Jardins do Orfanato

Com o Foster Home anunciado e aberto minhas visitas estavam se tornando demasiado frequentes, então as crianças e adolescentes estavam acostumados com a minha presença. Pego uma das crianças em meu colo enquanto vou conversando com Várias outras até o corredor.

Jamais me acompanhavam corredor a dentro, era como se algo os impedisse, acreditava que por ser a parte onde ficavam os escritórios e a sala da diretora do local. – Eu preciso falar com a Sra. Peregrine, então os encontro em alguns minutos ok? – coloco a criança eu meu colo no chão e sigo para dentro de uma das salas.

Já a minha espera Holland Peregrine me aguardava sentada em sua mesa, revendo alguns papéis pelo que podia a observar. – Marie! – ela diz em cumprimento se levantando e pedindo para que me aproximasse e se sentasse. – Holland – a comprimento da mesma forma. – Estamos com bastante crianças, todas vieram daqueles orfanatos que te passei as informações? – pergunto e ela afirma, dizendo como fora complicado conseguir tais transferências. – Tenho certeza que conseguiu cuidar de tudo, afinal de contas não precisou que tivesse minha interferência. – Digo e sorrio para a mulher. – Tenho um assunto sério para tratar com você – digo passando a ficha que havia juntado, o primeiro menino que havia dado entrada no Foster Home. - Skriniar, quero saber como ele está se adaptando. – Enquanto ela me passa as informações vai adicionando folhas e folhas na pasta do menino.

Eu havia atendido uma ocorrência há dois anos mais ou menos, e foi quando eu conheci Skriniar, fora um assassinato em uma residência no interior da Polonia, foi um chamado de urgência do consulado Bruxo polonês ao nosso britânico. A residência isolada na mata. Entramos pelos fundos da casa, nos deparando diretamente com a cozinha.

Lembro-me de ter dito aos meus companheiros de missão para que tomassem cuidado, o quer que tivesse matado os dois adultos podia ainda estar na casa, e dizia isso pois conseguia escutar um barulho humano na casa. Os outros dois aurores que estavam em missão comigo foram revistar o restante da casa enquanto eu segui para os cômodos da frente. Estava com a varinha em mãos quando entrei na sala de estar, mais à frente da casa, que estava simplesmente um caos, sangue para todos os lados não me dando nem ideia de começar a entender o que havia acontecido ali.

Adentro mais o comodo, notando um garoto, sentado no tapete da sala, podia ver em sua expressão algo como um sorriso, mas não era exatamente de felicidade, era mais como de satisfação, podia ver em seu rosto rastros de lagrimas em meio a grande mancha de sangue cobrindo suas bochechas. Ele se levanta, após notar minha presença e sua voz só com firmeza, dizendo que havia descoberto que sua mãe havia matado pessoas, crianças inocentes. Descobrira lendo um diário. E após isso ele confessou que havia matado ambos seus pais.

Me entrega o que tinha em mãos. A cabeça de sua mãe. Logo pergunta o que seria feito com ele. Fico olhando toda a situação, pensando no que dizer no que deveria ser feito. O garoto agora esvaindo em lagrimas. Solto a cabeça de minhas mãos e o puxo para meu lado, acalmando-o, ou ao menos tentando, digo a ele que o ajudaria, e que ele jamais repetiria aquela história a não ser quando estivesse comigo.

Quando meus companheiros chegam à sala, ficam horrorizados com todo o estado do comodo. As instruções eram de limpar e levar os corpos, ou pelo menos o que tinha deles na casa, para o Mungus, e em seguida dar a eles o fim necessário.

Fiquei responsável pelo Skriniar, o levei para o ministério, conversei com meu supervisor sobre o que havia acontecido. Concordamos que não precisaria sair dali, era apenas uma criança, e agora cresceria supervisionado, e em responsabilidade do ministério, ou melhor, sob minha responsabilidade. Encontrei um orfanato no mundo trouxa para ele, ficar até ingressar em hogwarts, o que não demorou muito.

