O Corujal

Cada dia que passava estava mais e mais angustiada. Era uma sensação como se algo estivesse me chamando, esperando por mim a cada curva que fazia no castelo, sempre me puxando para a escuridão. Eu sabia o que era, meus pais haviam me alertado sobre isso. A maldição do caçador estava a flor da pele, esperando o primeiro impulso para ser ativada.

Enviara uma carta a meus pais no último fim de semana, avisando-os de que os impulsos estavam mais fortes e mais difíceis de controlar, ainda mais quando Hogwarts havia começado a aceitar mais e mais alunos sobrenaturais.

Levanto-me da cama no meio da noite, coloco um roupão de minha casa me certificando de que ja passava do horario de ronda dos monitores e decido que me arriscaria andar pela escuridão do castelo até algum lugar que pudesse apenas ouvir o som do vento a cantar pelo espaço aberto.

Dentro de minutos me encontro no topo do corujal, com todos aqueles animais dormindo era tranquilizante estar por ali e poder respirar um ar puro sem ter que lutar contra o impulso de invadir cada quarto de minha comunal atras de qualquer ser sobrenatural.

Ainda sim, eu me perguntava se matar um deles era só o que ativava por completo a maldição do caçador, em tudo que li era o que falava, mas nada parecia realmente completo. Na verdade, parecia muito simples. Pouso meus braços sobre o parapeito do corujal olhando para o horizonte. Tão inerte em meus pensamentos, quase me assusto quando percebo que não era a única figura humana no local. – Se tivesse mais um pouco distraída, poderia ter me matado e eu jamais saberia quem foi – digo para a pessoa que agora estava caminhando para a luz do luar, deixando que pudesse a reconhecer.

Abandonado por Kieran naquela noite de ronda eu faço como de costume, olho o interior do castelo de primeira, saio para a área externa e por fim volto para uma segunda vistoria no horário mais tarde, antes de ir dormir. Estava olhando a parte externa, o salgueiro estava aproveitando a luz do luar e o silencio da noite, as criaturas magicas dormiam e a cabana do guarda-caça apenas uma janela era iluminada pela luz amarela das velas. Caminhei ate a torre do Corujal e subi as escadas, eu sabia que não iria ter ninguém ali mas por desencargo de consciência eu iria checar. O cheio de coco de coruja me incomodava profundamente, tanto que eu preferia pedir a Beatriz que levasse minhas cartas para serem enviadas.  Quando cheguei ao topo algumas corujas piaram mas a maioria nem estava ali, certamente caçando por serem noturnas. Olhei para o parapeito do corujal e me surpreendi quando vi a silhueta de alguém, o que eu não esperava. Comecei a me aproximar o que causou alguns ruídos no chão que era coberto por coco e alguns ramos de feno, folhas e galhos que elas traziam de suas caçadas. Se tivesse mais um pouco distraída, poderia ter me matado e eu jamais saberia quem foi Falou a voz da menina que eu achei que era Adora pelas mechas ruivas mas a voz era completamente diferente. Se não tivesse aqui em horário indevido não estaria correndo esse risco. Falei surgindo das sombras revelando minha silhueta e tirei meu capuz para mostrar que eu não  era nenhuma  ameaça a menina. Olhando para ela com um sorriso notei suas feições que me eram incomuns, o que indicava que ela devia ser do quarto ano e primeira vez sendo pega fora do horário.

Imagino que seja do quarto ano pois não a reconheço. Me chamo Viktor Vanucci, sou monitor de nossa casa. E me lembro muito bem de ter dito as regras de recolhimento aos novatos no primeiro dia em Hogwarts. Falei com um sorriso no rosto enquanto olhava para menina que parecia surpresa em ouvir aquilo, ou pelo menos fingia estar e me explicava seus motivos de forma superficial de estar ali. Eu não sabia se ela falava a verdade mas eu tinha uma politica interna de sempre liberar um aluno que eu pegava pela primeira vez descumprindo alguma regra, um aviso era sempre minha primeira advertência. Tudo bem mas infelizmente é proibido ficar aqui depois das nove da noite. Em teoria eu precisaria mandar você para a detenção de amanha de manha mas... Falei olhando para ela que parecia não desejar de jeito algum que eu mandasse para a detenção. Vou deixar por hoje somente uma advertência tudo bem? E evite essas saidinhas anoite, é proibido e não quero que perca pontos para nossa casa por irresponsabilidade. Falei olhando para ela que acenou com a cabeça feliz que eu estava dando esse mole para ela, se ela tivesse caído sobre as mãos de Dora ou Kieran, não teria tido tanta sorte. Respirei fundo e olhei a paisagem que se dava do alto da torre do corujal, era lindo como o lago brilhava e refletia a lua. Sei que não deve querer se abrir com alguém que acabou de dar um sermão mas... Falei cortando o silencio que estava entre nos, a ruiva olhou para mim e eu para ela, eu me preocupava com todos mas tinha uma preocupação maior com meus colegas de casa.  

