Alex nunca temeu nada na vida, nem mesmo o desemprego depois que largou os comensais a três anos atrás. Sua arrogância e superioridade sempre a fizeram ter certeza  de que consegue ter tudo que quer na vida. Talvez naquele ano turbulento, ela por muito pouco nao se pois na sua verdadeira realidade de uma recente ex-comensal onde ninguém gostaria de ter como funcionaria, mas a morte de sua mãe por mais que trágica e dolorosa, deu um up a sua vida. O assassinato de sua mãe na batalha foi um choque, ela se lembra perfeitamente quando chegou ao esconderijo e viu o corpo de sua mãe largado no jardim como se fosse um pedaço de bosta. Ela prometeu se vingar de quem quer que a tivesse matado, Lilith ou Marie, as duas suspeitas. Mas... Alex apesar de luto nao deixaria de usufruir dos bens que agora ela sabia que eram seus por direito.

Sabendo que com a morte de sua mãe, o esconderijo dos comensais passaria para seu nome, ela foi atrás de seus direitos no próprio ministério, mais especificamente irritar Robert ate que conseguisse o que lhe era seu por direito. Depois que conseguiu ela pôs o esconderijo a venda que rapidamente foi comprado para se tornar um albergue bruxo. Com esse dinheiro Alex comprou a loja mais barata que tinha na travessa do tranco, a Serpente Espinhosa. E aqui estamos nós, no presente onde Alex relaxa quase todos os dias em sua loja, algumas vezes caça os animais mágicos que precisa vender e outros dias com apenas uma única vende lucra o que precisa para o mês.

Era o jeito mais simples de se ganhar dinheiro fácil, sem contar que ela nao consegue ficar fora de alguma criminalidade nao é mesmo? Ate mesmo Malia já havia desistido de tentar trazer a morena totalmente para a legalidade, mas deixando de matar pessoas aparentemente parecia ser o suficiente por enquanto. — Preciso de mais um elfo domestico... — Falou uma voz a tirando de seus próximos pensamentos, ela ergueu seus olhos para o homem gordo de capuz, a barba mal feita, sua testa suada e fedorenta e o cheiro de medo em seu corpo inteiro. Era o quinto elfo domestico em dois meses que aquele homem comprava e  a morena sabia que era um bruxo simples, bobão que gastava o dinheiro para comprar e revender as criaturas e nao fazia a mínima ideia de com quem estava querendo concorrer.

— Você perde muito fácil seus elfos nao é mesmo? — Perguntou de forma irônica para o homem enquanto puxava a papelada de venda para cima da mesa e pegava uma pena para escrever o recibo de compra. — Espero que nao perca esse de vista tão fácil, esse é valioso ein. — Falou em um tom claramente mentiroso porem o homem estava tão nervoso que nao conseguia perceber entre as entrelinhas que Alex estava o enrolando. Ela se afastou do balcão e foi para a parte de trás da loja onde ela deixava as criaturas acorrentas esperando serem vendidas. Ela pegou o elfo mais caído do grupo de 4 que ela tinha capturado e o arrastou ate a entrada da loja onde o homem esperava.

— Aqui esta! São 5.000 Galeoes ao todo. — Falou jogando o elfo aos pés do homem que o puxou de volta para cima pelo trapo que ele vestia como roupa. O homem se aproximou e tirou do bolso uma sacolinha com os galeões certinhos e contados, Alex segurou o riso vendo mais uma prova obvia de que aquele homem era um concorrente seu. — Obrigado! — Falou sem mais delongas e se virou para sair pela porta da loja puxando o elfo pelo pescoço. A morena acompanhou o mesmo com um sorriso preso ao rosto, guardou a sacolinha na bancada e retirou a varinha da manga apontando para o homem segundos antes dele abrir a porta.

— Império! Eu que agradeço querido. — Falou vendo o feitiço o atingir e ele parar em seus passos entrando em uma pose de marionete. — Comprar cinco elfos em menos de dois meses na mesma loja? E diziam que eu era a amadora quando entrei para o grupo de comerciantes da travessa... Há. — Falou saindo de trás do balcão e caminhando para perto do homem e o elfo que olhava tudo bastante assustado. A morena parou em frente ao homem que possuía um olhar fora de eixo, estava em outro mundo.

Alex ergueu a varinha na direçao do peito do homem e sorriu. — Ao sair daqui você entregara sua meia para o elfo, irá liberta-lo e vai para casa chorar. — Falou sorrindo em saber que o elfo que ele comprou para revender ele iria libertar, essa era sua lição por tentar se dar bem em cima do trabalho árduo da ex-comensal. O elfo ao seu lado tentou esconder sua emoção em saber que de certeza iria ser liberado. Alex abaixou a varinha e se preparou para sair da frente do homem para que ele fizesse o que ela mandou mas antes olhou para o elfo seria.

— Se considere com sorte, usualmente eu não ligo para o que meus clientes fazem com vocês criaturas. — Falou e o mesmo encolheu os próprios lábios sabendo que sua celebração nao podia ser pela bondade da morena e sim pela sorte dessa suposta bondade ter vindo. Ela saiu da frente do homem e assistiu ele sair da loja, dar a meia ao elfo e aparatar, depois voltou para o interior de sua loja e relaxou pelo resto do dia com mais cinco mil galeões no bolso.

