Recepção do St. Mungus

Assim que desaparataram, Circe observou os arredores, salientando a companheira o quão excitante era a aparente tranquilidade que aquela região emanava naquele instante. Ainda não estavam nas dependências do St. Mungus, o que fez a bruxa parar por alguns instantes para refletir sobre o que faria. Embora não fosse o ser mais lúcido, a jovem sempre se destacara por sua leitura lógica das situações, gostando de temperar suas ações entre o impulsivo caótico e planejamento preventivo, o segundo, era raramente utilizado por ela nos últimos anos, entretanto, naquele momento, julgou necessário observar o ambiente tranquilo demais.

O Saint Mungus era formado pelo térreo e mais cinco andares, subdivididos entre sessões, donde cada ala se encarregava de diferentes tipos de problemas, de acidentes a doenças extremamente perigosas — algumas que Circe acharia divertido soltar sobre Londres —, como varíola de dragão, tratada no segundo andar. — Nossos alvos são o segundo, quinto e sexto andar e de quebra o sétimo. — Disse a Angelika enquanto atravessavam um beco ao lado do hospital, ao que, num piscar de olhos, a morena se curvou abruptamente, atirando-se ao chão, transfigurando-se em uma gata de pelos negros antes de cair elegantemente seguindo em um trote altivo, como se fosse um felino normal a vida toda.

Logo após, depararam-se com Askeladd, que aparentemente já aguardava a certo tempo. Eulalia, gostava do sujeito, tinha claro interesse nela, e a jovem nunca sentia interesse em homens alheios, seus únicos amores eram seu marido e seu “trabalho”. No entanto, ela o respeitava, para além de um depravado intrusivo, ela via nele uma insanidade divertida. Da qual valia apena se valer em ocasiões como está, na qual, alguém com sede de sangue podia ter suas presas bem utilizadas. Em forma de gato, a animaga encarou o parceiro de equipe, cuja boca parecia afiada o bastante. — Safado, irritante! — Pensou enquanto sibilava para ele na entrada.

Sem demora, a comensal seguiu seu trote tranquilo, adentrando por de trás do “ceifeiro”, que, a seu modo, iniciou esplendidamente o espetáculo. Circe teria vindo sozinha, mais os companheiros eram úteis, o que a animou ainda mais no ato que deveria causar alvoroço o bastante para que ali se tornasse o palco que traria todos os olhares pelas próximas horas. Miando, se afastou de Angelika que parecia ter seus próprios métodos de cumprir a missão. Caminhou pelos corredores, deslizando pelas escadarias, até chegar ao segundo andar, donde esperava encontrar alguma doença interessante. Parou em uma janela comum, donde observou a agitação de médicos e enfermeiras desesperados, diante de estrondos e gritos de terror por todos os lados. Com um pensamento, revelou-se ali na janela mesmo uma bela mulher, despida e de olhar sereno.

Esticou seu braço, e do lado de fora do prédio, retirou sua manta negra, com o que se cobriu com calma, aproveitando-se da paz para circular que os demais lhe entregavam. De um dos bolsos, retirou sua varinha, alegrando-se de ter feito bem seus preparativos. — Alarte Ascendare! — Gritou sem demora, girando a mesma e liberando o encantamento, que, acertou precisamente um homem de meia-idade, trajando jaleco branco, o arremessando por uma janela próxima bem ao fundo do corredor. Esse era um dos feitiços favoritos da bruxa que, sorriu alegremente imaginando a poça de sangue que se formaria lá fora, tão logo este caísse e, o efeito da magia que causava um choque violento no chão, em alturas normais.

Com mais bonança ainda, marchou assoviando para a ala médica. Onde avistou uma enfermeira e sem misericórdia a golpeou. — Estupefaça!— Parando frente a uma grande porta de madeira, onde podia escutar vozes do outro lado, se perguntando o que encontraria do outro lado. Encarou Niall e começaram a brincar. — Expulso! — Vociferou com fúria, arrebentando a porta em inúmeros estilhaços, encarando médicos e enfermeiras parados, assustados a observando. — Olá, queridos amigos da comunidade bruxa! — Falou em tom de deboche, fazendo uma reverência chamativa. — Estou com uma pequena e irritante dor de cabeça, algum de vocês pode me ajudar? — Questionou-os com um grande sorriso malicioso, é um olhar de ressaca, cheio de lascívia.