Minha vida estava uma completa loucura, na verdade estava além de uma completa loucura, embora por um lado tivesse me acertado com Edward, coisa que sinceramente jamais imaginei que algum dia ocorreria, agora precisava arranjar um jeito de me acertar com sua digníssima irmã, Victória, afinal havia descoberto que nós tínhamos uma filha, a pequena Laura, uma garotinha magnifica, esperta e super inteligente, mas claro que não seria uma tarefa simples mostrar para Victória que o Robert que havia abandonado ela e aquele que queria estar presente na vida da filha eram pessoas diferentes, embora não a julgasse pela desconfiança também. Além daquilo ainda havia o jantar com Emily, naquela noite, jantar que inicialmente eu marcara como um meio de tentar reconsquistá-la, mas que agora, com a descoberta de Laura, parecia ainda mais complicado.

Bufei e me joguei na poltrona.Em que momento da minha vida vocês se tornaram a parte fácil do dia? Resmunguei encarando a pilha de relatórios ali presentes, depois peguei o primeiro e comecei a analisar, claro que minha mente estava dispersa demais para focar em qualquer relatório, muito havia ocorrido em apenas uma semana, de maneira que eu ainda não tinha tido um tempo verdadeiramente calmo para organizar tudo o que ocorreu e planejar o que fazer dali em diante. Respirei fundo e joguei o relatório na pilha novamente, depois solicitei que me chamassem qualquer Auror que estivesse disponível no momento, após algum tempo chegou o Auror que havia solicitado.

O senhor mandou me chamar? Aquilo não era exatamente verdade, qualquer um serviria, mas não era necessário dizer aquilo para o homem. Sim Auror Tuckson, gostaria que fosse até Azkaban e recolhesse os relatórios das transferências do Ministério para o presidio. Sempre que ocorria uma prisão e o bruxo preso era encaminhado para Azkaban um relatório era gerado no Ministério, esse relatório acompanhava o preso até Azkaban onde deveria ser acrescentado as informações sobre a cela que ele ocuparia em Azkaban, assinado por quem transportou e recebeu o preso e, finalmente, pelo Auror Responsável por Azkaban e então retornado para o Ministério, porém normalmente quem retornava com eles era um funcionário do presídio.

Desculpe a pergunta senhor, mas normalmente não é alguém de Azkaban que retorna com eles? Encarei o Auror e sorri. De fato é assim que ocorre normalmente, porém gostaria que enquanto estivesse lá aproveitasse e desse uma olhada em como anda o presidio, Askaban está com alguns presos de alto calibre atualmente e quero saber se o presidio oferece condição de segurança suficiente para que tais presos permaneçam la. Encarei o Auror e completei. Não temos jurisdição para efetuar uma vistoria sem justificativa em Azkaban por isso quero que vá lá e olho como as coisas estão... E creio que não preciso dizer que você não deve comentar em Azkaban o real motivo de buscar os relatórios. O Auror balançou a cabeça e então se retirou para realizar o que pedi.

O dia correu de maneira rápida, ao final da tarde ainda haviam muitos, mas certamente bem menos que na semana anterior, claro que o fato de virar noites completando o trabalho atrasado havia sido o motivo daquilo, mas não importava, ouço batida nas portas e autorizo a entrada do Auror Tuckson, ele me entrega os relatórios o encaro. E então? Como está Azkaban? Ele me olha sem graça. Peço desculpas senhor, mas eles me guiaram até os arquivos e então me guiaram até os portões, não consegui ver nada senhor. Soltei um suspiro, eu deveria ter enviado alguém verdadeiramente competente como Mitchell ou Cromwell, eles certamente me traria as informações que precisava, encaro o Auror parado em minha frente. Está tudo bem... Pode voltar para seus afazeres. Assim que o homem saiu bufei novamente, certamente eu mesmo teria que ir lá verificar o que desejava. Mas isso ficará para outro dia... Hoje eu já tenho um compromisso. Disse me levantando e deixando a sala.



Robert - Emily - Victória - Laura - Marie - Edward - Julie - Circe - Outros

Cheguei ao ministério junto com a madrugada, havia acabado de sair de Godric’s Hollow, e precisava deixar meu relatório no Quartel General. Ao chegar no escritório, faço uma cópia do relatório e deixo no arquivo geral do quartel dos Aurores, depois levo um para minha sala, onde guardo em um arquivo pessoal que tinha no escritório.  Assim que entro no escritório aproveito para colocar alguns relatórios em dia, afinal ainda havia muito o que fazer e organizar principalmente com o retorno de Marie ao seu cargo, afinal ficara dividido entre meus afazeres e os dela, dado tudo o que aconteceu.