- Ele passa bastante tempo fora da casa. Ou nos jardins ou na estufa. E esta sempre só. Sem se enturmar muito com as outras crianças. Está ansioso para voltar para Hogwarts esse ano. Disse que fez amigos – Holland termina sua atualização. Penso em como ele e Nathaniel haviam se dado bem quando trouxe meu noivo para ver o projeto pronto. E então eu começo a imaginar o garoto em minha casa, e como havíamos criado uma relação durantes esses quase dois anos. – Nathaniel adora ele, conversamos um outro dia sobre talvez adotá-lo. – eu digo e aguardo sua reação. Esperava algo negativo, mas recebi exatamente o contrário. – Se acha que é uma boa ideia, falarei com ele hoje. Não pretendia encontra-lo. Iria fazer apenas uma visita rápida, mas já que tocamos nesse assunto. Deixe tudo preparado. Caso ele aceite, passo para pegar a documentação ainda hoje. – Digo e deixo a sala.

Volto ao comodo de entrada encontrando algumas meninas, e as pergunto se viram Skriniar, e elas apontam para o jardim. Sigo para o espaço verdade, enxergando-o sentado de frente para um dos arbustos em forma de animais. – Ei – digo chegando perto do garoto que se levanta em um pulo – Calma, sou só eu – chego mais perto e lhe dou um beijo na cabeça e me sento no banco, mais atras de onde ele estava – Peregrine me contou que não tem se enturmado com o pessoal daqui..., mas que não vê a hora de voltar a Hogwarts – ele me olha sério mas nada diz – Nathaniel esta em missão, não pode vir mas nós dois estivemos pensando se você não gostaria sabe.. de morar com a gente... se quiser - Digo de forma direta, estava nervosa e mal sabia porque - ele queria vir pessoalmente contar para você que estamos planejando em adotar você. Mas ele foi convocado e eu pensei que, se você aceitar, podemos fazer uma surpresa para ele quando chegar em casa. O que acha?

A vida após um turbilhão era sempre calma, serena e tranquila. E era assim que a vida de Skriniar permaneceu nos últimos dois anos após a morte de seus pais. Morte essa causada por ele mesmo após ele descobrir de toda a podridão que seus pais faziam quando não estavam em casa.

Skriniar sabia que seus pais tinham dons para assassinatos pois o mesmo era treinado para ser igual à eles desde os 5 anos de idade, mas nunca imaginou que eles seriam capazes de matar crianças inocentes. Isso foi o fato que fez o jovem mudar todo o seu destino e acabar conhecendo um mundo novo e maravilhoso, junto ao lado de Marie, que agora era a pessoa em quem ele mais confiava e sabia que ela poderia sempre lhe ajudar, mas fazer o que ela fez foi algo que o irritou bastante.

Após passar um tempo com ela, um novo projeto foi iniciado e Skri foi o primeiro a ser estudado e abrigado. O orfanato Foster Home foi inaugurado pela Sra Peregrine e por Skriniar, o primeiro órfão daquela instituição. Isso deixou o rapaz bem irritado e sempre que dava ele fugia para a noitada ou colocava fogo nas coisas, até que conheceu Hogwarts e sua adorada casa Sonserina, o que salvou ele diversas vezes de não fazer nenhuma desgraça.

2 anos se passaram e Marie fez mais uma de suas visitas rotineiras, dessa vez sem o seu namorado, Nathaniel, que sempre a acompanhava, pelo visto ele estava ocupado com alguma missão. Marie fora envolvida pelas crianças que a adoravam mas o rapaz apenas a olhou de canto de olho e foi para o Jardim, talvez destruir alguma coisa lá fora.

