Cafeteria

Era um daqueles dias em que ela não via a hora de ir para casa. Depois de voltar de Azkaban, sua mente estava em alerta, a mil. E ela não sabia que linha de pensamento seguir ou o que fazer.

Claro que era seu dever informar o mundo bruxo e esse era seu intuito, mas haveria brigas, descrença e pânico. Mas o povo, seu povo merecia saber. Todos sofrem, mas mestiços como ela e sua irmã… Sempre eram caçados.

Ela tentou disfarçar seu desconforto, mas já havia marcado de se encontrar com a mulher que tinha como uma irmã mais velha e um pouco como uma mãe, apesar da pouca idade, Anne-Marie, era uma ótima conselheira, sempre disposta a ouvir e apoiar. Seu pai era um Juiz, um de seus tios um Auror. E ela não queria envolver seus familiares em seu trabalho.

Sua irmã sempre seria uma das primeiras opções, mas como irmã mais velha, seu primeiro pensamento era protegê-la de todo o mal que conseguisse.

Mas ela precisava relaxar e sossego o suficiente, durante grande parte da manhã, ela estava concentrada em conseguir mais informações para implementar suas pesquisas, sobre Darliguv, essa provável Horcrux,  e os atuais comensais. Para conseguir uma matéria decente, com informações confiáveis.

Seus olhos foram para o relógio e se arregalaram de surpresa, estava passando do horário do almoço, e seu estômago roncou com a negligência, essa manhã talvez ela tenha pulado o café da manhã. E isso era uma blasfêmia para uma veela.

Ao contrário da crença, veelas comem muito, para manter seu sistema acelerado satisfeito. Sempre gostamos de nos manter com um ou dois petiscos por perto.

Se erguendo, pegando sua bolsa e uma caderno azul royal réplica perfeita do caderno de River Song, por que sim ela era amante de Doctor Who, e não se importava em demonstrar isso, estava na Inglaterra, por Merlin.

Chegar à cafeteria foi rápido e o cheiro de café quase a deixou de joelhos, ela estava quase salivando ao ver bombas de chocolate, bombas calóricas? Seu lado veela, não a deixava engordar mesmo.

Pegando um chá e um café, junto com suas duas bombas de chocolate, seus olhos azuis correram pelo ambiente atrás de um lugar vazio, sem tantas pessoas. Seus olhos bateram em um rosto solitário em uma mesa no fundo.

O novo redator de assuntos sobre Hogwarts, ela já o havia visto, mais nunca havia falado com ele… Bem, para tudo tinha uma primeira vez.

- Olá! Sou Alizee Foucault, prazer em conhecê-lo! - A loira falou com empolgação, um sorriso animado, estendendo uma mão, após colocar sua bandeja sobre a mesa. - Espero que não se importe, é a mais vazia e estou curiosa sobre o cara novo, não vou mentir. - Confessou sem se importar.

Alizee sempre foi boa em fazer amizades e gostava disso, ele parecia quase irritado e ela conhecia aquela expressão em seus olhos, já havia visto aquilo várias vezes no espelho quando olhava para si mesma.

- Acredite em mim, se continuar forçando, irá acabar ainda mais frustrado. Desacelere no lugar de acelerar. - Sugeriu com um sorriso conhecedor, trocando seu chá, pelo café dele, com uma piscadela.

Uma coruja voou pelo prédio, circulando sua mesa algumas vezes, antes de pousar em seu ombro, bicando seus cabelos, uma risadinha saiu de seus lábios.

- Oi Alex, Alex esse é Arthur certo? - Ela não iria fingir que cada mulher, e alguns homens do jornal não estavam sussurrando sobre ele e que não havia ouvido seu nome por aí, só não tinha certeza se era realmente esse.

Acariciando o peito da coruja, ela a deixou pegar a carta. A caligrafia impecável e invejável de Anne-Marie surgiu, confirmando seu encontro do final de semana.

- Como está se adaptando a tudo? Já era daqui? - Talvez estivesse fazendo muitas perguntas, mas ela era uma jornalista afinal.  

Pegando uma folha de pergaminho solta, rapidamente escreveu sua resposta Estarei lá, levo a comida.. Entregando o pergaminho para a coruja, ela voou novamente desaparecendo pelo ambiente, seu pêlo castanho brilhando com os raios solares.

- Odinson? Brincaria que vocês se reproduzem como coelhos, mas não posso falar muito também. - Brincou rindo.

Ela já havia tropeçado com alguns e ouvido falar de outros, eles pareciam uma família tão grande e numerosa quanto a sua.

- Bem, eu já fui tímida. Hoje em dia não mais, para o desespero de papai. - Um sorriso maroto tomou seus lábios. Ela era uma adolescente extremamente bela e tímida na escola.

Por ter passado parte de sua infância cercada de outros veelas, sua beleza não era chamativa para sua espécie. Mas para os bruxos e trouxas… Isso com certeza era o que tornou a vida na adolescência um pouco… Complicada, mas a música, um empurrãozinho de alguns membros de sua família e teimosia e tenacidade sua foram capazes de superar isso.

