Existe um provérbio chinês trouxa que diz:” O tempo é o correio da vida, ele trará tudo aquilo que estiver destinado para você.”. Desde o primeiro momento que Ella ouviu aquela frase, ela entendeu tudo que acontecera em sua vida, naquelas linhas empoeiradas, a loira compreendeu que tudo custa tempo, e que todo o tempo gasto desde o seu nascimento fora preenchido pelos acontecimentos que ela estava destinada a passar. Desde nascer acompanhada por Cameron, seu amado irmão, ver Anlow nascer e se tornar um brilhante garoto, mesmo que as vezes ele lhe dava nos nervos, crescer em um lar cheio de amor, ser mãe na adolescência e ver o mundo incrível que a maternidade – por mais precoce que foi – lhe trouxe. Ver o brilho nos olhos e o sorriso lindo de Annys pela primeira vez, á fez ama-la muito mais a cada dia, dedicando sua vida inteiramente a sua princesa que agora é uma linda mulher. Quanto ao pai de Annys, bom, vamos tentar não falar dele.

Lavrov adentrou a cafeteria aquela tarde disposta a fazer aquilo que não fazia a um bom tempo, relaxar. Tomar um chá de menta bem quente, deliciar-se com uma enorme fatia de bolo, ver as pessoas – sentada na mesa que ficava do lado da vidraça – enquanto faziam o que a de melhor pra ser feito no fim do verão, viver. Antes de qualquer coisa que a bruxa viera a pensar em fazer, Ella puxou da bolsa uma folha em branco, envelope, tinteiro e pena para escrever uma carta a sua filha que acabará de inaugurar sua tão sonhada loja, o que fez a loira perceber que aquela era a primeira conquista de Annys na qual ela não se fazia presente para aplaudir, assim como fizera a vida toda, lhe causando um sentimento de culpa, mas ao mesmo tempo ela sabia que a filha compreendia perfeitamente sua ausência.

Durante alguns minutos, Cruella se dedicou arduamente em preencher aquela folha em branco, com lindas palavras de carinho, orgulho, amor e felicitações a filha, garantindo a mesma que assim que o ano letivo se findasse ela iria abraça-la pessoalmente e comemorar com a jovem sua realização. Assim que terminou, Ella, colocou a carta em um envelope, lacrando o mesmo com o carimbo com o brasão da família, devolvendo tudo a sua bolsa, incluído a carta, para que a enviasse assim que voltasse a Hogwarts.

Os olhos azuis da loira fitaram algumas crianças do lado de fora que brincavam com os pais, o que a fez pensar em como teria sido sua vida se o pai de Annys tivesse ficado. Ella se viu a pensar no quanto o amou. Amou a ponto de se entregar incondicionalmente sem ao menos pensar, mas com a mesma intensidade que ela o amor, também passou a odiá-lo no dia que ela a deixou plantada no altar a sua espera. A partir daquele dia, ela nunca mais falou sobre ele ou pronunciou seu nome, jurando amar a filha e com a ajuda da família a criou, com valores que ela mesma recebeu dos pais. A única vez que Annys perguntara do pai – aos cinco anos de idade – Ella apenas se recusou a responder a filha, então a pequena garotinha entendeu o quanto aquele assunto feria a mãe e nunca mais falou sobre.

Um longo suspiro percorreu as narinas da loira, esboçando um leve semblante de destreza. Apesar de tudo, Ella se sentia vazia as vezes, sentia-se incompleta, apesar de na maior parte do tempo sempre se demonstrar forte, segura e acima de tudo, ser dona da própria vida, Lavrov parecia se ver sozinha, mesmo sabendo ser desejada por diversos homens, ela não se permitia amar novamente. Seus romances não passavam de uma noite, depois de dezoito anos, era como se a ferida ainda estivesse ali, aberta e latente, sempre a lembrando de tudo que passou.

Enfim, mas como tudo na vida é questão de espirito, Ella não se permitia deixar-se abalar por esse assunto. A loira prendeu os longos cabelos em um rabo de cavalo despojado no topo da cabeça, concertou a postura, logo dando uma boa garfada no bolo a sua frente, levando aos lábios, suspirando um tanto prazerosa sentindo a mistura de sabores na sua boca. Sim, menta e chocolate combinavam muito bem. Um sorriso de satisfação botou no rosto da mesma, exaltando assim sua beleza, desfazendo qualquer resquício que a tristeza momentânea pudesse ter lhe causado. Puxou rapidamente um livro de dentro da bolsa, abrindo-o na página devidamente marcada por seus óculos de leitura, que foram rapidamente acomodados em seu rosto e rapidamente a loira se viu perdida entre meio as linhas de uma boa história trouxa.

"Flashback POV Ted Mosby 16 anos"

Hoje era dia de festa, meu irmão gêmeo Barney e eu, estávamos completando dezesseis anos. Nossos pais passaram o dia inteiro com a gente depois de pegarem uma autorização especial do diretor para fazer isso. Todos os nossos amigos se juntaram à nós e aos nossos pais em um dia incrível, onde nós fomos à Hogsmeade, comemos para caramba, cantamos parabéns com um bolo incrível de chocolate.

