Sala do Medi-Bruxo Responsável

A semana de ferias na Italia havia sido perfeita, os meninos nao haviam nos dado problema algum, voltamos dois dias mais cedo a pedido de Adora mas isso nao me abalou pois eu tinha o anel mais lindo em minha mao. Eu sorria toda vez que lembrava que havia sido pedida em casamento. Tinha borboletas no estômago e nada poderia estragar meu dia, talvez ate meu ano. Parei de anotar o prontuário de um paciente com uma estranha infecção magica na perna quando ouvi três batidas na porta. Me levantei deixando minha pena de lado e caminhei ate minha porta já que quem bateu nao saiu entrando como de costume dos residentes. — Lilith? — Eu disse surpresa ao abrir a porta e me deparar com a loira em sua forma normal andando como se nao fosse uma procurada da justiça. Puxei ela para dentro da sala rapidamente e tranquei a porta para garantir que ninguém  mais a visse. — O que faz aqui sem nenhum disfarçe?? Esqueceu que é procurada pelo ministério?? — Eu disse super preocupada com sua segurança fisica mas aos poucos fui notando sua expressao cansada nos olhos, sua postura caída e olheiras abaixo dos olhos. Me aproximo e toco sua mão e é quando vejo a mancha negra entre seus dedos.

— O que aconteceu com sua mao? Desde quando esta com isso? É por isso que sumiu e parou de responder minhas cartas? — Eu questionei, por precaução mas uma parte de mim também queria achar uma razao para ela ter parado de me encontrar. — É bom ver você Malia... preciso de sua ajuda com algo — Ela disse ignorando minhas primeiras perguntas, o que me deu um intervalo para olhar melhor a mancha que estranhamente começava onde antes ela tinha a marca de um voto perpetuo. Escutei ela explicar que havia feito com Nathalie e isso me pegou de surpresa, olhei para ela mas isso nao explicava a mancha. — Eu ja havia reparado que tinhas feito um voto com alguém, mas achei que era com Eliot... Só nao falei nada pois achei que nao era lugar meu me meter. — Falei me lembrando do  meio de 2054 ate final do ano quando Nathalie morreu, que foi o tempo em que mantivemos nossa relação depois da orgia. Escutei a loira explicar o acordo entre ela e a ex comensal chefe e fiquei surpresa em ouvi-la dizer que ajudou o ministério a impedir o ritual de Darliguv, o que foi uma bençao.

— Isso não explica a mancha negra Lily, o voto com Nathalie foi feito depois do resgate de Marie e Emily. Vamos investigar isso. — Insisti pois ainda achava estranho aquela mancha, nao concordava com seu diagnostico de que teria alguma ligação com o voto. Ela me explica seu real voto e em seguida me conta algo que eu antes nao sabia, ela havia matado Nathalie e nao a ex-ministra. Arrega-lo meus olhos surpresa, Alex não podia sonhar em saber daquilo. Escutei o restante de seu relato mais preocupada ainda, aquela era uma estranha forma da marca se  mostrar presente mas nao era tão desconhecida na medicina bruxa. — Isso esta acontecendo por que os acordos durante o voto foram ambíguos e agora a magia nao sabe se voce realmente traiu ou nao os comensais. —  Eu disse e caminhei ate um armário lateral de minha sala que possuía as diversas poções magicas disponíveis, o abri enquanto Lillith me olhava mais atrás. — O certo é morrer logo em seguida quando um voto é quebrado, porem em raras ocasiões quando a própria magia do feitiço se confunde, a magia se torna corrosiva. — Eu disse e peguei um frasco de liquido transparente e levei ate ela que olhou segurando em suas mãos. Existia uma forma de resolver o problema mas era difícil e seu tempo era curto, ainda mais sabendo que ela já estava tendo delírios.

— A única cura é lágrima de sangue de Fenix bebê, o que é algo super complicado de conseguir e, bem é errado também mas acho que isso nao seria  um obstaculo para voce. — Comentei sabendo que para uma fenix chorar sangue ela precisava ser torturada ate chegar a esse ponto. Me agachei a sua frente que já estava sentada na poltrona  de minha sala. Apoiei minhas maos em suas pernas e apontei o frasco em sua mao. — As lágrimas de fenix comum nao curam mas retardam o processo degenerativo da magica. Na altura em que voce esta, lhe daria mais alguns meses... — Falei e parei segurando minha voz embargada só de imaginar meses futuros sem a loira viva. Senti ela delicadamente levar sua mão a meu rosto e me deixei sentir aquele toque, fazia anos que nao nos tocávamos assim e eu amava. — Por que nao me procurou quando a mancha aparece Lilly? Por que só agora? Voce sabe que eu podia ter ajudado, eu podia ter conseguido muito mais tempo para voce, tempo suficiente para encontrarmos uma fenix e... — Eu falava a sua frente, e deixo pela primeira vez minhas lágrimas caírem por minhas bochechas enquanto escuto a loira me responder.