Quando eu cheguei você estava tão perdida em seus pensamentos, tão quieta que quase nem mesmo eu reparei que estava aqui. Parecia perdida em problemas, tem algo que posso a ajudar? Se for problemas com colegas de turma ou casa eu posso resolver. Falei colocando minha mão sobre o parapeito da torre enquanto olhava para a ruiva e esperava que ela me respondesse.

Não estava bem em meus planos dar de cara com um monitor, muito menos o de minha própria casa. Com a quantidade de alunos em nossa casa não me surpreendi de ele não me conhecer, apesar de eu estar sempre com Lillian e escutar ela falar maravilhas dele, eu sabia quem ele era. – Sim me lembro de você passando os avisos no primeiro dia, assim como lembro de ser um aviso recorrente todos os anos ao inicio das aulas – digo após levar um sermão de como aquilo era proibido e irresponsável. – Lembro-me também de ter escutado que as rondas dos monitores acabavam a uma da manhã... já passou das duas... e, ou você está atrasado para terminar sua ronda ou está só fora da comunal assim como eu – viro meu corpo para voltar a ficar de costas para ele, e mantendo meus olhos na escuridão. – Mas agradeço por pegar leve... desta vez.

Eu estava bem ciente das regras, mas não era como se me importasse com elas. Sempre ganhava pontos nas aulas, mais do que a maioria então perdê-los não era algo com que eu me preocupava. - Sei que não deve querer se abrir com alguém que acabou de dar um sermão, mas... – viro um pouco de meu rosto apenas para ver ele se pousando suas mãos no parapeito, assim como fazia com meus braços.

Endireito meu corpo assumindo a mesma posição dele. Ele estava certo sobre não querer me abrir, mas isso era indiferente da pessoa que ele era, o que eu estava pensando e sentindo eu sabia que não havia ninguém que pudesse me ajudar. – Agradeço a sua disposição, caso eu tenha qualquer indisposição com outro aluno, o procurarei... Mas no momento não é o que esta me deixando perdida em meus pensamentos como bem colocou – fecho o roupão de minha casa, com força em frente a meu peito, com a esperança de impedir o vento, agora gelado, de esfriar todo meu corpo.

Olho para Viktor, que ainda parecia querer algum tipo de resposta, já que claramente a minha não o havia satisfeito. Não podia contar a ele que havia saído de nossa comunal para não sucumbir ao desejo assassino de meu gene de caçador, pois aparentemente havia alguma criatura sobrenatural em nossa casa que havia despertado tais desejos. – foi apenas um terror noturno... precisava de um pouco de oxigênio e isso – disse apontando para a escuridão a nossa frente. – é o que me tranquiliza. - deixo um sorriso escapar, a noite não seguiu exatamente como eu havia planejado, mas de certa forma era bom conversar com alguém fora do meu circulo minisculo de amizade. - A propósito, ja que não me conhece, sou Rosalie.. Whitlock. - digo estendendo a mão para cumprimentá-lo, formalmente desta vez -  você, Viktor.. o que faz a essa era fora de nossa casa comunal?