Depois quando voltamos para a escola, entramos no Salão Principal apenas para encontrar uma festa surpresa para nós, organizada pelo diretor e pelos nossos amigos que ainda não tinham idade para ir à Hogsmeade sozinhos. Eu e o Barney somos alunos bem populares porque nós sempre somos legais com todos, não só com os professores, com o diretor, mas também com os alunos, os quadros, os fantamas, até mesmo com o Pirraça nós somos legais. Mesmo ele tentando de tudo para irritar à todos.

Quando deu o horário do toque de recolher, nossos pais tiveram que ir embora. Antes deles irem, demos um abraço muito forte neles e dissemos o quanto os amávamos. No dia seguinte, acordamos e fomos direto para o Salão para tomar café da manhã, enquanto comíamos, recebemos uma carta do Ministério falando que nossos pais tinham sido atacados por comensais assim que chegaram em casa. Ao que parece eles caíram direto em uma armadilha. Eu e meu irmão perdemos o chão e por coincidência nesse momento todo mundo se calou.

O diretor quando foi dar seus anúncios matinais, nos fitou e ao ver lágrimas escorrendo pelos nossos rostos, ele veio até nós e perguntou o que tinha acontecido. Eu e Barney ainda estávamos em choque com a notícia, então eu apenas estiquei para ele a carta, assim que ele terminou de ler, ele nos abraçou e disse que podíamos voltar para os nossos dormitórios se quiséssemos. Mas eu respondi que não precisava, se a gente ficasse sozinho, poderia ser pior e ele entendeu isso perfeitamente.

Quando o diretor voltou ao seu local de fala, ele pediu à todos um minuto de silêncio pela morte de nosso pais e depois disso nós recebemos uma enchurrada de abraçoes por parte de nossos amigos e professores, até os fantasmas vieram falar conosco. Quando terminamos de comer, eu me levantei junto do meu irmão e fomos para a primeira aula do dia. Nós estávamos com cabeça para isso? Não, mas se a gente ficasse sozinho, iria realmente ser pio para nós.

Quando as férias daquele letivo chegaram, eu e meu irmão fomos levados para um orfanato trouxa, apesar de não entedermos o porque, já que éramos bruxos. Nossa vida perfeita acabou no dia que botamos o pé naquele lugar.

"Fim do Flashback"

As memórias vinham à mim conforme novas lágrimas queriam cair pelo meu rosto, eu e Barney passamos dois anos naquele lugar infernal. Para protegê-lo, quando os cuidadores queriam bater nele, eu sempre me passava por ele e recebia todas as chicotadas e chutes e socos e tapas que eram destinados ao meu gêmeo. Eu não me incomodava com isso, afinal, Barney de nós dois era o mais fraco fisicamente na época.

Quando viramos as costas para aquele local, nós dois pegamos a herança da família e a primeira coisa que fizemos foi comer algo, já que quando não estávamos em Hogwarts, ou seja durante as férias, tinhamos que voltar para aquele lugar tenebroso e nunca conseguíamos comer direito, porque eles não nos deixavam ir para o refeitório do local. Nós dois éramos forçados à fugir para procurar comida no lixo, ou então em algum restaurante que fosse gentil o suficiente para nos dar algo para comer.

Nós nos formamos com 17, então tivemos que ficar ainda um ano inteiro no orfanato, então o período de fome que passávamos que antes era só de três meses, virou de um ano inteiro, onde raramente conseguíamos comer direito. A segunda coisa que fizemos com o dinheiro foi viajar por aí, conhecendo novos lugares e novas pessoas. Eu virei um bebâdo, mas nunca esqueci a educação que meus pais me deram, então quando eu bebia, eu continuava sempre respeitando à todos, não arranjava briga com ninguém. A bebida apenas me trazia uma sensação de torpor que sóbrio eu não conseguia atingir.

Fui tirado dos meus pensamentos quando entrei no lugar ao qual eu estava indo, uma casa de chá, não era exatamente o meu lugar preferido, já que não vendia alcool, mas era por isso que eu sempre tinha minha garrafinha de bebida comigo, eu adicionava ela em todo chá que tomava. Adentrei no local e acabei esbarrando em alguém quando fui fazer o meu pedido, eu estava um pouco alto já, era verdade.

Pedi desculpas e quando voltei de fazer meu pedido, vi que aquele era o único lugar disponível para sentar, porque aparentemente a casa encheu entre eu esbarrar nela e ir fazer o meu pedido. Eu estava com um chá de Hortelã e um pedaço de bolo de chocolate, porque era o meu bolo preferido e também porque me fazia lembrar daquele último dia perfeito com os meus pais. Hoje eu percebo, que parece que naquele dia, eu e Barney tinhamos sentido que algo iria acontecer com eles.

Me aproximei da mesa onde estava a moça, que só agora eu havia percebido que ela era extremamente bonita.

- Com sua lincença senhorita, por algum acaso eu poderia me sentar com você? É que não tem nenhum outro lugar disponível e eu gostaria de me redimir com você por quase ter derrubado o seu livro no chão. Prazer, o meu nome é Theodore, mas pode me chamar de Ted, eu acabei de pagar pelo seu pedido e o meu em forma de um agradecimento por você não ter me xingado quando eu te bati sem querer.

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