Salão Principal

Enquanto me afastava de Victor, com o beijo ainda queimando em meus lábios, o encarei com intensidade, como se ele fosse o amor da minha vida, porém, naquele momento, a onda de emoções confusas começou a se dissipar lentamente, um alívio inesperado tomou conta de mim, finalmente o desejo avassalador que me compelira a beijar Victor parecia estar diminuindo, sentia a clareza retornando, mesmo que um pouco abalado pela intensidade do momento, meu corpo que antes estava em chamas parecia estar se apagando.

Com um suspiro de alívio virei-me para observar ao redor, tentando recobrar meu equilíbrio e me afastar da confusão que me dominara, claro, a frustração pela rapidez com que o efeito da poção passou era palpável, quase na mesma medida que era um alívio, tinha que admitir que era irritante ter criado uma poção que funcionava por apenas um mero instante, acabando o efeito em um beijo, respirei fundo, chateado e feliz com aquilo, a sensação de estar preso a um desejo incontrolável sem saber quando acabaria, e essa pessoa não sendo Astrid, era algo que não me deixara nada confortável.

Victor tentou falar alguma coisa, mas minha mente ainda girava, asensação que a poção deixava era como se tivesse sido jogado para cima e depois deixado cair abruptamente, com violência, enquanto tentava absorver o que havia acontecido, meus olhos vagaram pelo salão, buscando alguma forma de normalidade, no entanto assim que meus olhos pousaram em uma nova figura, uma onda de desejo incontrolável e avassalador recomeçou. O que? Resmunguei tentando entender o que estava acontecendo, meu coração disparou e meu corpo ficou novamente em alerta, como se tivesse sido resetado pela força da poção.

A nova pessoa em que eu fixara meu olhar parecia agora ser o centro de toda a minha atenção e desejo, como se a poção estivesse reiniciando o ciclo em que me encontrava preso. Não... Compreendi então que o efeito da poção era mais complexo e perturbador do que eu havia imaginado, não era simplesmente um desejo momentâneo, mas uma força que me empurrava para outra pessoa assim que o primeiro desejo se dissipava, a poção parecia causar um intenso desejo por alguém, mas não se apegava a esse alguém e logo partia para outro alvo, constantemente em busca de um novo desejo. Isso só pode ser sacanagem. Desviei o olhar rapidamente, tentando controlar a nova obsessão que estava tomando conta de mim.

A irritação e o desconforto se misturavam com uma sensação de impotência, era claro que a poção estava manipulando minhas emoções e ações de forma muito mais profunda e perturbadora do que imaginara que ela faria, bem, esperava exatamente aquele tipo de controle, mas não pensei que o feitiço se viraria contra o feiticeiro, era só para a Emily ser afetada por aquela merda, mas os malditos ratos que trabalhavam na cozinha foderam tudo. Respirei fundo tentando assumir o controle mas, mesmo desviando o olhar, assim como fora com Victor, meus olhos eram simplesmente atraídos para a nova figura de maneira que, por fim, respirei fundo e me preparei para lidar com mais uma rodada de desejo insano.

Simplesmente avancei na direção de Regan com uma determinação que parecia fora do meu controle, a mente ainda estava turva, mas o desejo claro me guiava, já havia beijado Regan várias vezes antes, e o pensamento de fazê-lo novamente não era nada novo, mas a força com que queria isso agora era inigualável, muito mais forte do que o efeito natural que Regan causava, o que me preocupou, já que o desejo que Regan causava já era intenso o suficiente. Por um segundo quase gargalhei da ironia da situação, após ter beijado Victor agora me direcionava para outra Vanucci, tinha que admitir que aquilo era, no mínimo, curioso, no entando, naquele momento, não havia espaço para reflexões sobre isso.

Um pequeno sentimento de ódio subiu em meu peito, uma raiva por ter direcionado meu olhar para alguém que não fosse Astrid, a quem realmente desejava beijar, ainda assim havia uma certa satisfação em me dirigir a Regan, seu beijo, a habilidade dela nesse aspecto era incrivel, na verdade se tinha que beijar alguém que não fosse Astrid preferia que fosse alguém que achava incrivelmente atraente e com quem tinha tido experiências prazerosas antes e, honestamente, Regan era perfeita naquele aspecto, embora tivesse que admitir que o talento para beijar parecia ser um traço comum na família Vanucci já que Victor tinha, sem dúvida, um talento inato no beijo.

Quando me aproximei de Regan ela tinha acabado de se separar de uma garota, a visão dela, ainda mais beijando outra garota, foi como um feixe de luz cortando através da névoa de confusão que a poção havia criado em mim, a familiaridade de seu sorriso e a lembrança de nosso passado, pra lá de  intenso, junto ao desejo provocado pela poção, pela visão dela beijando outra garota e por ela em si, despertaram algo ainda mais profundo dentro de mim, como se cada passo que dava em sua direção fosse guiado por uma força irresistível e claramente preocupante. Cheguei perto o suficiente para sentir a energia que emanava dela, o desejo queimando em minha pele, sem hesitar levei a mão em sua nuca, o toque sobre sua pele despertou uma onda de calor que se espalhou por todo o meu corpo, a intensidade do desejo absurdamente mais forte que por Victor, a necessidade de beijá-la quase dolorosa em sua urgência.

