Três Vassouras

Ao ser arremessado para trás pelo impacto do feitiço de Thomas senti uma dor lancinante percorrer por todo o meu corpo, aquela pancada me fez ficar zonzo inicialmente, o choque inicial foi seguido por uma onda de calor, uma mistura de raiva e ira que incendiava cada fibra do meu ser, enquanto tentava me levantar senti o gosto metálico do sangue na boca, aquilo apenas aumentou minha raiva, não permitiria que Thomas saísse impune por seus atos.

Me levantei com um sorriso manchado de sangue. Parece que você quer brincar Valak. Murmurei entre dentes, a raiva ardendo em meus olhos, estava pronto para retribuir com juros aquela dor que ele havia me causado, olhei para frente e me deparei com Thomas preparando outro feitiço, sua varinha erguida em minha direção, meu instinto de sobrevivência me guiou e, sem hesitar, agarrei uma cadeira próxima e a arremessei na direção do lampejo, a cadeira explodiu em estilhaços quando o feitiço a atingiu, criando uma explosão de madeira que obscureceu temporariamente minha visão.

Ciente de minha desvantagem por não possuir uma varinha, eu me movi com agilidade pelo ambiente lotado do Três Vassouras, transformando-o em meu campo de batalha improvisado, determinado a virar o jogo contra Thomas, minhas mãos agiam com destreza e rapidez, transformando objetos comuns em armas, garrafas voavam em direção ao meu oponente, seguidas por pratos e canecas, enquanto corria entre as mesas minha mente trabalhava rapidamente, calculando cada movimento de Thomas e antecipando suas ações.

Consciente de que um duelo à distância favorecia Thomas, eu aproveitava a lotação do lugar a meu favor, avançava e recuava, aproveitando a imprevisibilidade do ambiente para confundir meu oponente, mesas e cadeiras não eram obstáculos em meu caminho, eu os transformava em armas improvisadas, agarrando-as e arremessando na direção de Thomas, me movimentando com fluidez e usando cadeiras como escudos temporários para desviar dos feitiços lançados contra mim. Vou mostrar para você o que acontece quando mexe comigo. Rosnei, cada músculo tenso, meus passos firmes.

Percebendo uma brecha na defesa de Thomas, agarrei uma cadeira e a ergui como um escudo improvisado, a madeira rangeu sob o impacto dos feitiços de Thomas, mas suportou até eu estar próximo o suficiente para desferir um chute certeiro em suas costelas, o gemido de dor dele me arrancou um sorriso, mas não me dei o luxo de comemorar, sabia que o confronto ainda não havia acabado. Doeu bebezinho? Gritei, minha voz ecoando por sobre o barulho da batalha, vi Thomas apontar a varinha para mim e, com agilidade, me afastei rapidamente, lançando a cadeira em direção a ele antes de buscar uma nova posição estratégica e então gargalhei, sentia meu sangue correr mais rápido, aquela sensação, de estar vivo, era algo incrível, e estava ansioso por continuar aquele duelo, determinado a sair vitorioso, custasse o que fosse.

Três Vassouras

A explosão criada por Thomas me arremessou com violência contra o balcão, despertando uma onda de dor em cada fibra do meu ser, fazendo com que eu cuspisse sangue novamente, ao olhar para frente, girei o corpo para o lado para evitar o próximo feitiço de Thomas, que explodiu do meu lado, provocando um breve momento de surdez, o encarei com frieza, apesar do cansaço e das dores pelo corpo, sabia que precisava me levantar ou então seria meu fim.

Me apoiei na bancada e me ergui, cuspindo um pouco de sangue e sorrindo com desdém para Thomas. Que vergonha... O grande Thomas Valak sendo pressionado por alguém sem varinha. Eu sentia que provocação era a minha especialidade, assim como sentia que não hesitava em utilizar cada oportunidade para desestabilizar meus adversários, podia não recordar do motivo, mas sabia que aquela maneira de lutar era eficaz, criava distrações e aquilo era exatamente o que buscava.

Thomas fechou a cara e se preparou para retrucar, sorri e aproveitei aquele momento para avançar contra ele novamente, ele deu um passo para trás, voltando a lançar feitiços, mas avancei desviando habilmente dos feitiços lançados, me aproximando rápido demais para que ele pudesse reagir, eu não tinha uma varinha e estava ciente daquilo, então me concentrei em uma estratégia mais pessoal, uma simples e pura troca de socos.

Hora de lidar com você Valak. Declarei ao me aproximar, então girei o corpo e desferi um soco na lateral da costela de Thomas, sentindo uma satisfação mórbida com o grito de dor que escapou de seus lábios, ggirei o corpo novamente e acertei outro soco do outro lado, causando uma curvatura dolorosa em Thomas, que agora estava imerso em agonia, a luta se tornou uma questão profundamente pessoal e em cada golpe eu era movido pela intensidade do momento e pela raiva.

Thomas tentou revidar, lançando um soco em direção ao meu rosto, mas eu desviei habilmente recuando o rosto a tempo e, em seguida, avancei novamente acertando um soco preciso na barriga de Thomas, o impacto foi forte o suficiente para fazê-lo se curvar, levando instintivamente as mãos à região atingida, sem perder tempo, desferi uma joelhada poderosa em seu rosto, fazendo com que seu rosto subisse com o impacto, indo de encontro com meu punho, o som abafado do contato da mão com a pele ecoou pelo ar.

O olhar que ele me lançava e sua tentativa desesperada de se defender eram hilários e, para o azar dele, seus ataques eram facilmente previstos e neutralizados, me movia com uma agilidade impressionante, desviando dos socos de Thomas e, a cada investida dele, respondia com golpes rápidos e certeiros, encontrando os pontos mais frágeis de seu corpo magrelo com uma eficiência assustadora, um soco direto no queixo fez ele cambalear para trás, enquanto um gancho bem colocado fez seu corpo se contorcer de dor, a cada soco o sangue dele voava e eu me sentia mais imerso na batalha.

Agarrei seu cabelo, erguendo seu rosto, a agonia estampada em seu rosto. Apanhou tanto que até se esqueceu que tinha uma varinha não é mesmo Valak? Gargalhei e empurrei Thomas, que cambaleou e tentou apontar a varinha, mas ele já estava derrotado, desferi uma série de socos rápidos, impedindo-o de conjurar qualquer feitiço. Pelo canto dos olhos percebi a ruiva gatinha apontando a varinha para mim, sorri, sabendo que precisava acabar com aquilo, agarrei Thomas e me dirigi à janela do bar correndo e, sem hesitar, saltamos para fora, quebrando as vidraças e caindo juntos no chão empoeirado do lado de fora.

Os murmúrios das testemunhas na rua se transformaram em conversas preocupadas e quando alguém sugeriu chamar os Aurores eu sabia que isso não podia acontecer, num instante de lucidez me levantei rapidamente do chão. Mande um beijo para sua namorada por mim. Disse sorrindo e desferi um último chute certeiro na barriga de Thomas, reforçando minha superioridade naquela noite, sem olhar para trás, disparei pelas vielas escuras, desaparecendo na penumbra da noite.

Conhecia os becos e recantos secretos como a palma da minha mão e a escuridão era minha aliada, os passos ecoavam pelo labirinto de vielas, até que o silêncio retomou seu domínio ao meu redor, sorri e respirei fundo, então comecei o percurso para etornar para meu esconderijo, sabia que aquela noite tinha deixado marcas mas, ainda assim, eu sorria, aquilo havia sido divertido. Com um sorriso sutil nos lábios, regressei para a Casa dos Gritos, ciente de que Theodore iria me dar um sermão por voltar naquele estado.