Passado alguns minutos, Marie retornou. Skriniar estava mudando a aparência de um jovem cachorrinho de arbusto para um lobo dentuço de arbusto queimado e ouviu a morena se aproximar.  Ela falava algo sobre o garoto não estar se enturmando, ele sorriu e se levantou para ficar próximo à ela. -Obviamente, tudo mando de retardado chatão. Ficam por ai chorando, não suporto criança assim, dá vontade de fazer a cabeça deles de balaço.- Ele riu com o próprio comentário e prosseguiu. -Sim, quero voltar pra lá por que posso ser eu mesmo, aqui tem muita criança babacona que me irrita, lá em Hogwarts tem os lufanos mas posso usar uns feitiços neles nas aulas de feitiços. Da pra extravasar. - Ele olhou para a mais velha que continuou falando, agora sobre Nathaniel, mas isso não precisou ser dito nada, o rapaz apenas sacudiu a cabeça levemente, como um aceno de que entendia. Ele estava acostumado com isso.

Quando Marie falou sobre o garoto ser adotado o mesmo encarou-a sério, aquilo não era um papo para dizer assim, pegando o rapaz desprevenido, mas logo ele sorriu e baixou a cabeça, chutando o chão e colocando ambas as mãos no bolso. -Sabe Marie, você é a única pessoa que me entende. A única que viu quem realmente eu sou e do que sou capaz. Decidir isso tão rapidamente é algo muito sério e acho que pode mudar nossas vidas e muito...- Ele suspirou e levantou a cabeça, sorrindo com uma lágrima no rosto. -Mas, você também sabe que você é a única que eu confio e que me entrego totalmente para você poder cuidar de mim, sempre foi assim, desde aquele dia. Então sim, eu quero ir morar com vocês dois.- Em um rápido movimento, instintivo, Skriniar tirou as mãos do bolso e abraçou a mulher com força.

Estava nos jardins pela manhã quando a diretora do foster home veio conversar comigo. Ela disse que um rapaz estava me esperando para conversar. Em minha cabeça eu imagino qur Aaron era quem estava me procurando, mas me deparo com alguém diferente quando corro para a sala da diretora. - Jordan! O que faz aqui? - pergunto surpresa ao ver meu protector.

Ele fora encarregado de cuidar dos meus treinamentos e caças dos últimos meses. Claro que desde minha fuga não havíamos tido mais contatos nem mesmo havia tido noticia de meus pais, que surpreendentemente ainda não haviam vindo atrás de mim. Abraço Jhordan pela cintura enquanto ele bagunça meu cabelo dizendo que precisávamos conversar.

A diretora nos deixa a sós e nos sentamos no sofá de sua sala. - você vai me levar para casa? - era a única coisa que explicava seu aparecimento ali. Mas ele nega com a cabeça. E suas palavras acertam em cheio meu peito. - Nós estamos indo embora pequena - meu olhar confuso o atinge. Não entendia o que suas palavras queriam dizer. Quem era "nós"? E para onde iriam? - você sabia das regras Rose... não deveria ter ativado seu gene ainda. E traiu a ordem.

Uma lagrima escorre por meu rosto, não podia acreditar nem aceitar o que estava acontecendo. - eles estão me abandonando não é? Eles me desertaram por escolher ajudar um de nós que não tem como controlar o gene - ele concorda se levantando. Deposita um beijo em minha cabeça. Meus olhos eram pura suplica para que ele não fosse embora. - você conseguirá se virar sozinha Rose, eu te ensinei tudo. Como caçar as menores e mais populosas criaturas, não precisará correr riscos. Não faça nenhuma idiotice. Você é minha irmã, e eu vou aparecer quando precisar de mim - fecho meus olhos por dois segundos com as lágrimas escorrendo pedindo que ele não fosse embora. Mas quando abro os olhos não há vestígio de Jhordan.

O colar em W que usava em meu pescoço representando minha família não está a mais ali. Já sentia em mim o abandono deles. Jordan havia ficado para se despedir quando todos já tinha partido.

Rosalie Jhordan