Cozinha/Sala de Jantar

As palavras que saiam da boca de Eliot me faziam perceber o quanto Lillith havia deixado ele no escuro sobre toda a verdade, mas independente daquilo minha raiva sobre ele nao diminuía. Eu queria explodir, apesar de saber que ela retornaria por causa de mim e do sangue que eu havia lhe dado, eu queria matar Eliot por ter-la matado. Crucio! Ele disse e eu cai ao chão sentido a tortura mas por alguma razão ou o vírus que me habitava, a dor era tolerável, tão tolerável que eu tinha ainda forças para apontar minha varinha para ele e com fúria em meus olhos eu nao poupei meus esforços em machuca-lo. Sectusempra! Eu disse o acertando, no mesmo instante sua maldição sobre mim se cessou e eu como se nao tivesse sofrido nada, comecei a me levantar sem qualquer dificuldade. Você é um merda Eliot, tão merda que nem Lilith confia que você possa ser útil em salva-la. Eu disse dessa vez deixando as trevas que me habitavam falarem por mim, me esquecendo completamente o ambiente ao meu redor e de quem mais estava ali presente. Comecei a caminhar me aproximando dele que lentamente apontava para os cortes em seu corpo e conjurava o feitiço reverso, vulnera sanentur.

Lilith nao estava infectada com o vírus, ela estava sendo assombrada pelo espirito de Nathalie por ter quebrado o voto perpetuo com ela quando a matou naquele dia da batalha. Eu disse olhando para ele, vendo a surpresa em seus olhos, o espanto em perceber que ela escondera tudo aquilo dele mas havia contado a mim. Atras de mim eu nao via a reação de Alex que também havia escutado, na verdade eu estava tão tomada pela minha raiva ao loiro caído ao chão que eu nem lembrava que Alex estava presente. O liquido que eu dava estava a deixando mais louca, sim mas estava regredindo o avanço da mancha do braço. Me dando tempo de achar sangue de vampiro para dar a ela. Eu disse por fim vendo ele se sentar a minha frente incrédulo e agora entendendo que Lilith nao estava morta, pelo menos nao ainda.

Você fez o que? Ele perguntou e eu apenas soltei um pequeno sorriso orgulho olhando para ele com desdém. Eu salvei o dia de uma merda sua mais uma vez. Eu disse para ele e apontei a varinha em sua garganta, apesar de querer, eu nao podia mata-lo ainda mais sabendo que Lilith voltaria com as emoções muito mais afloradas devido as mudanças de raça. Ela nunca vai te perdoar por isso... Ele comentou e eu soltei uma risada abafada, o perdão era questão de tempo, eu sabia que Lilith ficaria de primeiro muito chateada por se tornar uma criatura tão  nojenta mas no fim ela teria feito o mesmo comigo ou ate mesmo Eliot. Bem, pelo menos ela tem agora a chance de perdoar ou nao. Eu disse olhando para ele e afastei minha varinha de seu pescoço, eu nao tinha intenções de mata-lo. Minha atenção saiu dele quando Lilith deu um grande suspiro e se sentou no chão tossindo sangue para fora, eu olhei  e um pequeno sorriu aliviado surgiu em meu rosto.

Meu alivio durou pouco quando vi Lilith levar a mão a garganta antes de em uma velocidade sobre-humana sair pela porta da minha casa. Lilith, meu deus, pode entrar! Eu disse olhando para ela, eu sabia que ela devia estar confusa, e eu precisava me explicar, sabia que ela odiaria o que eu havia feito com ela mas era a única forma de salva-la. Malia? A voz de Alex cortou meus pensamentos e o branco atingiu meu cérebro, meu coração deu um pulo para fora e eu gelei completamente. Minha adrenalina em ver Lilith morta foi tão alta que havia me esquecido completamente de onde estávamos e quem estava presente. Aos poucos minha memoria foi me relembrando cada palavra dita por mim a Eliot, engoli um seco olhando Alex pela primeira vez. Sou olhar era de pura dor, decepção, um olhar que nunca havia visto ela me entregar... Sinto  eu coração se despedaçar em vê-la me olhar daquele jeito.  Alex eu... Eu tentei falar, buscando alguma explicação que fosse o suficiente, eu sabia quem havia matado sua mãe, havia deixado ela acreditar que era Marie durante anos, para proteger Lilith. Me doía saber que precisei esconder isso dela mas nao me arrependia e faria de novo para manter as duas em uma corda de paz.