Rosalie - Viktor

Sua resposta nao é uma resposta. Eu continuei esperando que ela me respondesse pelo menos se estava ali por problemas pessoais ou da escola. A escuto falar sobre pesadelos noturnos, eu sabia em teoria o que eram e imaginava que devia ser algo terrível. Também gosto do silencio e escuro, acho que nos permite realmente pensar sem interferências. Falei reconhecendo que após um pesadelo  o silencio e escuro eram reconfortantes. Por motivos como o dela que eu gostava sempre de ouvir a explicação da pessoa que estivesse infringido as regras. A escuto se apresentar e percebo que nao tive a educação de perguntar seu nome quando a peguei na beirada. É um prazer Rose. Eu digo com um sorriso,  e ela em seguia me questiona o de eu estar ali naquele horário. Como me respondido antes, estávamos fora da ronda de monitores por isso eu também nao deveria estar ali. Soltei um sorriso sem graça e olhei para o horizonte, Lillian me mantinha acordado, pelo menos os pensamentos de nosso primeiro encontro. Estou ansioso com uma coisa e quando fico ansioso perco o sono e estou sem um livro para passar a madruga lendo, então me restou passear como você. Eu disse para ela que arqueou uma sobrancelha esperando que eu desse mais informações. Eu nao tinha problema em me abrir com ela, na verdade com ninguém, mas preferia deixar em suspense como ela deixava sobre os pesadelos.  Digamos que eu nao levo muito jeito com as meninas e eu gosto muito de uma da minha sala. Falei soltando um sorriso pensando por alguns segundos em Lillian mas depois voltei ao presente.

E como eu nao quero estragar nada com meu jeito estranho, eu fiz um acordo com um menino do quarto para ele me ajudar. Ele me parece... Ter mais jeito... Eu falei um pouco sem graça por nao ter orgulho de ser sem jeito com as meninas, Rosalie me olhava um pouco surpresa, talvez por eu parecer uma pessoa normal conversando com ela, mas meu problema era sempre quando eu tinha consciência de meus sentimentos pela pessoa. Ai estou ansioso pois nao sei se consigo confiar nele, sem contar que o que ele pediu em troca eu nao me orgulho de ter feito... Falei olhando para o horizonte por alguns segundos antes de Rose voltar a me chamar perguntando o que ele havia me pedido em troca de sua ajuda. Digamos que eu precisei invadir o dormitório de alguém para xeretar... Falei de forma mais evasiva, nao tinha orgulho e nem queria que as pessoas soubesse que eu havia feito algo daquele tipo, principalmente com uma colega de casa. Olhei para a ruiva quando ela me disse algo em seguida.  

Era de fato estranho ouvir de um garoto como estava ansioso por algo, não havia feito amizade com muitos desde que entrara em Hogwarts, meu grupo era quase cem por cento feminino não sabia muito como lidar, mas imaginava que não fosse tão diferente de como era com as meninas.

Continuou a me falar sobre o que o estava deixando ansioso, e a última coisa que esperava era ele dizer era que não levava jeito com meninas e que estava gostando de uma de sua sala. Logo penso em Lillian. Viktor podia não me conhecer como amiga de Lillian, mas eu sabia dos sentimentos dela por ele e com certeza poderia fazer algo para que acontecesse. Continuo escutando que fizera um acordo com um garoto do quarto ano que lhe prometera ajuda caso ele invadisse o dormitório de alguém, que pela lógica era da nossa casa.

- Você não acha que talvez uma menina ajudasse você melhor nesta questão? – pergunto sem deixar transparecer minha curiosidade para com o assunto. – Digo, pelo que me contou deste menino, ele parece estar agindo em interesse próprio e não para ajudá-lo – desisto e ficar em pé. Me sento na escadaria e faço sinal para que Viktor me acompanhe – De qualquer forma, pela sua cara vejo que não conseguiu descobrir o que quer que tenham te pedido.

Uma das qualidades que eu mais admirava em mim mesma era o fato de ser extremamente observadora, e era uma boa leitora de pessoas. – Mas se quiser, posso eu te ajudar com a menina... não pedirei nada em troca fique tranquilo. A não ser que queria me ajudar com minhas pesquisas – sorrio para ele empurrando seu ombro com o meu.

Sinto uma pontada dentro de mim, sentia algo me puxando para a escuridão. Mesmo tentando esconder meu arfar de Viktor ele percebe. Eu sabia que aquela pontada significava que tinha alguma criatura por perto, estando em Hogwarts era mais frequente o gene de caçador estar sempre a flor da pele. Aperto minhas mãos em minhas pernas, tentando esconder o tremor. Enquanto espero que Viktor fale qualquer coisa.