- Oh esses momentos são uma merda, principalmente porque a ideia parece vir do nada, quando decide dar o ar da graça, claro. Às 03:00 hrs. - Bufou mordendo um pedaço de sua bomba de chocolate com imensa satisfação.

- É de Anne-Marie, uma amiga e membro da família. - Murmurou, e seus olhos foram para ele novamente, aproveitando que os olhos do homem não estavam sobre ela para analisá-lo.

Uma ideia brilhando em sua mente.

- Oh elas não podem. - Responde rapidamente. - Mas também não existe um feitiço as impedindo e Alex, é tão impaciente, quanto sua dona, quando tem algo para fazer. - Comentou com uma risada, balançando a cabeça.

Isso era algo que não podia ser disfarçado, Anne-Marie podia ser uma das pessoas mais calmas que conhecia, paciente com os sentimentos alheios, conselheira e ouvinte, mais esperar não era algo que a outra mulher fazia, apesar de que olhar geralmente taciturno, ela era um amor e manteiga derretida.

- Oh, a letra também é dela, usava meu melhor olhar de chantagem, para que ela fizesse as capas dos meus trabalhos. - Confessou rindo. - Não se preocupe, se fosse algo restrito, não teria aberto na sua frente. - Completou tentando confortar o homem tímido.

- Oh se você não tivesse talento, o PD não teria te contratado. Sempre temos esse momento, estou em um desses. Por isso, todo esse chocolate. - Bufou dando uma outra mordida e bebendo sua bebida quente.

Era incrivelmente frustrante, olhando o homem mais uma vez, sua língua estava coçando para fazer as perguntas que queria.

- Eu e minha família vinhemos na França, foi complicado no inicio, mais bem. Apesar do sotaque, estão correndo bem. - Disse sorrindo. - Hum… Então Arthur, o que irá fazer no final de semana? - Perguntou com curiosidade brilhando em seus olhos azuis.

1) Seu encontro com Anne-Marie, seria no final de semana.
2) Descobrir se ele era hetero, ou bi.
3) Convencê-lo a ajudar na mudança de Anne-Marie.
4) Eles não precisavam saber um do outro até chegar lá, não é?(Anne-Marie nunca daria na sua cara, na frente de Arthur, ela era uma perfeita Lady demais para isso)

K.C e seu lado veela havia a estragado para o namoro, aparentemente. Mas não significava que ela não podia dar uma de cupido. Tio Matteo e Anne-Marie eram perfeitos juntos, se tio Matteo gostasse de mulheres, eles seriam aqueles casais modelo.

Mas ele nunca a amou assim, e por algum motivo, apesar do casamento aberto, Anne-Marie nunca se aventurou com ninguém, pelo menos que ela soubesse.

Agora… Ela merecia alguém que a amasse, e ela iria mexer seus pauzinhos para isso. Arthur era muito adorável e talvez eles dessem certo…

- Talvez? - Um sorrisinho provocativo se espalhou por seus lábios, arqueando uma sobrancelha. - Ou com certeza? - Eles eram e apenas alguém com uma família tão numerosa quanto, podia brincar sobre isso.

Tomando um gole de sua bebida, se recostou contra a cadeira, balançando o pé pensativa.

- É complicado, tipo… Todos temos uma forma de ‘’desbloqueio’’, me enfio em dados antigos sobre o local que estou investigando, pessoas envolvidas, e me entupir de chocolate, claro. Alguns aqui tomam banhos longos, outros ouvem música, os impossíveis de se conviver também existem, aqueles que culpam tudo e todos por estarem travados. Mas a coisa é, quanto mais forçar, mais travado fica. - A loira sugeriu e mordiscou mais um pedaço, agora apreciando verdadeiramente sua guloseima.

O que a deixava pensando que não deveria está fazendo aquilo, pois estava sendo seu café da manhã e almoço, mais quem iria saber?

- Se você não for um enxerido, será um péssimo jornalista. - Brincou cutucando seu braço. - Mas não posso julgar, fazia o mesmo. Preferia fazer toda a pesquisa a escrever. - Acenou com a cabeça em concordância.

A loira conteve sua empolgação, mas não seu sorriso animado.

- Okay, então vamos nos divertir. Levo ás bebidas e comida, esteja pronto para o trabalho braçal, e ficar bêbado é uma possibilidade. Se não bebe, não será o único, então não se preocupe. - Alizee falou rapidamente, Anne-Marie raramente bebia, e enquanto estivesse arrumando o apartamento, duvidava que o fizesse.

A outra mulher precisava aprender a relaxar, por Merlin.

- Oh, você pode não querer também é claro. - Alizee lembrou, enquanto engolia o restante de sua segunda bomba de chocolate e tomava sua bebida. - Oh e Arthur, você é Hétero, homoxessual ou bissexual? Não julgo nenhum, porque particularmente gosto dos dois. Sou bi. - A loira falou com naturalidade dando de ombros.

Mas bem, para seus planos correrem como queria, ele precisava ser hétero ou bi. Seus olhos azuis estavam curiosos no homem, enquanto seus dedos tamborilavam no tampo da mesa.