Suíte para Hóspedes (2º andar)

Depois que cheguei do passeio improvisado com Pietra eu corri para meu quarto achando uma carta de mamãe em cima de minha cômoda, dizendo que faríamos nossa noite das garotas hoje mesmo. Solto um grito animado e aproveito para tomar outro banho e espero por minha mãe na sala.

Depois de chegar ela me dá um beijo na cabeça — Laura, assim que estiver pronta te espero no meu quarto! – eu em segundos levanto em um pulo e corro para meu quarto colocando o pijama que e vou para o quarto de mamãe assim como ela havia dito. Dou duas batidas na porta e entro quando escuto sua voz permitindo.  Ela pergunta sobre meu dia no momento em que sento na cama. – Foi bom mamãe, convenci a Pietra a me levar na roda gigante, estava entediada - Roubo do prato de doces na cama, um bombom enquanto escuto mamaw falar que sentia saudade do tempo que não tinha que ter atenção dividida com Ed, Julie e Ellie e claro em tom de brincadeira disse que se sentia abandonada. Eu pulo em seu colo abraçando-a. – Não mamãe!! – solto uma gargalhada voltando a me sentar em seu lado. — e também porque preciso conversar com você sobre algumas coisas antes do casamento dos seus tios...- arregalo meus olhos, afinal o que era importante que ela tinha que conversar antes do casamento?

Com meus olhos ainda arregalados ela me tranquiliza dizendo que não era nada de ruim, mais ainda sim minha cara não relaxou completamente. Mas eu não estava completamente errada em me preocupar,  tio Ed e tia Ellie acabaram dando com a língua nos dentes sobre minhas perguntas, acabo por revirar os olhos, não se podia conversar com ninguém sobre mais nada nesse mundo. Me preparo para começa minhas justificativas, mas ela continua dizendo que não estava brava nem chateada. – Tia Ellie me disse para conversar com você sobre isso mesmo... Mae, estamos morando aqui tem alguns meses já e eu escuto as conversas, sei que esta trabalhando no ministério e que meu pai também trabalha lá – eu havia escutado por cima uma conversa de Julie com Edward. – Quero saber mais sobre ele... e se apesar de tudo algum dia vou conhecer ele... sei que ele nos abandonou mas eu quero ter a chance de perguntar a ele sabe – eu digo mexendo em minhas mãos, e volto a olhar para ela novamente. – E além disso mamãe, eu gostaria de conversar com você sobre outra coisa... eu gostaria muito que você me matriculasse em Hogwarts... eu quero ter as mesmas experiencias que você e o tio Ed.

Permaneço olhando minha mae enquanto ela leva um tempo para formular sua resposta, eu havia de fato jogado dois assuntos em seu colo, e como ela era a responsável por mim seria a palavra dela que contaria no final.  Sobre Hogwarts, disse não haver problemas contanto que eu recebesse a carta da escola, é claro que não seria um problema, eu poderia falar com tia Julie para que ela falasse com a amiga, tia Emily.  

Apesar de suas reservas, mamãe queria que eu tivesse minhas próprias experiências, e que não ficasse fadada a pressão de meu sobrenome, e eram dois sobrenomes de peso pelo que sabia. Eu sorrio abertamente quando chegamos a um acordo sobre a questão da escola, volto a abraça-la. – Obrigada mamãe, isso importa muito para mim -  eu digo colocando minha cabeça em seu ombro.

Eu conseguia ver em seus olhos como era difícil para ela ceder quando tinha planejado um futuro para mim e eu tinha desejos diferentes dos dela, eram raros os momentos mas ele aconteciam as vezes. Fiz um carinho em seu braço enquanto a ouço retornar a falar, agora sobre o assunto mais sério. Meu pai. Ela coloca algumas coisas em minha frente, e diz que são sobre ela e Robert, o que eu estranho, afinal já havia revirado seus pertences diversas vezes e nunca havia encontrado aqueles objetos. Eu passo a mão pela caixinha de anel, a abrindo. Eu não me recordava de nenhuma menção de serem casados, mas logo descarto o pensamento, preferia acreditar que meu pai era decente, pelo menos o suficiente, apesar da história, da minha história.