Toquei em seu ombro quando ela parou de falar, seu olhar ficou levemente distante e notei que ela estaria ouvindo alguma voz ou sentindo alguma coisa. Ela saiu do transe no instante, seus olhos se cruzaram com os meus que só mostrava preocupação. — Eliot assumiu os comensais quando eu tive alguns contratempos. — Falou e mais uma vez ela pareceu sair do plano em que estávamos se perdendo nas vozes de sua cabeça. — Lilly? — Falei tentando trazer-la de volta enquanto percebia o quão grave estava seu caso já, me perguntando se as lágrimas se quer fariam algum efeito. Segundos depois como se nao percebesse que havia ficado zone out, ela olha para mim e me pergunta se podia ser contagiante. — — Pode ser passado geneticamente? — Ela perguntou e eu franzi a testa, primeiro olhei para sua barriga pensando na possibilidade ela estar gravida. — Não passa, é uma consequencia do voto, afeta somente aqueles que o voto fizeram e nunca terceiros. — Eu falei e vi no instante o alivio escrito em seu rosto e eu  tive certeza que ela estava gravida mas em suas condiçoes eu só tinha pessimas noticias.

— Voce esta gravida Lilly? — Eu perguntei e ela negou na mesma hora com um sorriso nervoso, senti um alivio pois seria um pesadelo perder nao só ela como seu filho que eu amaria como se fosse meu. — E essa pergunta é por que pensa em ter um antes de... — Eu falei e engoli um choro  e levei minhas mãos a limpar as lágrimas acumuladas abaixo dos meus olhos e sorri falsamente escondendo a cara de choro. — Por que se for eu... eu sinto dizer mais voce nao tem tanto tempo assim.  — Falei e funguei forte, dessa vez nao escondendo minha tristeza sabendo que em menos de nove meses ela poderia morrer se nao encontrássemos uma fenix bebe para torturar. Senti ela colocar suas mãos em meu rosto e reabri meus olhos olhando para os olhos azuis da loira.

Suas duas maos tinham temperaturas completamente diferentes, a com a mancha preta estava super fria enquanto sua mão saudável era quente. A senti limpar minhas lágrimas e eu respirei fundo. Nao era eu que deveria estar chorando, eu deveria é estar sendo forte por ela, para dar o apoio que ela precisa. — Eu nao quero e nao vou te perder Lillith. Eu vou dar um jeito, eu prometo. — Eu falei e encostei minha testa a sua, fechei meus olhos por alguns segundos e só voltei a abrir eles quando senti a loira falar ou fazer alguma coisa.

A presença de Adora e Derek em casa havia me alegrado um pouco, a conversa com Alex na festa dos Valak's nao havia sido como eu tinha planejado em minha cabeça e eu estava frustrada por  isso. No primeiro dia de Janeiro eu estava focando toda a minha concentração no trabalho e em deixar os meninos felizes nessas férias. Naquele dia eles ficariam em casa, sozinhos curtindo e se aproximando como irmãos que Adora havia me contado. A semana no Mungus estava tranquila ate o momento, nenhum caso grave apesar da tragedia que aconteceu na madrugada de ontem que ainda estava muito por cima para se saber os afetados e criminosos.

Ao abrir a porta de meu consultório para um atendimento comum a pequena prancheta cai da minha mão quando eu vejo a menina loira sentada na cadeira me encarando assustada. Você é Malia? Dimitri disse que eu podia confiar em você para me ajudar Ela falou mas eu só conseguia ouvir o barulho do meu coração batendo super forte enquanto minha cabeça tentava entender o que eu estava vendo a minha frente. A.. Astrid? Eu perguntei e a menina que quase chorou por eu saber seu nome e me abraçou super forte, confirmando minhas suspeitas. Eu retribui seu abraço mas meu olhar estava distante, tentando entender o que estava acontecendo.

O... O que aconteceu com você? Eu perguntei ainda perdida em uma neblina de confusão e a menina me soltou, me olhando e limpou as lagrimas com a manga de um casaco que é o que ela parecia somente vestir. Eu..Eu nao sei. Ela começou dizendo e depois afirmou que simplesmente acordou nos braços de Dimitri morrendo que pediu que procurasse por mim. Astrid era um bebe ate ontem e agora era uma adolescente de quinze anos, eu nao conseguia entender nada mas sabia que Lilith e Eliot haviam se entregado ao Ministério a alguns dias.

Você... Você é minha mãe? Ela perguntou me tirando de meus pensamentos e voltei meu olhar para ela, pensamentos conflitantes gritavam em minha cabeça, eu deveria dizer a verdade, contar sobre seus dois pais, mas um outro lado queria cuidar daquela menina como se fosse minha, uma filha minha com Lilith, algo que Alex nunca quis. Ela nao era um bebe como eu sempre desejei, mas sendo de alguém que eu amei muito, mudava as coisas, era como se fosse meu e de quem um dia eu amei, como amo Alex hoje. Sim.. mas é melhor nao conversamos aqui. Viria para minha casa meu amor? Eu perguntei tornando meu tom de voz baixo por garantia. A menina sorriu da forma mais linda que eu ja vi e afirmou com a cabeça, eu sorri passando ao seu lado e puxei minha bolsa de minha cadeira e coloquei ela em meu braço.

Vamos então, minha... Nossa casa fica perto, lá podemos entender tudo com calma! Eu falei segurando em sua mão, eu sabia que ela nunca havia aparato, nao devia saber nada direito sobre magia e enquanto eu descobria o que havia acontecido com ela, eu faria tudo para deixa-la preparada para o mundo e no futuro, seus verdadeiros pais, que eu sabia que voltariam. Isso será um pouquinho ruim, mas prometo que será rápido. Eu disse e nao dei tempo dela pensar direito sobre e simplesmente aparetei para que ela nao se cobrisse de ansiedades com o desconhecido