Sala do Diretor de Hogwarts

Alexis era uma mulher de presença imponente. Sentada atrás de sua grande mesa de carvalho, ela observava os dois alunos à sua frente com olhos críticos, o rosto inexpressivo como uma estátua de mármore. Ao ouvir o pedido de Lillian, ela permaneceu em silêncio por alguns segundos, deixando o ambiente carregar uma tensão quase palpável. A diretora era conhecida por seu rigor e por sua postura fria, e esse momento não seria uma exceção. Senhorita Lillian, — Começou ela, a voz baixa e controlada, mas cortante como uma lâmina afiada Vejo que você está bastante preocupada com o que julga ser a falta de material adequado para seus estudos, especialmente nas áreas de Ocultismo e Ritualismo. No entanto, devo informá-la que sua preocupação é, no mínimo, equivocada. — Alexis fez uma pausa breve, seus olhos faiscando enquanto examinava a reação da aluna. Lillian parecia inquieta, mas manteve a postura firme, encarando a diretora com uma expressão que misturava nervosismo e determinação.

Após o incidente do ano passado, — Continuou Everhart, sua voz assumindo um tom mais sério enquanto se recorda das descobertas que o Ministerio fez sobre os rituais e assassinatos que os alunos haviam cometido  O Ministério da Magia supervisionou pessoalmente a reposição dos materiais perdidos na biblioteca de Hogwarts. Não foi uma simples questão de substituir livros. A segurança e o bem-estar dos alunos foram colocados em primeiro lugar. O Ministério fez questão de inserir apenas aqueles livros que fossem considerados apropriados e, sobretudo, seguros para o ambiente escolar. — A diretora inclinou-se levemente para frente, seus dedos entrelaçados sobre a mesa, o olhar penetrante fixo em Lillian.

O fato de não haver mais livros de Ocultismo e Ritualismo disponíveis na biblioteca não é uma simples negligência ou um erro a ser corrigido. É uma medida deliberada. Esses livros, senhorita Lillian, — E ela fez uma breve pausa para que as palavras tivessem impacto nos dois. Não têm mais lugar em Hogwarts por uma razão muito clara: eles representam um perigo. Não posso permitir que os alunos tenham acesso a material que, no passado, foi usado de maneira irresponsável e, em alguns casos, com intenções malignas. — A expressão da diretora endureceu ainda mais, sua postura agora completamente ereta, irradiando autoridade e severidade.

Alunos não deveriam nutrir interesse por áreas da magia que são impróprias para seu nível de compreensão e maturidade. Ocultismo e rituais são práticas que, se mal utilizadas, podem gerar consequências devastadoras. Já tivemos exemplos claros de onde esse tipo de curiosidade pode levar. E eu, como diretora, não permitirei que a história se repita sob minha vigilância. — Derek, ao lado de Lillian, permaneceu em silêncio, seu olhar alternando entre sua amiga e a diretora, claramente desconfortável com a situação. Ele sabia que Alexis não era uma mulher de se contradizer, e aquele discurso havia selado qualquer possibilidade de sucesso no pedido de Lillian. Alexis endireitou-se na cadeira, lançando um olhar final para os dois.

Sendo assim, não concederei a permissão para que você entre em contato com a Floreios e Borrões ou qualquer outro fornecedor. A biblioteca de Hogwarts está, agora, equipada com os materiais necessários e adequados para a formação de bruxos responsáveis e conscientes de suas limitações. — Ela deixou que suas palavras ecoassem pela sala por alguns segundos antes de concluir, de forma quase desdenhosa:  Se eu fosse você, senhorita Lillian, concentraria meus esforços em áreas da magia mais... apropriadas. Rituais e Ocultismo não são conhecimentos que alunos de Hogwarts deveriam buscar, e é melhor que o assunto termine aqui. — Alexis fez um gesto breve com a mão, como se estivesse dispensando os dois.

Podem se retirar. — Sua voz estava firme, deixando claro que não haveria mais discussão. Lillian, mesmo sentindo a frustração crescer dentro de si, sabia que qualquer tentativa de argumentar seria inútil. Derek levantou-se imediatamente, fazendo um gesto para que ela o seguisse. Com um último olhar para a diretora, Lillian murmurou um agradecimento educado, apesar do nó em sua garganta, e os dois saíram da sala em silêncio, com o som pesado da porta se fechando atrás deles.

Fui empurrado para dentro da sala da diretoria com uma força desnecessária, por um dos elfos. Me endireitei imediatamente, ajeitando meu manto com um gesto arrogante. Odiava essas criaturas impertinentes. Com o nariz empinado, caminhei em direção à diretora, meus passos ecoando na pedra fria. A sala era ampla, iluminada por tochas que lançavam sombras dançantes nas paredes. Mas eu não estava interessado na decoração. Minha atenção estava completamente voltada para os rostos à minha frente. A diretora estava sentada atrás de sua grande mesa de mogno, uma expressão impassível em seu rosto severo. A frente dela, como uma estátua, estava Enric, meu primo e agora, sem dúvida, meu maior inimigo. Ele me olhou de relance quando entrei, mas o que vi em seus olhos foi mais do que simples desdém. Foi um ódio que eu conhecia bem. Eu também o sentia.

Ao lado da diretora estavam Emily, a vice-diretora, e Adrien, seu amante. Não importava o que dissessem ou fizessem, eu estava pronto para encarar qualquer punição que viesse. Fiquei de pé diante da diretora, minhas costas eretas, o rosto erguido. Não mostraria nenhum sinal de fraqueza, nenhum arrependimento. Eu sabia o que fiz, e faria de novo se tivesse a chance. A falha em minha missão não mudava o fato de que minha intenção era clara e justa. Este castelo, esta escola, todos eles me causavam nojo agora. Não havia mais nada que me prendesse a esse lugar. Eu havia falhado, sim, mas não me curvaria diante deles. Não lhes daria o prazer de ver um Nicholas caído.

Senhor Nicholas e Enric Grayson. A diretora começou, sua voz soando firme e controlada enquanto me insultava a me unir ao vagabundo ao meu lado pelo sobrenome. Vocês sabe por que está aqui. Não respondi imediatamente, apenas ergui uma sobrancelha, como se seu comentario fosse desnecessária. Claro que eu sabia. Todo esse teatro ridículo não precisava de explicações. Ao meu lado, pude sentir os olhos de Enric queimando em mim, como se ele estivesse apenas esperando a oportunidade de me atacar. Eu o ignorei. Não permitiria que ele visse o quanto sua presença me enojava. Não aqui, não agora. Não lhe daria essa satisfação.