Pátio Central

Andava de um lado para o outro, inquieta. O pátio central estava silencioso, exceto pelo som das minhas botas batendo contra as pedras do chão, o que só parecia amplificar minha ansiedade. Eu esperava por ela. Minha coruja sempre fora pontual, mas hoje, a espera parecia uma eternidade. Cada minuto que passava sem notícias aumentava o peso no meu peito. Minhas mãos estavam suadas e apertadas umas contra as outras, numa tentativa frustrada de manter algum controle. Tudo o que eu queria era um sinal, uma resposta... qualquer coisa. A última edição do Profeta Diário dizia que o Ministério tinha finalmente conseguido colocar as mãos em Brunna. As palavras ecoavam na minha mente repetidamente, como se fossem facas afiadas cravando mais fundo a cada vez. Eu sabia que, se o pior acontecesse, ela acabaria em Azkaban. Brunna... ela não merecia aquilo. Era injusto. Todos os nossos esforços, tudo o que passamos para tentar protegê-la, parecia em vão.

Eu implorei para Laura. Pedi que ela falasse com a mãe dela, que pedisse para ela usar sua influência no Ministério, qualquer coisa que pudesse ajudar a Brunna. Ela prometeu que faria o possível, mas agora as notícias eram minha única fonte de esperança. Esperança de que algo estivesse sendo feito, que Brunna estivesse segura. Finalmente, ouvi o som das asas batendo no ar. Minha coruja! Olhei para cima, vendo-a se aproximar, e por um momento, senti uma onda de alívio. Talvez agora eu teria respostas. Talvez agora... algo. A coruja pousou graciosamente em um dos bancos do pátio e estendeu a perna para que eu pudesse pegar o jornal. Minhas mãos estavam trêmulas enquanto desenrolava o Profeta Diário e comecei a folhear desesperadamente as páginas. Mas à medida que avançava, meu coração começou a afundar. Nada sobre Brunna. Não havia uma única linha mencionando ela ou qualquer coisa sobre sua situação. Tudo o que vi foram artigos sobre a vice-diretora da escola e o ex-diretor, winchesters e tragedias.

— Que merda! Parece que só tem olhos para esses ricos de merda! — Murmurei, jogando o jornal de lado com frustração. Sentei-me no banco, irritada, meus pensamentos rodopiando, tentando encontrar algum tipo de consolo ou plano de ação, mas a irritação só crescia. Era como se o mundo estivesse conspirando para me deixar no escuro, como se estivesse me punindo por querer salvar minha amada. Cruzei os braços e respirei fundo, olhando para o chão, tentando conter a raiva que borbulhava dentro de mim. Foi quando percebi Ethan se aproximando. Ele parecia estar vindo na minha direção, mas eu não estava nem um pouco a fim de lidar com ele. Não naquele momento. — Me deixa em paz, Ethan — Disse, tentando manter a voz fria, mas firme. Não queria parecer fraca, não queria dar a ele a satisfação de me ver desmoronar.

Por um segundo, achei que ele fosse respeitar meu pedido, mas ele não facilitou as coisas. Ele nunca facilita. Levantei o olhar para ele, lançando um olhar que, se pudesse, arrancaria o braço dele ali mesmo. Queria que ele sumisse, que desaparecesse e me deixasse sozinha com minha frustração. Mas, ao invés disso, ele continuou a me provocar. — Você sabe que não é tão fácil assim. Achei que fôssemos mais do que isso... Que merda tá acontecendo? — a voz dele estava carregada de irritação e confusão. Ele estava realmente tentando entender o que se passava, mas eu não podia simplesmente contar. Não podia revelar tudo. Fechei os olhos por um segundo, tentando encontrar o equilíbrio. — Não é sobre Astrid. Claro, aceitar que eu nunca mais poderia beliscar esse corpinho de forma divertida nao seria facil, mas eu sempre torci por voce e Astrid — Eu disse olhando para ele que achava que o motivo da minha frieza era porque ele estava correndo atras dela, mas eu nunca fui contra isso. Eles combinavam de um jeito estranho, mas combinavam.

— Isso é sobre outra coisa. — Ele me olhou, claramente frustrado, como se não entendesse nada do que eu estava dizendo. A voz dele subiu um tom, e eu pude ver a raiva nos olhos dele. Ethan sempre foi cabeça-quente, eu sabia disso. Mas, de alguma forma, eu esperava que ele tivesse decência, que tivesse algum limite, alguma linha que não cruzaria. Foi aí que a memória de Eleanor veio à tona. Eu me lembrei da conversa que tivemos, das palavras dela, da revelação que me fez prometer manter em segredo. O que Ethan tinha feito na festa dos Winchester. — É....  Algo que você fez... algo que eu prometi que não revelaria. — A expressão de Ethan mudou, ele parecia ainda mais confuso e, talvez, um pouco preocupado. — O que você tá insinuando? Se você acha que eu fiz alguma coisa, pelo menos me dá o direito de entender e de me explicar — Ele disse, sua voz ficando séria, mas menos agressiva. Eu suspirei, confusa. De um lado, eu queria cumprir minha promessa a Eleanor. Não podia trair a confiança dela, ainda mais considerando tudo o que ela estava passando, acamada, lidando com o ataque de Enric.

Mas, ao mesmo tempo, Ethan era meu melhor amigo. Ele merecia uma chance de se explicar, de dizer o que realmente aconteceu. Olhei para ele, sentindo um peso no meu peito. Eu queria acreditar que ele não seria capaz de fazer o que Eleanor disse. Queria acreditar que, apesar de tudo, ele ainda tinha alguma decência. Mas... e se não fosse assim?— Ethan — comecei, hesitante, minhas mãos apertando os braços da cadeira. — Na festa dos Winchester... você realmente bateu em Eleanor? —  O silêncio que seguiu foi pesado, quase sufocante e a surpresa em seu olhar foi quase como uma  confirmaçao de minha pergunta