Sala de Cirurgia

— Coloque-o em um lugar adequado, por favor. — Passei o veneno, já alocado em um recipiente mais condizente, para a minha colega. — Uma pesquisa das substâncias, ao todo, tem que ser começada, não podemos esperar muito para depois da cirurgia. Comecem e, quando terminar, irei até à sala. Algo me diz que você pode encontrar mais de duas se meu palpite sobre como estavam ao redor dos seus olhos e boca seja um indicativo. — Uma pausa. Seus passos eram ouvidos por todo o corredor, acompanhando o resto da equipe logo à frente. — Prepare uma das macas da Sala de Tratamento do andar de envenenamento, após essa cirurgia eu pretendo que ele vá para essa ala. Ele precisará ser monitorado. — Com o olhar que recebeu da enfermeira, soltou uma risada sem graça. — Melhor remediar, não pretendo perder um paciente hoje, pelo menos não por minhas mãos, Senhorita Millor. 

Não lhe surpreendeu ser escolhida pela sua chefe para adentrar na cirurgia com as outras medibruxas das outras alas. Não era um acontecimento raro, mas também não era sempre que as alas se misturavam tão precisamente como naquele caso. Não era atoa que a equipe da cirurgia estava totalmente variada, mas se completando, onde não deixaria buracos para erros. 

Seus olhos varreram a sala de cirurgia, vendo estarem todos prontos e devidamente equipados com roupas mágicas para aquela determinada situação. A cautela e, em simultâneo, a rapidez era a chave de todos os problemas ali. Os primeiros a agir seria a equipe de envenenamentos por motivos de: qualquer outro feitiço poderia afetar diretamente em como o veneno se comportaria no corpo do bruxo.

Os primeiros feitiços que saíram da boca da medibruxa mestre em envenenamentos fizeram com que o corpo da vítima brilhasse em algumas cores que os medibruxos na sala em questão poderiam identificar. Não eram feitiços que agiam diretamente curando ou qualquer coisa do tipo, eram feitiços de registro e procura em todo o corpo humano, mais precisamente voltada para descobrir como o veneno estava agindo. Tudo era registrado e passado em frente aos olhos de todos. 

Como suspeitava, o veneno — a bomba relógio — tinha vindo por via da ingestão que rapidamente se espalhou, mas o catalisador tinha sinais mágicos o suficiente para entender que, naquele momento, a parte que lhe cabia seria apenas estabilizar totalmente o bruxo alheio para que o resto da equipe o curasse para, então, depois começar o tratamento imunológico certo. Sem tirar o fato de respingos envenenados que constavam em suas feridas abertas. 

— Vamos estabilizá-lo. — Sua ordem soou quase silenciosamente pela sala iluminada, suas mãos enluvadas foram até a boca do paciente, abrindo o suficiente para poder olhar melhor. — Uma lavagem mágica será iniciada após a ingestão do coquetel para acalmar o sistema e desobstruir as vias respiratórias pelo tempo que trabalham nele, retirando um pouco da dor. Antes recolha um pouco do seu sangue para análise. — A última frase foi referida diretamente para a enfermeira ao seu lado que só deu um leve aceno de cabeça. 

A lavagem mágica rapidamente passou, assim como a ingestão do coquetel contendo triconobezoar pelo paciente desacordado. Ele estava estável o suficiente para que os outros tratamentos começassem sem correr risco do veneno começar a agir novamente, assim esperava. — Ele está estável o suficiente para ser tratado sem se preocuparem com o fato do veneno. — Uma pausa, seus olhos correram pelos curandeiros. — Mas só podemos aplicar qualquer coisa que se extinga ao final, já que houve danos por magia com algum artefato, precisará ser investigado.  — Sua voz era solene, mas carregava certeza. 

O veneno estava estável em seu corpo, agora era a vez deles. Mas, como protocolo, ficaria ali auxiliando no que precisava e também como algo de emergência, além de ficar de olho em como ele estava reagindo.