Campo de Quadribol

Estou voando alto, tentando manter o foco, quando vejo algo que faz meu coração disparar. Anastasia, uma das nossas, é atingida por um balaço, cortesia do Corvino Jordan. Ela perde o controle da vassoura, e por um segundo, parece que vai despencar. Sem pensar duas vezes, mergulhei em direção a ela. O vento frio açoitava meu rosto, e eu sinto a adrenalina correr pelas minhas veias. Com um esforço final, estendi a mão e agarrei a sua vassoura, puxando-a de volta para a segurança. — Você está bem? — Perguntei, minha voz ofegante, mas cheia de preocupação. Anastasia parece um pouco atordoada, mas acena com a cabeça, respirando fundo e confirmando.

Soltei um suspiro de alívio, vendo que ela realmente está bem. Sem perder tempo, voltei a subir, meus olhos já varrendo o campo para encontrar o próximo movimento. Enquanto me reposicionava, vejo Adora, com a goles nas mãos, voando em direção ao aro da Grifinoria. Sei que ela é uma jogadora forte, determinada, e que se não fizermos algo rápido, a Corvinal vai marcar de novo. Então, algo capta minha atenção,  um balaço vindo na minha direção. Perfeito. Respirei fundo, esperando o momento certo, mantendo meus olhos fixos em Adora. O balaço se aproxima rapidamente, e quando está a uma distância segura, giro minha vassoura para acertá-lo com toda a força que tenho.

Meu coração está na garganta enquanto miro diretamente em Adora, torcendo para que o balaço a atinja antes que ela arremesse. O tempo parece desacelerar, e posso ver claramente o percurso do balaço, voando em sua direção. Minha mente está a mil, desejando que isso seja o suficiente para pará-la. E então, eu aguardo, na expectativa, esperando o resultado do meu movimento, esperando que o balaço cumpra seu papel e que a Grifinória tenha uma nova chance de vencer essa partida.

Ksenia viu o balaço vindo em direção a Adora como uma flecha mortal, lançado com precisão pela Regan. Seus olhos se estreitaram em um misto de foco e frustração. Ela sabia que se não agisse rápido, Adora seria atingida e a Corvinal perderia uma oportunidade crucial de marcar. Com uma decisão rápida e instintiva, Ksenia avançou na direção de Adora, puxando bruscamente a vassoura da ruiva para baixo, forçando-a a uma descida repentina e evasiva. O balaço passou de raspão por onde Adora estivera segundos antes, e Ksenia sentiu uma onda de alívio misturado com desprezo. Seu olhar se voltou imediatamente para Regan, que pairava no ar, surpresa com o desvio inesperado. Ksenia lançou um olhar gelado e desdenhoso na direção da loira, deixando claro que não permitiria que ninguém ameaçasse sua equipe, muito menos alguém como Regan. Sem perder tempo, ela acelerou junto a Adora em direção ao aro da Grifinória, determinada a transformar aquela defesa em um ataque bem-sucedido.

Adora, ainda recuperando-se da manobra, encontrou os olhos de Ksenia e, em uma troca silenciosa de confiança, passou a goles para ela. Ksenia agarrou a bola com firmeza, sentindo a adrenalina correr por seu corpo. Ela sabia que precisava ser precisa e rápida. Com um movimento calculado, ela levantou o braço e lançou a goles em direção ao aro da Grifinória, focando toda a sua força e determinação naquele arremesso. Enquanto a bola cortava o ar em direção ao gol, Ksenia sentiu seus olhos se desviarem, por um breve instante, para Enric, que voava próximo a ela. Seu coração se encheu de um ódio feroz ao lembrar da traição de Enric no dia anterior. Ele havia enganado a todos, usado seus companheiros como distração enquanto roubava o artefato para cumprir seus próprios objetivos, independentemente do que Nicholas havia planejado. A raiva queimava em seu peito, fazendo seu sangue ferver.

Vejo a goles de Ksenia cortando o ar, indo direto para o aro da Grifinória. Por um instante, meu coração quase para. Mas então, em um movimento ágil, nosso goleiro estende a mão e defende o arremesso. O alívio que sinto é quase palpável, uma onda de ar fresco em meio ao caos do jogo. Sorrio, mas só por um segundo. Preciso voltar ao jogo, focar na próxima jogada. Meus olhos varrem o campo, e é aí que vejo Enric. Ele está com a goles em mãos mais uma vez, voando como se tivesse controle de tudo. A raiva que sinto ao vê-lo é enorme, uma onda de ódio que me domina por completo. Como ele ousa? Como ele tem a coragem de estar aqui, como se nada tivesse acontecido? Lembro-me de Eleanor, de como ela está na ala hospitalar por causa dele, e de como ele traiu todos nós quando tentamos impedir Nicholas.