Rosalie - Viktor

Escuto Rosalie concordar comigo de que realmente eu não poderia confiar muito em Derek mas pedir ajuda a uma outra menina seria bem mais complicado para mim. Me sentei ao seu lado na escadaria enquanto a escutava. Descobri eu ate descobri... mas acabei sendo pego em açao pela pessoa... Eu disse em meio as suas palavras ate que a escutei se oferecer em me ajudar, eu fiquei surpreso pois jamais imaginei que alguma menina iria quererme ajudar com aquele tipo de situaçao.  A senti empurrar meu ombro enquanto mencionava uma pesquisa sua, eu me inteiresse na hora, sempre gostei de ler e pesquisar coisas, descobrir algo novo entao, seria divertido. Sua ajuda seria muito bem vinda na minha vida amorosa enrolada... mas de que pesquisa esta falando? Sou um corvino de sangue, se nao for nada ilegal, sera um prazer ajudar e... Eu estava a respondendo quando notei que ela estava com uma expressao desconfortavel, primeiro pensei ser a mim mas suas maos tremulas entre as pernas me indicaram que com certeza era algo muito mais serio do que somente eu. Esta tudo bem? Voce parece com algum tipo de dor. Eu disse colocando minha mão sobre seu ombro mas a vejo melhorar quase que em um milesimo de  segundo. Sua expressão de desconforto se vai e sua tremedeira tambem, como se ela tivesse tomado uma poçao milagrosa. Eu ouvi ela dizer que estava tudo bem que nao era nada, só um calafrio. Eu sabia que ela nao estava sendo totalmente sincera e agora eu pensava que talvez sua pesquisa tivesse relaçao com seu estranho mau-estar.

E por acaso... Essa sua pesquisa tem haver com algo do que acabou de acontencer? Eu perguntei olhando para ela por inteiro e a vi rosar um pouco as bochechas, talvez por eu ter ligado as duas coisas tão facilmente ou por outra coisa mas a vi pela primeira vez pensar nas palavras que iria dizer e nao pude deixar de soltar um pequeno sorriso. Nao precisa me contar nada mas vai ficar dificil de te ajudar com a pesquisa sabendo tao pouco. Falei por fim olhando para ela tentando mostrar que podia confiar em mim e se fosse algo que a estivesse machucando, como eu sempre fazia com todas, eu iria fazer de tudo para ajudar a resolver. Sem contar que ainda quero sua ajuda com Lillian... a menina que gosto. Falei mostrando que eu nao estava querendo invadir seus segredos mas que queria mesmo ajuda-la com o que quer que claramente a estava lhe causando um desconforto ou outra sensaçao desagradavel. Ainda sentado ao seu lado bem mais ao longe na vista eu consigui ver talvez a silhueta de um hipogripo voando e sorri imaginando ele mais proximo, o quao belo seria e entao sai de meus pesamentos quando ouvi Rosalie me responder.
   

Se toda a aflição de sentir meu corpo todo ser chamado para ir atrás de uma criatura na escuridão não bastasse, ainda havia conseguido que Viktor percebesse que algo não estava certo. Ele me questionara sobre meu bem estar.

O contato de sua mão em meu ombro faz com que aquela sensação passe, era estranho. A unica pessoa que tinha o poder de fazer a sensação passar com o contato físico era minha mãe e bom ela não estava aqui. Talvez significasse que eu devesse mesmo tentar amizade com Viktor, ou pelo menos que era um sinal de Merlin de que o moreno era confiável. - É uma pesquisa para um dos trabalhos que o professor de arte das trevas passou... temos que falar sobre uma raça dentro de nosso mundo... e bom, eu fiquei com a raça dos caçadores - não era a verdade, não havia trabalho nenhum apenas eu querendo saber mais sobre minha condição - mas não tem muito sobre essa raça nos livros liberados da biblioteca então preciso acessar a area restrita - digo e volto meu olhar para os seus.

Mas logo vejo ele olhando para o alto, e sigo com meus olhos, vendo a a silhueta do hipogrifo a voar em frente a lua, como se estivesse em uma dança majestosa e solitária. - Agora sobre Lillian - digo chamando sua atenção. Sorrio por ter a confirmação de que era dela mesmo que eles gostava - Bom... você pode convidá-la para tomar cafe na madade pudfoot... tem uma passagem direta para hogsmead pelo salgueiro e bem... consigo cobrir vocês dois por algumas horinhas essa semana - sorrio vendo o brilho em seus olhos. Gostava de pensar que era pelo que eu havia dito, mas tinha quase certeza que o brilho era devido a lua cheia no ceu.

