que fosse rápido de se vestir, pegando um vestido de seda azul claro e um sapato prateado e algumas joias, indo para o banheiro, onde tomou um rápido banho, lavando seus cabelos, secando-os com a ajuda de um feitiço, fazendo uma maquiagem leve, trocando de roupa. Colocou as joias, estudando-se no espelho de seu quarto por alguns segundos, satisfeita. Quando saiu do quarto, passou no de sua irmã caçula, Isabella, para ver se ela estava dormindo, mas notou que estava vazio, ao abrir a porta, revirando os olhos levemente entediada. Era comum a irmã sair escondida, para sabe se lá onde, mas ao menos a chave de casa, ela tinha. Um suspiro escapou dos lábios da fotógrafa que pegou seu celular, chaves e varinha, antes de sair de casa e a trancar, enviando uma mensagem para Mikhail, informando que estava à caminho e outra para a irmã, informando que estaria fora. A resposta da irmã foi imediata: "Vai ver o Mikhail é safada?" Ali, ela deu graças aos céus pela irmã estar longe, iria lhe enganar.

A Wainwright aparatos depois de seguir para um beco escuro perto de sua casa, próximo o suficiente de Hogsmeade e do Três Vassouras, sentindo um leve frio, arrependida de não ter pegado um casaco. Respirou fundo, caminhando em direção ao local combinado, sentindo a pulsação acelerar aos poucos. Por que Alina estava tão nervosa? Não era a primeira vez que ela saía no meio da noite. Ah, sim. Ela estava nervosa porque iria encontrar o amigo por quem tinha se apaixonado em algum momento de seus ensinos em Hogwarts e nunca tinha abrido a boca para falar alguma coisa, claro. De onde a fotógrafa  encontrava-se ela estava fora da vista de Mikhail, mas ela o via e ela se sentiu paralisada por alguns segundos. Parte de si, queria ir embora, que aquilo era uma péssima ideia e que amanhã tinha de trabalhar, isso era sua cabeça.

Mas Alina nunca ouviu muito sua cabeça. Seu coração, a guiava e involuntariamente, aproximou-se do russo, exibindo um mínimo sorriso para o mesmo. Céus, ela parecia uma adolescente novamente e ela já tinha 30 anos, que os santos a ajudassem.

— Então, Misha, o que foi dessa vez, seu irmão ou o trabalho? — A inglesa questionou. — Você nunca me chama pra sair tarde da noite, se não for essas coisas, quem te chama pra sair tarde da noite, quase sempre sou eu. E aliás, hoje é por sua conta. — Alina murmurou, com um sorriso, tremendo novamente por causa do frio.

A resposta do russo fez com que Alina deixasse um suspiro escapar. Ela não sabia exatamente qual era a emoção sentida por ele por perder um paciente. Não devia ser agradável, ela agradecia mentalmente por não trabalhar na área da saúde e precisar experimentar tais sensações. Seus olhos escuros não ousavam se desviar dos azulados do Kuznestsov, deixando um pequeno sorriso escapar, esfregando levemente seu braço quando um vento gelado bateu. Ao sentir um casaco sobre seus ombros, a indiana olhou o amigo, sentindo suas bochechas esquentarem e ficarem avermelhadas. Céus, ela estava corando na frente dele. Desviou os olhos de imediato, além de cobrir o rosto o melhor que conseguia, não muito eficiente. Ela rezou para qualquer divindade para lhe dar coragem.

Não demorou muito: sua mão foi segurada por Mikhail que a guiou para dentro do estabelecimento, buscando uma mesa perto do fogo? Ela tinha entendido direito? Alina apenas ajeitou o casaco sobre os ombros, assim que se sentaram, apertando levemente o tecido sobre os ombros, claramente planejando levar aquela peça para sua casa e não a devolver, mas isso dependeria do restante daquela noite, não? Um sorriso mínimo apareceu aos lábios da fotógrafa, analisando o russo à sua frente. Fisicamente, ele tinha amadurecido, seus traços tinham se definido, se concretizado. Psicologicamente, ela tinha certeza que certas coisas se mantinham idênticas ao garoto de 13 anos que ela tinha conhecido, mas outras coisas, tinham mudado. A Wainwright respirou fundo.

— Você vai conseguir dormir hoje? Digo... Perder um paciente pode trazer pesadelos pra você. — Alina o olhava, deixando um suspiro escapar, chamando uma das atendentes, pedindo doses de bebida alcoólica, voltando a fixar os olhos no russo. — Eu estou preocupada com isso, Misha. A última vez que você perdeu um paciente você acabou na minha casa chorando. — Lembrou, apertando o copo recebido há alguns minutos atrás.      

Alina não se importava de ajudar Mikhail quando ele aparecia tarde da noite em sua casa, afinal, ele fazia o mesmo por si, mas ela também odiava o ver acabado e mal por conta de um paciente e muitas vezes, já quis mencionar que ele deveria mudar de emprego, mas ela notava o brilho quando ele falava da medibruxaria e seus pacientes. E a última coisa que ela faria, era recomendar que ele abrisse mão de algo que o fazia feliz. A indiana endireitou-se em seu assento, buscando se aquecer, apertando o casaco em seus ombros. Ela deveria achar algum outro assunto para distrair ambos daquela situação que poderia ser trágica, constrangedora ou possivelmente fazer alguém chorar ou brigar. E era a última coisa que queria.

— Então... Céus, eu sei que devemos mudar de assunto, mas a única coisa que posso perguntar é sobre a garota do trabalho que flerta com você, porque não faço ideia do que perguntar. Ou você quer falar da vida do teu irmão? — Questionou, arqueado a sobrancelha.