Não consigo me segurar. A raiva é grande demais para ignorar. Aperto os punhos, o corpo tenso de fúria, e voo em direção a Enric, minha vassoura cortando o ar como uma lança. Quando chego perto, bato minha vassoura contra a dele, fazendo-o se desequilibrar. —  Você não tem vergonha, Enric? Não sente nada pelo que fez com a Eleanor? —  Gritei, a voz carregada de desprezo. Enric me olha com aquele sorriso frio, cínico. —   Vergonha?... —   Ele responde, com um tom de voz que só aumenta minha raiva. Ele não só tem a audácia de me responder assim, mas também lança a goles para Ksenia como se eu fosse irrelevante. Meu sangue ferve. Antes que ele possa reagir, pego meu bastão e acerto com toda a força nas costelas dele. Ele grunhe de dor, perdendo momentaneamente o controle da vassoura, e eu aproveito para empurrá-lo ainda mais, fazendo-o lutar para manter o equilíbrio.

Eu me afasto dele, minha respiração pesada, o coração batendo rápido no peito. Mas isso não é suficiente. A raiva ainda me consome, e não posso deixar barato. Voo em direção ao balaço mais próximo, meus olhos fixos nele, e acerto com toda a minha força, direcionando-o diretamente para Enric. Toda a minha frustração, todo o meu ódio, são canalizados nesse movimento. Que ele sinta pelo menos uma fração da dor que causou. Enquanto o vejo voar na direção dele, uma parte de mim lamenta secretamente por Eleanor. Saber que ela nutre sentimentos por alguém tão desprezível como Enric só torna tudo ainda pior. Mas, por agora, tudo o que importa é a vingança que aquele balaço pode trazer.

Eu vejo tudo se desenrolar como se estivesse em câmera lenta. Regan, com uma fúria que raramente vi nela, acerta o balaço em cheio nas costelas de Enric. Ele se contorce de dor, lutando para se manter na vassoura, e por um segundo, o campo inteiro parece congelar. É a distração perfeita embora uma ponta de mim deseje ir ver se o moreno estava bem. Sem pensar duas vezes, aproveito o momento. Me lanço em direção a Ksenia, que está completamente focada em assistir Enric sofrer. Com um movimento rápido e preciso, roubo a goles dela, sentindo o couro da bola fria contra as palmas das minhas mãos. Meu coração martela no peito, mas é de pura determinação.

Voo em direção aos aros da Corvinal, o vento cortando meu rosto, meus pensamentos voltados apenas para o gol à minha frente. No fundo da minha mente, a imagem de Aaron na ala hospitalar surge. A raiva que sinto por Nicholas, por tudo o que ele fez, que o deixou lá... isso me impulsiona ainda mais. Eu não posso deixá-lo escapar ileso.  Me aproximo dos aros, o goleiro da Corvinal já se preparando para me interceptar. Mas eu estou um passo à frente. Com toda a força e precisão que consigo reunir, lanço a goles na direção do aro. Minha mente está clara, meu foco inabalável. Eu não estou apenas jogando para a Grifinória hoje; estou jogando para Aaron, para a justiça que ele merece.

A goles corta o ar, e eu seguro a respiração, esperando para ver se meu esforço vai se concretizar.

Caroline achava impensável estar toda a gente nesta partida de Quidditch enquanto a sua irmã jazia numa cama na ala hospitalar entre a vida e a morte. A ruiva estava branca como a cal da parede e mal se aguentava na vassoura mas sabia que a teimosia e determinação da loira diriam que ela tinha de ganhar a partida. Independentemente do seu estado de saúde.

Saber que a culpa da sua irmã estar naquele estado se devia, sobretudo, àquele Corvino idiota fazia o seu sangue ferver e, pelos vistos, o da Regan também que tentava atingi-lo das formas que podia, o que fazia a grifina sorrir maliciosamente enquanto lhe dirijia um olhar carregado de ódio.