Quase instantaneamente escuto um uivo alto vindo da floresta e mais uma vez a pontada na boca de meu estomago. talvez significasse que a criatura estava mais perto do que imaginava. - Rose? - o escuto dizer meu nome, enquanto tentava me recuperar novamente. - Eu preciso voltar para a comunal - me levando e caminho para a escadaria interna do corujal ainda de costas continuo a falar - me avise quando a chamar... Ela vai ficar feliz de sair com você Viktor- e com isso desapareço esdaria abaixo. Não podia arriscar deixar aquela sensação tomar conta de mim e acabar machucando viktor. O restante da noite seria terrivel, podia sentir em meus ossos.

Rosalie - Viktor

Meu aniversario havia sido no inicio de outubro e ainda nao havia recebido a carta anual de meu pai, o que era estranho, por isso, no dia de hoje eu iria enviar uma carta a ele, perguntar como andas e ate mesmo sobre sua permissão ao deixar Regan vir a Hogwarts.  O caminhar ate o corujal era longo, precisava sair do castelo, caminhar pelos jardins e subir longas escadas ate o topo da torre. Nesse caminho todo me deleitei com as noticias do jornal, algumas eram surpreendentes como o as novidades sobre a família de Aaron. Outras apesar de preocupantes me eram satisfatórias, como o sequestro de Skriniar, que apesar de eu negar veementemente, eu havia me divertindo pelo fato de ter sido ele o escolhido. Calma, também nao Pre... A voz feminina me fez parar em meus degraus, faltava um lance de doze degraus para eu chegar ao topo mas preferi parar para não intervir. Parecia uma briga de dois que depois identifiquei quem eram, Aaron e Brunna. Te levei no baile, nao terminei com você por pena do seu irmão estar todo doente da cabeça, As coisas estavam ficando acaloradas, nao gostava de intervir na vida das pessoas mas também nao conseguia deixar uma dama sendo tratada daquela forma. Voltei a subir os degraus pronto para me intrometer e parar Aaron com as ofensas que fazia de cabeça quente. Faltando somente cinco degraus, a silhueta dele surgiu a escada, nossos olhos se cruzaram e eu fechei meu semblante para ele. Precisa aprender a ser educado Aaron, o que quer que esteja passando, ela nao tem culpa. Precisa parar de descontar suas frustrações em quem quer te ajudar. Eu disse imaginando que sua raiva viesse da noticia de sua família mas ao mesmo tempo nao via motivos dele atacar Brunna daquela forma. E você precisa parar de se meter na vida dos outros Vanucci! Vai cuidar da minha irmã que você sabe fazer melhor! Disse quase cuspindo as palavras em mim e voltou a descer as escadas, suspirei diante de sua infantilidade e voltei a olhar para o topo do corujal por alguns segundos, Brunna nao descia. Subi os degraus restantes e encontre Brunna apoiada sobre o parapeito da torre, olhando o horizonte.

Me lembrei vagamente da noite que conheci Rosalie, uma tristeza me bateu ao lembrar que ela havia saído de Hogwarts pouco tempo depois. Você esta bem? Perguntei me anunciando, Brunna ligeiramente limpou suas pálpebras inferiores e se virou com um sorriso falso preso ao rosto afirmando que estava ótima, o que era uma mentira.  Não precisa se abrir comigo nem nada sobre tudo que aconteceu, mas saiba que você nao é nada do que ele disse. Ele só esta frustrado com... Eu dizia quando a mesma acenou com  a cabeça limpando algumas lagrimas que se atreviam a sair. Eu sei, por causa do jornal, eu sei que ele nao é assim... Só que... Ela disse mas precisou parar pela chuva de lagrimas que tomou conta dela, ela tampou o rosto e eu me aproximei colocando minhas mãos sobre seu ombro. Esta tudo bem, é normal ficar triste quando ouvidos essas coisas de quem gostamos. Vem aqui! Vai ficar tudo bem, ele vai perceber as besteiras que disse. Eu disse e a puxei para um abraço, eu nao possuía nenhuma intimidade com Brunna mas ela era irmã de Kieran e por alguma razão me fazia ficar apegado a ela, como se fosse próxima de mim. Eu deixei que ela se acalmasse em meu abraço, fiquei com ela ali alguns segundos mas minha mente implorava para que eu perguntasse sobre aquilo que eu estava em duvida. Sei que vou parecer um babaca agora pois estou tentando melhorar seu humor mas ao mesmo tempo... Eu queria muito entender o que o Aaron quis dizer com o Kieran nao estar bem da cabeça? Eu disse em meio a nosso abraço e isso foi o que nos afastou, ela pareceu se recompor e aquilo que a perguntei parecia ser serio. Vi Brunna desviar o olhar um pouco desconfortável, e nao a julgava, minha ultima conversa com o seu irmão havia sido uma briga e uma das bem feias.

