Sala de Estudos

Meu Amado Daniel

O mundo ao meu redor desmoronava, como se a própria realidade estivesse se desfazendo em fragmentos à minha volta. Paralisada, meus olhos fixos no ponto onde ele estivera, incapaz de processar o turbilhão de emoções que me consumiam, sentia-me como uma estátua esculpida em pedra, incapaz de mover um único músculo. A capa, antes símbolo de poder e sedução, jazia no chão como um lembrete silencioso da paixão que se desfez em um instante diante dos meus olhos.


Lágrimas quentes brotaram em meus olhos, queimando como ácido em minhas bochechas. A dor era lancinante, um aperto feroz no peito que me sufocava, roubando-me o ar e a capacidade de pensar. As palavras de Daniel ecoavam em minha mente, cada frase um golpe cruel que dilacerava meu ego. "Você é uma praga que destrói tudo que toca." "Inferior à Laura em todos os sentidos." "Nunca vai chegar aos pés dela.". Uma humilhação avassaladora que me tornava pequena e frágil diante da magnitude da rejeição.

Senti-me como um verme rastejante, indigna de amor, de desejo, de qualquer coisa boa. A imagem de Laura, perfeita e intocável, pairava sobre mim como um fantasma, como se desejasse me lembrar de minha inferioridade. Um soluço estrangulado escapou de meus lábios, quebrando o silêncio da sala. As lágrimas, agora um rio incontrolável, escorriam pelo meu rosto, lavando a maquiagem e a confiança que eu tanto me esforçara para construir.

Meu corpo, antes vibrante de desejo, agora era apenas um receptáculo vazio de dor e sofrimento. Cada parte de mim doía como se eu estivesse sendo consumida por chamas invisíveis. As mãos, antes ávidas pelo toque de Daniel, agora tremiam incontrolavelmente, incapazes de segurar sequer um lenço para enxugar as lágrimas. Quanto tempo passei naquela sala, imersa em minha própria miséria, eu não saberia dizer.

O tempo se perdeu em meio à névoa da dor, as horas se transformando em minutos, os minutos em segundos, em uma eterna agonia. Quanto tempo permaneci ali, imóvel e abatida, não sabia dizer. Em algum momento, as lágrimas se esgotaram, deixando apenas um rastro de sal em meu rosto.

Levantei-me com dificuldade, sentindo o peso de minha própria derrota em meus ombros e recolhi a capa do chão, que agora era apenas um fardo pesado que me lembrava da minha humilhação. Com passos vacilantes, caminhei até a porta da sala, meus olhos ainda fixos no chão. Ao sair, o mundo exterior me pareceu estranho, distante, as pessoas passavam por mim, alheias à minha dor, seus sorrisos apenas intensificando minha sensação de solidão.

Sem destino, vaguei pelos corredores da escola, uma sombra perdida em meio à multidão. Cada passo era uma luta contra o vazio que ameaçava me consumir por completo, cada respiração uma lembrança dolorosa do que eu havia perdido. E assim, eu me afundei ainda mais na escuridão, perdida em um mar de angústia e desespero.