Avada Kedavra! Foram as palavras de Alex que me cortaram, eu arregalei os olhos, um bilhão de pensamentos por segundo em minha mente e no fim uma sensação de choque percorreu meu corpo e depois tudo ficou preto, nao sei por quanto tempo mas quando voltei a abrir os olhos, eu me sentei quase em um pulo. Fiquei alguns segundos fitando o chão, respirando lentamente e absorvendo a visão de Alex conjurando o feitiço da morte contra mim,ela jamais teria feito aquilo e agora eu temia por nosso futuro depois de tudo que escondi, se havia cruzado uma linha ou nao... Ao meu lado vejo um pequeno rastro se sangue no chão da casa e guiei meus olhos pelo caminho ate Lilith e Eliot que estão a alguns metros de mim. Lilith? Eu perguntei aos poucos me lembrando de quando ela havia acordado, agora já em transição. Notei o sangue eu seus lábios e lentamente fui imaginando o pior cenário e quando meus olhos voltaram ao rastro de sangue, eu voltei o caminho indo ate a outra ponta do caminho, podendo ver Alex caída ao chão com sangue a sua volta. Lilith o que você fez?? Eu disse mostrando meu desespero em minha voz, eu nao culpava a loira mas também nao conseguia ficar calma vendo Alex caída ao chão sem se mexer em volta de uma poça de sangue. Ouvi a mesma chamar por meu nome mas Eliot a atropelou.

Nao temos tempo!. Ouvi Eliot falando atras de mim enquanto meus olhos lentamente mostravam meu desespero ao começar a entender o que havia acontecido, Lilith havia se alimentado de Alex, provavelmente pelo que ela havia me feito. Alex! merda, merda, merda! Eu disse engatinhando desesperadamente ate a morena apagada ao chão. Virei seu rosto colocando ele sobre minha coxa e olhei seu pescoço ensanguentado. Pelo amor de merlim, nao me deixa meu amor, por favor! Falei desesperada, nao sabia quanto Lilith havia bebido, nao sabia nem se ela ainda tinha algum sangue no corpo. Olhei ao redor em busca de minha varinha, notando assim que Lilith e Eliot haviam aparatado, o que também me preocupava pois a loira estava com tudo aflorado. Encostei a cabeça de Alex delicadamente no chão e me levante correndo ate o armário da sala de estar que ficava próximo ao chão. Abri ele e percorri meus olhos freneticamente pelos frascos de diversas cores, pegando um vermelho vinho pequeno.

Voltei ate a morena e abri a poção de reposição de sangue, despejando o liquido em sua goela. Vai, engole!! Eu disse nervosa quando percebi que ela estava começando a parar de respirar e com isso seu corpo estava parando de responder. Puxei sua língua um pouco para fora para que o liquido escorresse e segundos depois sua respiração deu uma melhorada e consequentemente ela engoliu o resto. Suspirei começando a me acalmar, segurei seu rosto com delicadeza com as minhas duas mãos e encostei minha testa na sua enquanto chorava desesperada. Eu havia feito muitas coisas para melhorar a vida das duas e no final tudo se tornou uma bola de neve que nos trouxe ao pesadelo que foi o dia de hoje. Me estiquei pegando minha varinha que estava caída no chão abaixo da mesa de centro e apontei para o pescoço de Alex.

Ferula! Eu disse formando ataduras onde Lilith havia mordido, sua respiração aos poucos começava a ficar constante e suave, fiz um delicado carinho em seu rosto aproveitando que ela estava apagada e ainda me permitia fazer aquilo. Quando acordasse eu sabia que a tempestade viraria meu barco, tanto com ela quanto quando eu encontrasse Lilith que precisava ser breve, pois eu era a única que havia estudado sobre o inicio do vampirismo. Com muito cuidado passei meu braço esquerdo pelos ombros da morena e meu direito por baixo de suas pernas,erguendo ela em meu colo sem qualquer dificuldade. Comecei a levar Alex para nosso quarto onde deixaria ela repousar para repor seu sangue roubado e verificar se Lilith nao havia quebrado nenhum osso seu na euforia de sugar o primeiro sangue. Amanha eu procuraria a loira e faria de tudo para que ela me permita ajuda-la nesse começo de sua nova vida.