Me desculpa, eu nao queria me intrometer nisso, é que eu realmente ando muito confuso, a dois meses atrás eu tinha um melhor amigo e agora ele se foi e nao consigo ver onde eu errei, o que eu fiz que mudou tanto ele... Eu disse olhando para a morena a minha frente, eu me culpava por Kieran, ele me culpava, dizia que era por eu ter abandonado ele nas férias, por ter escolhido Lillian. Sai de meus pensamentos quando Brunna após um longo período em silencio pensando se falaria comigo finalmente começou a falar.

A historia de Brunna me foi um baque, se nao fosse pela resistência de minhas pernas, eu teria caído duro ali mesmo. É impossível nao sentir meu peito se enchendo de culpa com cada palavra que ela diz, meus momentos em excesso com Lillian veem a minha mente, meus maravilhosos momentos e depois penso nos poucos que de fato tive com meus amigos, era doloroso perceber uma verdade que antes eu nao via. Imaginei todo  o sofrimento que Kieran passou e eu nao percebi, comecei a me martirizar como um amigo ruim, como havia deixado tantos detalhes escaparem? Eu estava mesmo ficando cego para coisas que minha moral antes jamais permitiriam passar. Eu quero ajudar! Foi a primeira e única coisa que me veio a cabeça, eu havia falhado como amigo, nao havia visto os sinais, nao havia ido procurar saber mas agora que eu entendia tudo e a gravidade, eu nao largaria aquela missão ate salvar meu melhor amigo do abismo sombrio. Ei nao precisa atacar a Lillian por isso! A falha é minha ela nao tem culpa alguma! Eu me coloco diante quando minha namorada é atacada e eu nao vejo qualquer necessidade disso. E sou surpreendido com a voz de Regan surgindo, eu e Brunna olhamos ritma mente para ela que aparecia das escadas. E grudenta ela precisa ser ne, meu irmão não consegue ficar sem querer ajudar todas as mulheres que aparecem próximo dele, se chorar perto dele então, só falta te carregar no colo... Olhei com fúria para Regan, ela estava cutucando minhas feridas com vara curta. Só veio aqui pra implicar comigo? Perguntei e escutei ela negar e se colocar a minha frente mandando que eu fosse embora, defendendo o desejo de Brunna de nao querer minha ajuda.

Eu namoro queria que eu fizesse o que? Perguntei depois que ela afirmou que era melhor eu ficar afastado de Kieran por causa do baile. As próximas palavras de minha irmã foram dolorosas, por terem um fundo de verdade. Eu havia falhado com meus amigos mas nao estava fingindo minha preocupação por eles. Eu nao fiz de proposito, eu amo minha amizade com o Kieran eu só, me deixe levar pela minha paixão por Lillian e talvez... Talvez eu tenha deixado as coisas confusas.. Eu falei me divagando um pouco, as palavras de minha irmã ainda batiam forte em minha cabeça. Então primeiro resolva sua confusão mental, pois Kieran nao precisa mais disso. Brunna disse cruzando os braços ao lado da minha irmã, eu nao iria me opor ao que elas duas falavam, suspirei. Eu respeito que nao queria minha ajuda Bru, eu machuquei seu irmão mesmo sem intençao mas nao deixarei de fazer minhas próprias pesquisas para ajudar ele. Eu disse determinado, aquilo pareceu deixar ela surpresa mas ela fingiu nao ligar, arqueou os ombros e desviou o olhar. Faça o que quiser, eu nao quero saber... Ela disse se fazendo de difícil e eu entendia devido ao momento e a lenha que minha irmã havia colocado. Tudo bem, mas virei a você de qualquer jeito com qualquer informaçao que eu achar importante. Disse e ela me olhou ainda surpresa, talvez por nao esperar que eu fosse ser tão compreensivo com sua decisão de nao me querer perto. Olhei para Regan que me encarava seria como se me expulsasse com os olhos e suspirei decidindo que era melhor eu ir... Desculpa por qualquer coisa e... Bom resto de tarde.. Eu disse e decidi dar as costas as duas meninas e sai do corujal agora pensando por onde começaria para entender e achar uma cura para Kieran. Brunna havia mencionado Laura e era por ela que eu começaria.