Ela desviou o olhar enquanto voava tentantado avistar a golden snitch, no entanto, era difícil concentrar-se e sabia que Viktor iria aproveitar cada escorregadela que ela desse. A ruiva era determinada e procurou no campo por aquela bolinha com asas irritante, enquanto observava a movimentação de Viktor para perceber se ele já a tinha avistado e cortar o ar velozmente em direcção a ele.

No entanto, Viktor parecia tão perdido quanto ela e Caroline decidiu tentar uma direcção diferente para ver se conseguia avistar o brilho dourado.

Pensamentos
Caroline

Ksenia observa a cena diante de si, com uma mistura de satisfação e desdém. Ver Enric tomando porrada de Regan é, no mínimo, merecido. A traição dele ainda é um ferimento aberto em todos os sentidos, e uma parte dela deseja que Regan acerte cada vez mais forte. Ele merece cada segundo dessa dor. Mas enquanto essa pequena vingança pessoal se desenrola, Ksenia se distrai, e isso custa caro. O grito de comemoração dos jogadores da Grifinória a traz de volta à realidade. Ela vira a cabeça e vê a goles atravessando o aro da Corvinal, a pontuação deles subindo. Ksenia range os dentes, irritada consigo mesma por ter se deixado levar pela cena. Ela precisa focar no jogo, deixar os sentimentos de lado, pelo menos por agora. Não pode dar mais pontos de graça para a Grifinória, especialmente quando Regan parece estar focada apenas em Enric.

O goleiro da Corvinal reinicia o jogo rapidamente, lançando a goles para Adora. Ksenia imediatamente voa para se posicionar ao lado da ruiva. As duas já haviam combinado algumas jogadas antes do início da partida, e esse era o momento perfeito para colocá-las em prática. Adora, determinada e concentrada, mantém a goles firme, evitando os adversários enquanto avança pelo campo. Ksenia a acompanha de perto, pronta para receber o passe. Elas ouvem os chamados de Enric, que parece desesperado para se inserir na jogada, mas ignoram completamente. Ele pode muito bem continuar sendo o saco de pancadas de Regan. Isso só facilita as coisas para elas. Com Enric fora de combate, ao menos por enquanto, elas têm mais espaço para manobrar.

Ksenia percebe que Laura, da Grifinória, está se aproximando rapidamente, tentando interceptar a jogada. Com um movimento ágil, Ksenia desvia da jogadora, inclinando sua vassoura para a esquerda em uma curva acentuada. Adora percebe a abertura e, sem hesitar, lança a goles para Ksenia. A sensação da goles firme em suas mãos traz uma onda de determinação. Ksenia mira nos aros da Grifinória, seus olhos fixos no goleiro adversário. Não há espaço para piedade ou hesitação. Com toda a força e precisão que consegue reunir, ela arremessa a goles em direção ao aro, determinada a não dar chance alguma ao adversário. Enquanto a goles corta o ar em direção ao objetivo, Ksenia lança um olhar para trás, apenas para ver Enric ainda lutando contra Regan.

Eu estava perdido, tentando achar qualquer sinal do Pomo de Ouro. Minha visão varria o campo incessantemente, mas até agora nada. Cada centímetro do céu parecia vazio, e a sensação de frustração crescia dentro de mim. Meus pensamentos, no entanto, não conseguiam se fixar apenas na busca. Eles vagavam, se perdiam nos eventos da noite passada, nos horrores que enfrentamos. As dores físicas e emocionais ainda estavam frescas em mim, especialmente quando me lembrava de Eleanor. Ela era minha melhor amiga, e o fato de estar na ala hospitalar me angustiava. Eu desejava desesperadamente sua melhora, mas também, cada vez que pensava em Enric, o desejo de vê-lo pagar pelo que fez a consumia minha mente. Olhei para o campo novamente, tentando afastar essas emoções e focar no jogo. Vi Ksenia marcar um ponto, e por um momento, não pude deixar de admirar sua habilidade. A sincronização dela com Adora era impecável, quase uma obra de arte. Mas as dores nas costelas e músculos não se foram, e a sensação de cansaço se mantinha, como um peso constante em meus ombros. Ao mesmo tempo, a presença de Regan, minha irmã, caçando Enric sem lhe dar um segundo de paz, me trouxe um tipo estranho de satisfação. Ela estava dando a ele o que ele merecia, e eu não podia deixar de admirar sua coragem. De repente, uma movimentação inesperada me chamou a atenção. Caroline. A estranha corrida dela no campo foi o suficiente para me alertar. Algo estava acontecendo, e o medo de que ela tivesse visto o Pomo de Ouro antes de mim fez meu coração acelerar. Sem hesitar, voei rapidamente até ficar paralelo a ela.