Alex folheava uma revista de moda trouxa ao som das pequenas criaturas, presas nas gaiolas, gritando para serem soltas, musicas para o ouvido da morena. Um sorriso preso ao seu rosto apesar das péssimas combinações que ela passava pagina á pagina. O dia havia sido parado, nenhum cliente como na maioria das vezes mas para a sua sorte, um ou dois clientes por mês lhe bastava para o mês inteiro ou ate mais dependendo da criatura que ela tenha para oferecer. O sino preso a porta indicou a ela que alguém havia entrado, ela fechou a revista e passou pelas cortinas azuis marinhos ficando atrás do balcão podendo ver um homem mascarado. Ela olhou para o pulso a vista dele podendo ver a marca dos comensais e sua mão que segurava a varinha afrouxou na mesma hora.

— Sentiu minha falta? — Perguntou com uma voz debochada tirando a mascara revelando ser um antigo e bem conhecido amigo. Ela revirou os olhos e se apoiou sobre o balcão esperando que ele se aproximasse. — Falta das infos talvez, de você nem tanto... — Falou sorrindo para Eliot que nos últimos três anos acabou se tornando um grande aliado, principalmente na descoberta de criaturas interessantes para caçar e informações sobre Marie Stonkovick. — Sua dona esta te dando muito trabalho é isso? Tá sem tempo para as parcerias? — Perguntou com um sorriso debochado para o amigo que se aproximou negando com a cabeça com a mesma cara de apaixonado pela loira de quando era aluno.

Eliot se apoiou no mesmo balcão e depositou sobre a mesa um panfleto sobre uma nova criatura que estava para ser apresentada aos bruxos no santuário de Hogsmeade. Alex puxou o panfleto e leu o dia em que iriam apresentar o animal, seria daqui a uma semana. — Interessante... Mas tirar ele do santuário em menos de uma semana vai ser difícil... — Falou olhando a foto do filhote de Quimera que seria colocado em exposição enquanto nao fosse solto na natureza pela primeira vez. — Tem horário livre nessa sua agenda para fazer essa missão em dupla? Metade dos lucros como sempre. — Falou como muitas outras vezes que pediu pela ajuda do loiro ou ate mesmo contratava para nao sujar as mãos na captura.

Ela escuta a resposta dele que é positiva e sorri guardando o panfleto para estudar e bolar um plano para eles roubarem a quimera que dará pelo menos dois meses de salario para cada um dos dois. — Beleza, acho que dá para sequestrar na quinta-feira... Se sua dona nao o exigir para alguma coisa ne? — Falou com um sorriso debochado para o loiro que blindado de tanta implicância só ignorou o comentário. Ela olhou uma ultima vez para o loiro e sorriu pronta para saber se ele só trouxe aquela informaçao sobre criatura e nada sobre sua arqui-inimiga. — Só tem isso da quimera para mim hoje ou conseguiu alguma informação importante sobre a vadia da Marie? — Perguntou olhando para o loiro com um olhar que podia lembrar sua mãe Nathalie, um olhar de ódio e rancor.

— Consegui algo, descobri que a Ministra vai deixar o cargo. — Alex olhou incrédula para o loiro por alguns segundos absorvendo o que havia escutado, era tudo que ela precisava ouvir, Marie saindo do cargo principal do ministério. Robert assumir o cargo de Ministro não é a melhor solução pois ele é esperto demais, Alex precisaria pensar em um "acidente magico" muito bem bolado para que o futuro novo ministro nao suspeitasse de nada, ate por que ela já estava na vista grossa dele. — Sim é mais plausível mas com Robert como chefe preciso pensar nesse "acidente" com calma e muita atenção. — Falou olhando para o loiro a sua frente que revirou os olhos, ele podia ser idiota em nao reconhecer o poder magico de Robert mas ela sabia que ele era inteligente demais para subestimar.

—  Qualquer bobeira minha ele vai ligar o acidente a mim, ainda mais se ele sabe que ela matou minha mãe e conhece muito bem minha personalidade... —  Comentou se abaixando e pegando uma garrafa de Bourbon abaixo do caixa com mais dois copos. Serviu uma dose generosa a Eliot que sorriu de orelha a orelha engolindo em um só shot e serviu-se por fim para beber. — Minha vida esta maravilhosa agora para eu estragar por um deslize de afobação! — Falou tomando um gole e servindo outro para o loiro que a escutava com atenção. — Tirando o fato que Malia adotou uma pirralha, o resto esta maravilho. Penso ate em pedir ela em casamento depois que der um jeito na criança. — Comentou e viu o amigo se engasgar com a dose antes de tirar o copo da boca para lhe perguntar melhor sobre aquela historia de criança e casamento. Ela explicou toda a situaçao da menina para Eliot que apenas sugeriu que ela matasse  a menina.

— Matar é o jeito fácil mas ai eu acabo presa de novo, eu estou tentando ser um meio termo por ela... Pessimo conselho Eliot... Comentou terminando sua primeira dose enquanto o homem pedia pela terceira. — Ultima hein, vai acabar com meu Bourbon nao! — Reclamou enquanto servia ele sua ultima taça enquanto escutava ele comentar sobre a situação da criança e em seguida o casamento que ela havia citado.  — Não entendo sua surpresa, achou mesmo que eu sairia dos comensais se nao tivesse intenções de casar com ela? As vezes me pergunto se você tem cérebro ou é só corpo bonito mesmo... — Provocou o amigo enquanto puxava seu copo para guardar antes que ele o convencesse a lhe dar mais uma dose de sua bebida.