Me sento na poltrona e começo e remexer em meus relatórios, uma quantidade absurda na realidade. Após algum tempo preenchendo e relendo alguns relatórios das atividades realizadas pelos Aurores solto um suspiro, aquilo era entediante, na verdade eu estava entediado, entediado e preso nas responsabilidades que o cargo exigia. Afundei na cadeira olhando uma pilha de arquivos que se estendia sobre a mesa, também haviam algumas cartas de respostas sobre o meu questionamento sobre o ataque que ocorrera meses atrás, embora não tivesse ocorrido nenhum outro ataque daquele gênero e o caso tivesse esfriado, eu não desejava permitir que ele caísse no esquecimento. As cartas respostas não tinham quaisquer informações uteis na realidade, apenas alguns relatórios antigos e recortes de jornais bruxos que indicavam casos semelhantes, contudo todos ocorreram nos Estados Unidos e nenhum deles em Londres ou na Europa como um todo.

Ainda assim dou uma verificada nos arquivos recebidos e nos arquivos do quartel, após um longo período já tenho um relatório mais completo, mesmo que sem qualquer nova pista. Espero que seja útil no futuro. Depois me preparo pra sair, iria tirar o dia seguinte de folga, uma vez que praticamente virara a noite trabalhando, mas vejo um pequeno envelope na mesa, envelope tal que passara despercebido com todos os outros relatórios presentes ali, ao abrir vejo que Marie agendara uma reunião para o dia seguinte, me amaldiçoou por não ter visto aquilo antes, depois solto um suspiro, seria melhor ir para casa logo e dormir, pelo menos um pouco, antes de retornar para a reunião do dia seguinte.



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Estava atarefado, na verdade estava mais que atarefado, havia muita coisa acontecendo no mundo bruxo, os Comensais que ainda precisavam ser capturados, a invasão em Azkaban e a fuga de Alex, tudo aquilo demonstrava que o mundo não estava seguro, o Ministério não tinha uma liderança digna, motivo pelo qual eu tentava convencer Marie a disputar o cargo de Ministra da Magia, Azkaban parecia a porcaria de um playground dos Comensais, já que aqueles malditos entravam e saíam de lá na hora que bem entendiam, ainda tinha alguns casos de assassinatos pendentes e sem nem mesmo um vestígio de pista, o que me irritava profundamente, tudo aquilo ocorrendo ao mesmo tempo. Só falta o Mungus e o Profeta para fechar com chave de ouro a onda de problemas. Resmunguei.

Além de tudo aquilo eu nem queria pensar no que vinha acontecendo em minha própria vida, o casamento da Julie com o Edward, que se aproximava, a data em que Victória ficou de me dar uma resposta sobre sua conversa com Laura, meu reencontro com Emily, na realidade não tinha um lado em que eu olhasse que não tivesse algum tipo de situação delicada para ser tratada. Eu preciso é de férias. Disse preenchendo outro relatório, mas nem mesmo isso eu podia ter, já que faltava pessoal experiente no momento. Respiro fundo novamente, então escuto uma batida na porta da sala. Entre. Respondo sem desviar o olhar dos relatórios.

Assim que a porta se abriu ergui os olhos levemente, parado ali estava um homem que jamais vira antes. Boa tarde! Gostaria de algo? O homem ficou em silêncio, parei minha leitura e me coloquei a encará-lo. Desculpe... Mas eu te conheço? O homem se aproximou da mesa e me entregou uma pasta, cheia de documento, mais trabalho, respirei fundo e abri a pasta, mas a primeira coisa que havia ali eram duas certidões de nascimento, uma minha e outra de um tal de Damon Winchester, as analisei rapidamente. Pode-se dizer que sim... Afinal... Somos irmãos... Eu sou Damon Winchester.

Parei de analisar o documento e me coloquei a analisar o homem na minha frente, depois soltei um leve suspiro, eu estava cheio de trabalho e alguém vinha me pregar uma pegadinha, na realidade só podia ser coisa da Julie, eu daria uma bela bronca nela depois, ao invés de estar focada no casamento estava gastando o tempo livre com brincadeiras como aquela. Claro... Claro... Avise a Julie que a brincadeira foi engraçadíssima... Coloquei a pasta de lado, depois voltei ao meu relatório, o homem continuou parado na minha frente, ergui meus olhos na direção dele novamente. Pode se retirar agora.