Afundei meus lábios nos dela, levando a mão em suas pernas e a erguendo da cadeira com um impulso quase beirando ao erótico, colocando-a sobre a mesa de forma dominadora, meu corpo encaixando-se entre suas pernas, sua leveza contrastava com a força com que a segurava, o som de seus sapatos batendo na superfície da cadeira onde ante ela estava sentada apenas intensificou o desejo que sentia naquele momento, tudo escureceu restando apenas o desejo insaciável que sentia por ela. Com um fervor que estava longe de ser contido, inclinei-me sobre ela, nossos lábios se encontrando com uma força avassaladora, o beijo foi muito mais do que um simples contato de lábios, era como se desejos reprimidos fosse liberado ali, a língua e respiração refletindo o desejo intenso que sentia.

A intensidade do beijo era quase selvagem, uma paixão e urgência que fazia o tempo parecer parar, cada movimento, cada toque, fazia a sensação do beijo mais intensa e insaciável, meus lábios se moviam contra os dela com uma urgência quase desesperada, explorando cada centímetro de sua boca como se fosse a última coisa que faria na vida, suas mãos, talvez em uma resposta automática, deslizaram para a nuca e os ombros, puxando-me ainda mais para perto, o calor que irradiava de nós dois era quase palpável e o beijo que uma explosão que queimava como um fogo inextinguível. Finalmente, quando nossos lábios se separaram, ofegantes e cobertos pela sensação de um desejo consumado, fiquei ali, encarando Regan com um olhar carregado de profunda emoção, a confusão e o desejo que me envolviam agora estavam todos focados em um único ponto, naqueles lábios deliciosos.

Enquanto tentava recuperar o fôlego e o controle sobre meus próprios sentimentos, percebi que a poção havia criado uma intensidade ainda maior do que esperava, então comeceia  compreender algo muito mais interessante do que imaginei, o desejo que senti por Regan era claramente mais forte do que o que senti por Victor, então compreendi, a poção variava de um para outro, tanto em quem experimentava quanto em quem era o alvo do beijo, de maneira que não tinha ideia real de seus efeitos, de quanto tempo aquela merda de loucura podia durar ou de quão intenso cada beijo poderia ser, assim como o que causava cada gatilho para o funcionamento da poção, mas o que sabia era que, pelos sons de caos que rolava ao redor, o salão devia estar um verdadeiro puteiro, aquilo quase me arrancou uma gargalhada, afinal, era um caos muito mais interessante do que previ que ocorreria.

O beijo com Regan mais intenso e cheio de sensações do que esperava mas, assim que me afastei, um alívio sutil começou a se instalar, a intensidade do desejo que havia me consumido até aquele momento começou a diminuir e me vi novamente começando a recuperar a clareza, claro que o olhar de Regan, com seus lábios carnudos ainda um pouco inchados e suas bochechas rosadas, ainda soavam como uma pintura vívida de desejo e as madeixas loiras dela caindo desordenadamente sobre o rosto adicionavam uma aura quase etérea à cena, mas o desejo que eu sentia agora era o desejo normal que sempre sentia quando olhava para ela, embora forte não era nada comparado ao frenesi que havia experimentado antes.

Respirei fundo, tentando afastar a sensação de controle que me dominou até poucos segundos atrás, aquela sensação causava certo estresse ao corpo, algo suportável, mas sabia que se repetisse por muito tempo poderia ser realmente complicado, respirei fundo novamente, estava prestes a pedir desculpas pela violência do beijo, não pelobeijo em si, mas dada a intensidade do beijo imaginei que pudesse ter sido um pouco mais bruto ao tomá-la em meus braços, mas quando abri a boca a voz de Caroline soou ao meu lado. Desviei o olhar para ela em um ato automático, o som da voz dela ainda era quase um eco distante em meio ao caos ao redor mas antes que pudesse prestar muita atenção no que ela estava dizendo, notei que uma nova onda de desejo começou a se intensificar dentro de mim, desta vez dirigida a Caroline. Ah não... Ainda preso entre as pernas de Regan meu corpo parecia estar em um frenesi de desejo incontrolável.

A visão de Caroline ao meu lado era como um ímã irresistível e, sem hesitar, minha mão encontrou a nuca dela puxando-a suavemente em direção a mim, minha outra mão abandonava a cintura de Regan e se dirigia à cintura de Caroline, onde envolvi-a firmemente, puxando-a mais perto de mim, o calor do corpo de Caroline era intenso e o sabor de seus lábios parecia irresistível e o beijo que se seguiu foi uma manifestação pura e avassaladora de desejo. A urgência e a intensidade do beijo não deixavam espaço para qualquer outra emoção além daquela que a poção havia gerado, nossos lábios se encontraram em uma paixão desesperada, com a língua se movendo contra a dela em uma dança frenética, explorando cada centímetro de sua boca com um fervor que parecia não ter limites, sentia-me completamente tomado pelo desejo e a necessidade de estar perto de Caroline, de sentir o calor dela, parecia quase insaciável.

Depois de um tempo que parecia tanto interminável quanto breve, finalmente me separei de Caroline, o beijo havia sido uma experiência que consumiu cada fibra do meu ser e ao me afastar, olhei para ela com um sorriso charmoso e um tanto safado no rosto, meus olhos estavam brilhando com a intensidade do desejo que ainda permanecia e a sensação de satisfação misturada com a expectativa deixava-me com uma expressão que parecia querer prolongar o momento, Caroline me olhava com surpresa, o impacto do beijo ainda visível em sua expressão, a observava, respirando profundamente, enquanto tentava recuperar o controle sobre minhas emoções e a clareza mental, o ambiente ao redor continuava agitado, mas, novamente, o desejo começou a dissipar, aquilo estava ficando fora de controle de uma maneira realmente preocupante.