Edward bufou, finalmente deixando a sua impaciência transparecer. Jamais teria imaginado que um simples potro pudesse ser tão teimoso, parecia que estava lidando com um ser humano. Margaret parecia entender que as suas ações irritavam o mais velho. Enquanto o mago prendia os cabelos, a cria trotava alegremente à sua volta. Rapidamente, Edward recuperou a sua postura. Ao contrário de seres humanos (e de certas criaturas mágicas), animais apenas reagiam às ações dos humanos à sua volta. O seu humor não poderia ser negativo se ele esperava ter algum avanço com o animal hoje.

Se levantou, sacudindo a terra e os resquícios da neve do dia anterior dos joelhos. Margaret parou a sua “passeata da vitória” para fixar os olhos no bruxo e em cada movimento que ele fazia. Edward tirou mais um biscoito feito por ele mesmo da bolsa, colocando-o no chão.

— Pode soltar o Hugo.

O jovem, dono do potro que hoje ajudava com os treinos de socialização de Margaret, soltou o animal. Hugo se aproximou alegremente do biscoito. Mas antes que ele tivesse a oportunidade de o cheirar, Margaret avançou rapidamente, bufando e batendo as asas. Assustado, Hugo recuou, deixando que a cria tivesse o biscoito só para si. Edward suspirou e conseguiu tirar o biscoito do alcance da cria antes que fosse tarde demais.

— Não me parece. – disse, olhando diretamente para ela. – Vamos tentar outro exercício.

— Você tem a certeza? – o garoto, que segurava o potro branco entre as suas pernas, parecia mais assustado que o próprio bicho. Edward controlou uma risada baixa. – Ela não é muito… agressiva?

— É como se fosse uma criança, Karl. Não é isolando ela que conseguimos concertar a agressividade dela, correto?

Não houve uma resposta, apenas um consentimento silencioso. Hugo, que parecia pouco incomodado com os incidentes de antes, galopou para perto de Margaret. Ela reagiu exatamente da mesma forma que antes. Edward apenas se limitou a bater palmas, chamando a atenção da cria, dizendo “não” logo de seguida. Seria bastante benéfico para o criador que a viesse buscar daqui a uns meses que Margaret soubesse associar a palavra “não” com más atitudes.

Demorou longas horas até que o primeiro sinal de avanço acontecesse. Milagrosamente, Margaret permitiu que Hugo bebesse um pouco da água dos baldes da cerca. Edward parabenizou a cria com o biscoito que tinha lhe tirado mais cedo. Fechou o dia com um sorriso no rosto apenas por saber que pequenos passos continuam a ser passos.

Não havia uma parte propriamente ruim do seu trabalho, longe disso. O que ele fazia no santuário era recompensador demais, sempre que ele conseguia transformar os hábitos negativos de um animal era uma vitória. Porém, quando o seu caminho e o do animal que ele cuida se dividem, é sempre triste.

Naquela manhã cinzenta, Margaret iria conhecer a sua nova casa. Daqui a alguns meses ela já poderia ser chamada de égua, as suas asas, aos poucos, já aguentavam com o seu peso e em breve ela conseguiria voar. Estava orgulhoso de poder dizer que ele conseguiu resolver os comportamentos violentos da cria, mas, naqueles meses, tinha criado um grande laço com ela.

— Maggie! – chamou.

O potro levantou a cabeça e bateu as asas, planando a poucos centímetros no chão, indo em direção do bruxo. Edward tirou um cubo de açúcar da sua bolsa, deixando-o na palma da sua mão. Margaret comeu o doce num instante. Ele teria saudades da pequena, mas ele sabia que ela ficaria melhor rodeada de outros como ela, fazendo muito exercício e podendo voar em liberdade.

Já tinha entrevistado o seu novo dono. Era uma mulher, formada em magizoologia na África do Sul. Tinha uma grande criação de cavalos alados e tratava-os a todos excecionalmente bem. Ed fez questão de saber disso. Em breve ela chegaria para levar Margaret com ela.

Depois de algumas horas, a nova dona chegou. Demorou um pouco a convencer o potro a entrar na cabine guiada por outros cavalos alados. Ela ainda tinha um pouco da sua teimosia original. Mas depois de algum esforço, Margaret foi enviada para a sua nova casa, onde ela seria feliz com outros como ela.