Caminhava despreocupado pelo corredor, minha mente focada em encontrar Laura, conversar com ela, explicar tudo e, com sorte, ser perdoado. Eu havia imaginado aquela conversa diversas e diversas vezes, ensaiado tudo mentalmente, alinhado todos os meus pensamentos de maneira mais coerente e correta possível, na verdade Aaron até me ajudara com isso, embora ambos chegamos a conclusão que uma conversa ensaiada e uma conversa real seriam totalmente diferentes e, mesmo que tudo ocorresse bem, ainda tinha o fato de que Laura iria ficar louca de raiva, tanto comigo, por ter demorado para contar, quanto com Anastasia, de maneira que eu tmbém precisaria convencê-la a não ir atrás de Anastasia, já que ela já fora expulsa uma vez por causa dela.

Meus passos eram firmes e determinados, minha mente pulsava com a expectativa do encontro com minha amada quase na mesma intensidade que meu coração pulsava de ansiedade, ainda assim aquilo se encerraria hoje, todo aquele assunto com Anastasia, toda aquela loucura, eu corrigiria tudo hoje e ficaria livre de preocupações, afinal, eu precisava tirar aqule peso do peito, a sensação de estar enganando Laura era pesada demais, insuportável, mesmo que eu soubesse que não tinha feito nada de errado, bom, tinha, mas não era como se tivesse mesmo.

Porém, antes que pudesse alcançar meu destino, Anastasia surgiu em meu caminho como uma sombra súbita, me empurrando para uma sala vazia do corredor. Na moral! Qual o seu problema? Perguntei, mas antes de obter uma resposta, antes de reagir à ela, Anastasia partiu para cima de mim, me dando um intenso beijo, aquilo me pegou desprevinido, o que me amaldiçoei por, já que era obvio que Anastasia faria algo daquele gênero, levei as mãos aoas ombros de Anastasia e a afastei. Você ficou louca? Questionei a encarando com seriedade.

Porém Anastasia me encarava quase de maneira predatória, seus olhos brilhavam com uma intensidade sedutora, seu sorriso era como um convite irresistível para um jogo perigoso. Anastasia... Respirei fundo. Já perdi a conta e quantas vezes já te falei que amo a Laura e que você não passa de um estorvo então, só, me esquece! Disse com firmeza, mas Anastasia apenas sorriu, avançando em mim novamente e, novamente, me pegando de surpresa. Anastasia era uma garota bonita, deslumbrante e, por mais que eu não gostasse de admitir, eu sabia disso, então resistir à investida dela não era, exatamente, uma tarefa fácil, já que os beijos dela, sempre carregados de desejo, dificultavam a cabeça certa de assumir o controle.

Ainda assim eu lutei contra a atração que ameaçava me envolver, lembrando-me da promessa que fizera a mim mesmo, a promessa de me manter fiel a Laura, claro, tinha que admitir, havia uma parte de mim, pequena e egoísta, que ansiava pelo toque dela, pela paixão proibida que sabia que poderia encontrar nos braços de Anastasia, um dilema que me consumia, uma batalha interna entre o dever e o desejo, a lealdade e a tentação, no caso a tentação que Anastasia representava. Mas então, com um suspiro resignado, reuni toda a minha determinação e afastei Anastasia com delicadeza, recusando-me a ceder à tentação que ela representava.

Anastasia... Minha voz firme. Que merda você está fazendo? Soltei um suspiro. Tem algum problema mental que te impede de compreender que você não representa absolutamente nada para mim? Que Laura é a única que eu desejo estar? Minhas palavras eram diretas e frias mas, quando meus olhos encontraram os dela, era como se cada palavra minha tivesse entrado por um orelha e saído pela outra. Cinco minutos... É só o que quero de você. Ela disse, sua voz suave, praticamente envolvendo-me.

Quando Anastasia deixou sua capa cair no chão, deixando seus ombros e pescoço expostos, seu olhar sedutor, sua respiração quente e ofegante, aquilo simplesmente me deixou imóvel, preso em um turbilhão de emoções conflitantes, meu coração começou a bater mais forte, enquanto a tensão preenchia o ar, meus instintos lutavam contra meus valores e desejos mais profundos e, por um breve momento, me vi cedendo ao momento, meus dedos tocando suavemente a cintura de Anastasia, explorando sua forma, no entanto, mesmo em meio à tentação, uma voz interior clamava para que eu resistisse, lembrando-me do compromisso que tinha com Laura e dos valores que mantinha. Não posso... Murmurei antes dos lábios de Anastasia encontrarem os meus.

Senti uma onda de calor percorrer todo meu corpo quando me deixei levar pelos instintos, permitindo que meus lábios encontrassem com os de Anastasia em um momento de fraqueza, meus sentidos pareciam entorpecidos e, por um instante, me perdi na sensação do toque dela. Minhas mãos percorreram sua pele, indo de sua cintura para sua bunda, coxas, costas, nuca, tudo que elas alançavam. Então o momento se tornou mais intenso, girei Anastasia, sentando-a em uma das mesas ali, enquanto jogava minha capa e, posterioremente, minha camisa no chão, os beijos mais ardentes, mais intensos.

Então me afastei para encará-la, sou olhar, sua boca entreaberta, um pequeno sorriso, o vestido caido nos ombros, não me recordava de um momento em que ela estivesse mais sedutora, não me recordava um momento em que eu a desejasse mais e não me recordava um momento em que minha mente gritasse mais alto o quanto aquilo era errado, então parei, mesmo imerso naquele momento uma voz interior clamava por atenção, lembrando-me de Laura, senti uma pontada de remorso misturando-se em um tumulto de culpa, desejo e confusão.

Sabia que aquilo estava errado, que estava traindo a confiança de Laura e comprometendo meu relacionamento, que àquela altura nem tinha mais tantas esperanças de consertar, não depois daquilo, já que conseguia vislumbrar claramente as consequências devastadoras de meus atos. Gradualmente, comecei a recuar, dando um passo para trás, um silêncio tenso pairou, carregado com a gravidade do que acabara de acontecer. Isso está errado... Senti um peso no peito, uma mistura de arrependimento e frustração, era hora de enfrentar as consequências de minhas ações e reparar o dano que causara ao relacionamento com Laura, se é que ainda havia como.

Você... Não... Nós. Encarei Anastasia, que me olhava cheia de desejo, mas claramente sem compreender o que acontecia. Nós estamos errados! Com um suspiro pesado peguei minha camisa e a vesti, depois peguei a capa no chão, Anastasia saltou da mesa, mas a olhei mortalmente. Nunca mais se aproxime de mim! Minhas palavras tinham um tom aspero. Você é uma praga que destrói tudo que toca. Respirei fundo, a conversa com Laura seria algo impossível de não haver consequências àquela altura. Não sei que tipo de merda passa na sua cabeça, mas se você é incapaz de compreender o básico que é que você é apenas uma pessoa inferior à Laura em todos os sentidos e que nunca vai chegar aos pés dela então você precisa urgentemente de tratamento. A encarei. Eu não te amo, sequer gosto de você, então simplesmente entenda isso e suma da minha vista. Disse a encarando com seriedade, então deixei a sala, caminhando pesadamente pelos corredores.