Robert - Emily - Victória - Laura - Damon - Marie - Edward - Julie - Circe - Outros

Encarava Damon friamente, brincar com aquele tema era algo que eu não estava disposto a permitir. Compreendo que possa ser um pouco difícil de acreditar no que estou dizendo. Ergui os olhos na direção do homem enquanto pegava a pasta novamente e a abria, espalhando alguns dos arquivos nela na mesa, Damon sorriu e retirou do bolso um pequeno relógio, parei minha leitura e encarei o relógio, eu já havia visto ele antes, em retratos, nos poucos que sobraram. Assim que o relógio foi atirado em minha direção o encarei, analisando-o, aquelas marcações, o brasão, aquele relógio pertencia à minha família, pertencia ao meu pai. Mas acredito que essa Julie que você citou não tenha isso para acrescentar à brincadeira. Voltei meu olhar para Damon, desta vez o analisando, ele não se parecia comigo, não, nem um pouco, mas analisando-o era possível ver a semelhança dele com minha mãe, pelas fotos que sobraram do ataque eu sempre julguei que fosse parecido com meu pai, mas Damon não tinha os mesmos traços que eu, de maneira que dizer que éramos irmãos poderia soar como estranho, mas se meus pais estivessem vivos e todos estivéssemos juntos, seria possível falar sobre o parentesco.

Onde conseguiu isso? Minha voz ecoou pela sala, enquanto ainda o encarava, analisava, Damon puxou uma cadeira e se sentou. Eu sempre tive isso. Damon indicou com um leve aceno de cabeça a pasta com documentos novamente. Acredite, eu fiquei tão surpreso quanto você quando descobri que tinha um irmão... Mas os documentos neste arquivo provam que falo a verdade. Ainda o analisava, talvez um pouco de veritaserum mostrasse a verdade, mas se eu usasse ali certamente teria uma Marie irada me repreendendo. Documentos podem ser forjados. Disse sério, eu mesmo forjara tantos no passado e tantos deles se tornaram arquivos de Ministérios que toda aquela pasta poderia ser um monte de mentiras com assinaturas de pessoas que acreditavam que eram reais. Me levantei e caminhei até Damon, então rapidamente retirei o punhal das vestes, meus movimentos foram rápidos e antes que Damon pudesse desviar a faca estava posicionada em seu pescoço. Mas o sangue nunca mente. Forcei a lâmina contra seu pescoço, fazendo escorrer um pouco de sangue, retirei um frasco do casaco, normalmente utilizado para coletar evidências, e deixei o sangue escorrer para ele, após considerar cheio o suficiente retirei a faca de seu pescoço e voltei para minha mesa.

Damon me encarava, mas não com ira, e sim com um ar estranho de espanto. Testarei seu sangue senhor Damon Winchester e se não indicar que somos irmãos é bom você nunca mais cruzar meu caminho... Além disso irei checar pessoalmente cada documento neste arquivo. Ele sorriu, o encarei ainda mais intensamente. Mas se você não estiver mentindo e formos irmãos de verdade eu sinto que vou gostar de você. Damon se prepara para responder quando ouço duas batidas na porta da sala. Winchester... Preciso falar com você.... Vejo Marie atravessando a porta, mas parando e encarando Damon. Desculpe a interrupção, eu posso cuidar disso... Me levanto imediatamente, fosse o que fosse, para Marie estar ali, daquela maneira, certamente era algo importante. Não precisa, já encerrei o assunto aqui. Disse caminhando até ela. Edward mandou isto... Jack fugiu do Mungus, matou alguns enfermeiros... E atacou Julie. Senti meu corpo congelar, Jack vinha estando instável, eu sabia disso, mas jamais imaginei que ele fugiria atacando outras pessoas, mas saber que ele atacar Julie fizera com que eu ficasse sem rumo, encarei Marie. Eu posso cuidar disso mas acredito que você queira checar sua irmã.

Vasculho a carta de Edward em busca de alguma notícia ruim, mas não encontro nada, o que significava que Julie estava bem, ou pelo menos não estava em estado grave. Sim... Irei para lá imediatamente se você não se importar... Falo encarando Marie que apenas assente. Mais um vez me desculpe pela intromissão... Notei o olhar de Marie recair sobre Damon, o encarei por sobre o ombro. Me avise quando estiver saindo. Assim que Marie se retira me viro para Damon. Seria interessante que a imitasse e deixasse a sala... Tenho um assunto importante para resolver. Damon se levanta e sorri. Não sabíamos que tínhamos uma irmã. O encaro. Não temos... Eu tenho uma irmã e se você se aproximar dela antes que eu confirme o que você é eu não vou me importar se temos ou não um laço de sangue... Mato você! Talvez eu estivesse descontado parte da ira de saber que Julie fora atacada em Damon, mas não me importava nem um pouco com aquilo. Abri a porta e encarei minha secretária. Avise Marie que já estou de saída e, por favor, acompanhe este senhor até a saída do Quartel. Disse encarando Damon, depois simplesmente deixei a sala, indo para o Mungus.



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