Círculo de Pedras de Hogwarts

O feitiço de Dipper me acertou em cheio, fui arremessado pelo ar de forma desgovernada, a dor que se espalhou por meu corpo era inigualável, excruciante, aquila era uma clara demonstração da diferença entre os feitiços de estudantes e aqueles lançados por bruxos das trevas, a força e a crueldade que emanavam do feitiço de Dipper me deixaram aturdido, uma sensação avassaladora percorria meu corpo, como uma fúria queimando cada centímetro de minha carne, a intensidade era devastadora, uma brutal demonstração de poder, com um esforço quase sobrenatural me levantei do chão, mesmo que cada parte de mim protestasse em agonia.

Meus olhos se fixaram em Robert, imobilizado e ferido, incapaz de qualquer movimento, a angústia me inundou, eu sabia que desistir não era uma opção. Laura já perdeu a mãe... E eu não posso permitir que ela perca o pai também... Resmunguei para mim mesmo, minha determinação permanecia inabalável, mas era óbvio que uma abordagem diferente era necessário, Dipper estava certo, minha tentativa de prendê-lo não estava funcionando, era hora de mudar de tática, tentar pegá-lo de surpresa, dar um giro nas coisas.

Estupefaça! Gritei, o feitiço cortou o ar, meus olhos se mantiveram fixos em Dipper, na esperança de que minha mudança de postura no duelo pudesse pegá-lo desprevenido e me dar a vantagem que tanto precisava, meu coração pulsava com urgência enquanto observava atentamente os resultados de meu ataque.

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Meu corpo estava coberto de ferimentos, minha cabeça girava e meu braço esquerdo parecia estar ficando dormente, cada movimento era uma luta contra a agonia que me dominava, sentia o sangue escorrer pelo braço, molhando a grama onde estava, sabia que se aquilo demorasse muito seria ainda pior, já que com aquela perda de sangue logo minha consciência iria embora também, respirei fundo tentando me acalmar, mas minha mente parecia se perder em meio à dor, tornando minha visão turva, os ataques de Dipper eram como ondas violentas me arrastando, eu lutava para manter a consciência, sabia que, se cedesse, não apenas a derrota seria iminente, mas minha vida se encerraria ali.

Respirei fundo novamente, eu não era um garoto que se rendia com facilidade, voltei a olhar Robert, ele estava acordado, mas claramente não seria útil naquele duelo, já tinha ouvido falar dele, sobre seus feitos, mas, naquele momento, não passavam de histórias antigas, naquele momento, eu era o único capaz de impedir que Laura sofresse ainda mais, acabei por sorrir, pensar em Laura naquele momento era quase hilário, mas a verdade era que aquele pensamento, pensar em Laura me impulsionava a continuar, alías, sempre fora daquele jeito, mesmo quando preso pelos meus pais, fora Laura em minha mente que me manteve são, mas, naquele duelo, eu já estava chegando ao meu limite, o que me fez me concentrar o melhor que pude, sabia que precisava reagir, encontrar uma saída, os feitiços que lançava pareciam impotentes contra o Comensal das Trevas, mas eu não podia parar de tentar.

Quando vi Dipper conjurar um Bombarda em minha direção, minha ação foi rápida e instintiva, apontei minha varinha para uma das pedras no círculo de pedras. Carpe Retractum. Fui atraído até a pedra, mas, devido ao meu estado, não pude evitar o choque com a dura superfície, aquilo fez meu corpo todo passar por uma nova enxurrada de dor, levantei-me com o gosto de sangue em minha boca, a dor pulsando por todo o meu corpo, aquela noite havia se tornado um pesadelo, na verdade a noite inteira tinha sido um pesadelo, uma loucura sem fim, quem no mundo poderia imaginar que tudo aquilo aconteceria quando eu deixei o dormitório em direção ao baile? Mas aquilo não importava, o que importava era que eu não podia desistir, com uma determinação que não conhecia limites, apontei minha varinha para Dipper. Sectumsempra! Conjurei, depositando todas as minhas esperanças no feitiço, sabia que precisava encontrar alguma fraqueza ou brecha nas defesas do Comensal, minha resistência não seria suficiente para derrotá-lo, tampouco atrasá-lo, mas eu iria usar tudo o que eu tinha para conseguir.

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Eu encarei Dipper, que permanecia imóvel no chão, ainda pasmo continuei a observar, sem  acreditar que eu tinha vencido um Comensal das Trevas, ao confirmar que de fato havia feito algo que eu considerei impossível quase que desde o inicio do duelo soltei um grito, uma mistura de alegria e alívio que ecoou na noite, estava exausto e ferido, mas eu tinha derrotado Dipper, eu sabia que o motivo da minha vitória era a determinação e meu desejo de proteger Laura, mesmo que ela não estivesse naquele duelo, eu sabia que era para evitar que ela sofresse ainda mais que eu tinha sido capaz daquilo, soltei uma gargalhada alta, mesmo ferido e cansado, eu não havia desistido, apesar de tudo tinha conseguido me livrar de um dos problemas daquele local, mas eu sabia que a batalha ainda não tinha terminado.