Mudo minha atenção para outro objeto na caixa, uma foto. Meus olhos reconheceram de imediato o homem na foto. Arregalo meus olhos, e olho para minha mãe apontando para a figura que eu reconheci. — Estes somos eu e seu pai assim que começamos a namorar – ela me entrega a foto, podia reconhecer facilmente que aquele era o mesmo homem que havia conhecido quando fui a sorveteria com tio Edward. Um filme da conversa que tivemos por lá começou a passar em minha cabeça, e ao fundo das memórias podia ouvir a voz de minha mãe dizendo que era realmente a pessoa que havia conhecido com tio Ed, e que por ele ser irmão de Julie é que precisávamos ter essa conversa.

Olho para minha mãe sem palavras, também era um momento raro este, o qual eu ficava sem palavras. Podia sentir o olhar de minha mãe cair sobre mim enquanto eu analisava tudo em minha cabeça. Fazia as contas, e me perguntei se Robert sabia, na época da sorveteria, que ele era meu pai, e se sim porque nada falara no dia. – Mas.. – eu começo a falar em tom baixo, quase certa de que mamãe não havia me escutado pois ela me chama pelo meu apelido e volta a falar.

Senti seus braços rodearem meu tronco enquanto ela  ela me conta que quando se reencontraram, aqui na Inglaterra, ela descobriu algumas coisas, como por exemplo que ele havia voltado a Noruega. Havia desistido do trabalho na América, por nós... ou melhor por ela, afinal ele sequer sabia de minha existência na época. Fico surpresa com as coisas que escuto, eu cresci acomodada com a ideia de que ele havia abandonado minha mãe, por tanto abandonado a mim mesmo sem saber que lá eu estava sendo gerada. Mas ele havia voltado, e eu passado a vida toda sem uma figura paterna por nada menos que falta de comunicação, no entanto eu ainda o culpava. – Mas mamãe eu já o conheci...- eu digo, mas sabia que daquela vez não contava, mas precisava saber – Quando ele falou comigo naquele dia na sorveteria, ele já sabia quem eu era. Que era filha dele? – mamãe nega com a cabeça, suspiro em alivio – eu sei que é diferente, e que não é fácil para você me ouvir pedir para conhecer ele, pelo menos conhece-lo como meu pai... e não quero magoar você mamãe – eu digo envolvendo sua cintura com meus braços enquanto sinto sua mão afagar meu cabelo enquanto ela me escuta. – Eu sei que não tem memorias boas de Robert, e bom eu tenho muitas perguntas para fazer, perguntas que eu gostaria que Robert me respondesse. – eu digo, esticando minha mão para pegar um salgado no prato sobre a cama. – Você e ele... – eu digo e a sinto travar as mãos – se veem muito quando você esta trabalhando? – fico curiosa e espero sua resposta.

Eu estava aproveitando que minha mãe estava aberta a falar de meu pai, e com todas as controvérsias eu ficava feliz com aquela abertura. Mamãe me diz que não se veem muito durante o serviço, quando precisa trabalhar com algum auror ela geralmente trabalha com tia Ellie o que é não é surpresa nenhuma para mim.

Mantenho minha atenção nela enquanto aproveito para me deitar em seu colo enquanto a escuto falar sobre marcar um encontro com Robert antes do casamento de meus tios, e também comentou de me levar até seu trabalho para que conhecesse.

Puxo a caixa para mais perto de meu tronco quando mamãe oferece deixa-la para mim. – Obrigada mamãe, acho que as perguntas que eu tenho agora eu tenho que fazer para meu pai... digo para Robert – chama-lo de pai era estranho quando não havia tido a referencia de pai mas de qualquer forma e aceitei o encontro. – O casamento esta chegando então acho melhor marcar o tal jantar com Robert esta semana mamãe.  – eu comento fechando meus olhos, sentindo a onda de sono pesada invadir meu corpo todo.