Dipper havia chamado Eliot de Lorde das Trevas, se aquilo fosse verdade eu sabia que tinha diante de mim o desafio final, uma muralha ainda mais alta que o Comensal, se Eliot era o Lorde das Trevas significava que ele era o mais forte dentre os Comensais, cerrei o punho da varinha, sabia que aquele duelo seria ainda mais complicado, mas agora tinha confiança, havia derrotado Dipper, mesmo claramente cansado e ferido se eu consegui me livrar de um Comensal da Morte em pleno poder poderia derrotar o outro, de qualquer maneira não tinha escolha senão lutar. Você é o próximo! Falei com firmeza, tentando esconder a exaustão que me dominava. Sectumsempra! Lancei o feitiço, mas ele foi bloqueado por um Protego de Eliot, a velocidade e destreza de Eliot me surpreenderam, mas eu não podia parar de atacar.

Me preparei para atacar novamente mas, para minha surpresa, minha varinha simplesmente foi arrancada de minha mão por um feitiço de desarme, tentei compreender como Eliot havia agido tão rapidamente, mas antes que pudesse reagir, ele estava colado a mim, olhei em seus olhos, um sorriso convencido em seu rosto, então senti o impacto de seu soco no meu estômago, algo que me fez voar para longe e bater com força na grama, aquele simples soco quase fora o suficiente para me fazer desmaiar, abri os olhos com dificuldade e vi minha varinha caída à minha frente, aquilo era ótimo, apesar da diferença de poder a sorte ainda estava do meu lado, com dor alcancei a varinha e me levantei, sentindo cada fibra de meus músculos gritar, apontei minha varinha novamente para Eliot, mas, mais uma vez, ela foi arrancada de minhas mãos por um lampejo vermelho, novamente, não consegui sequer compreender o que ocorrera e, novamente, Eliot estava muito perto.

Senti o impacto de seu soco, desta vez no rosto, que me arremessou de volta ao chão, eu estava à beira do desmaio, meu corpo ferido e dormente, minha mente confusa, olhei para Eliot, que gargalhava, havia uma clara e gigantesca diferença entre um Lorde das Trevas e um Comensal, Eliot era mais poderoso, mais rápido e completamente implacável. O que foi? Eu não ia ser o próximo? Ele zombou, fechei a cara e me recusei a desistir, lentamente comecei a me apoiar no braço direito, me arrastei até minha varinha, sangue escorrendo por todo o corpo, com grande esforço, algo surreal, me levantei e apontei a varinha novamente para Eliot, mas antes que pudesse conjurar qualquer feitiço, fui atingido por uma onda de dor insuportável, deixei a varinha cair, contorcendo-me no chão, aquela dor não era familiar, mas eu a conhecia, conhecia o que causava ela, a Maldição Cruciatus, Eliot parou de lançá-la por um momento, eu olhei para ele, tentando formular as palavras para pedir que ele deixasse Robert em paz. Deixa... Laura... Tentava falar, queria explicar para que Eliot deixasse Robert em paz para que Laura não sofresse com a perda do pai o mesmo que sofrera com a perda da mãe, mas minha mente estava confusa, a dor impregnava todo meu corpo e eu não conseguia juntar as frases, nem mesmo organizar minhas ideias, Eliot gargalhou novamente e, então, eu senti a maldição da tortura me atingir novamente.

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Minha mente ainda latejava, meu corpo doía intensamente, a maldição da tortura deixava marcas profundas mas, gradualmente, a dor começou a diminuir, minha mente clareou, abri os olhos e vi Emily enfrentando Eliot, minha visão ainda estava turva, minha audição era um zumbido constante, lancei um olhar na direção de Robert, observando ele, assim como eu, estava protegido pelo Protego Diabólica, certamente lançado por Emily, eu sabia que não estava em perfeitas condições, meu corpo ainda dolorido, meu braço esquerdo dormente, mas estava pronto para lutar, Emily estava duelando com todas as suas forças e eu sabia que tinha que ajudá-la, ergui-me e peguei minha varinha na grama.

Encarei Eliot com frieza, pronto para ajudar Emily no duelo, mas, antes que pudesse agir, a voz de Emily soou. Vá para o castelo! Ela ordenou, minha primeira reação foi resistir. Ainda posso ajudar! Emily simplesmente gritou novamente. Você já ajudou! Ganhou tempo para que eu chegasse aqui! Agora deixe-me cumprir minha função, que é proteger Hogwarts e os alunos! Fechei a cara, queria dar o troco em Eliot, mas sabia que nas condiçõles que estava poderia muito bem atrapalhar Emily, então acenei afirmativamente. Vou buscar ajuda! Gritei antes de sair correndo em direção ao castelo, confiando na força de Emily, mas já havia colocado minha confiança em Robert antes, acreditando que ninguém poderia derrotá-lo, então decidi não arriscar desta vez, não desejava que Emily enfrentasse o mesmo destino que o professor Josh, então corri o mais rápido que pude, determinado a trazer ajuda e garantir que Eliot não escapasse impune.

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