Sabia que você viria.  Caroline sorriu, os olhos brilhando com uma confiança provocadora. Eu não pude evitar sorrir de volta, aproximando minha vassoura levemente da dela. Você é linda, mas isso não significa que eu vá deixar você ganhar. Ela riu suavemente, e antes que eu percebesse, estávamos próximos o suficiente para que nossos rostos quase se tocassem. Senti o ar entre nós carregado de uma tensão que era ao mesmo tempo intrigante e tentadora. Caroline se inclinou um pouco mais, e eu fiz o mesmo, nossos rostos quase colidindo em um beijo no meio do campo de Quadribol. Um momento que poderia ser perfeito, romântico, mas então, o impossível aconteceu. O Pomo de Ouro passou voando bem na nossa frente, desviando nossa atenção no instante exato antes do beijo se concretizar. Ficamos parados, suspensos no ar, por uma fração de segundo, enquanto a dúvida tomava conta de nós. Deveríamos seguir o Pomo ou continuar o que estávamos prestes a fazer? Caroline sorriu novamente, mas desta vez, havia uma resposta clara em seu olhar. Sem dizer uma palavra, ela acelerou, deixando-me um pouco para trás, surpreso e entretido ao mesmo tempo. Ela havia respondido à minha provocação inicial de uma maneira que eu não esperava, e eu não pude deixar de admirar sua astúcia. Soltei um leve riso enquanto a via se afastando em direção ao Pomo. Eu gostava desse jogo, dessa troca de provocações, mas agora o objetivo principal estava à frente. Sem perder mais tempo, acelerei minha vassoura, focado em alcançar Caroline e o Pomo de Ouro. Se ela pensava que me deixaria para trás, estava muito enganada. Este jogo ainda estava longe de terminar, e eu não tinha intenção de perder, nem no campo, nem fora dele.

O ponto que Ksenia acabou de marcar pela Corvinal foi incrível e estou pronta para devolver a energia ao campo. Enquanto volto para a posição inicial, vejo a Grifinória saindo com a bola, claramente determinada. Decido que é hora de mostrar quem manda. Com um movimento rápido, dou um toque em Laura, acertando-a com a minha vassoura de maneira firme, para roubar a posse. Laura, que é uma das minhas melhores amigas, estava com a bola, e vejo o espanto em seu rosto quando me aproximo. Com uma risada desafiadora, acelero e faço um zigzag lhe roubando a goles no ar, simplesmente para provocar e mostrar quem é que está comandando o jogo. Dou um giro no ar, desviando de um balaço de Regan. Apesar de ele não estar mirando em mim, o projétil passa perigosamente perto. Mas estou ágil e dou uma pirueta, desviando com facilidade.

Observando, vejo Regan acertar Enric mais uma vez, o que faz meu sorriso de satisfação crescer ainda mais. Aproveito a distração momentânea e lanço a bola com precisão para Ksenia. Ela está pronta para o próximo ataque e eu estou animada para ver o que vem a seguir. É um momento de pura adrenalina e diversão, e eu estou totalmente imersa na competição. Vamos ver o que a Grifinória tem para oferecer agora!

- Sabia que você viria. - A ruiva tinha um olhar travesso nos olhos e uma confiança avassaladora. Ela gostou que ele tivesse vindo na sua perseguição apesar de ainda não ter avistado o brilho dourado da Golden Snitch. Ele aproximou-se dela e declarou que não a ia deixar ganhar. - Isso é tão pouco cavalheiresco da sua parte Mr. Vannunci. - Caroline brincou enquanto voavam, no entanto, o peso no seu peito continuava. A sua falta de força também mas não iria desistir de ganhar aquele jogo pela sua irmã mesmo que começasse a ter visão dupla. Eles riram-se ambos e as suas cabeças estavam próximas e gritavam pelo beijo. O plano de fundo com o sol e a voar, pareceu que ao redor tudo desapareceu e eram só eles: Carol e Viktor. Ela inclinou-se mais para ele para encurtar a curta distância que os separava. E, foi nesse momento idílico e romântico que a maldita Golden Snitch decidiu aparecer. A ruiva queria muito beija-lo, mas não se iria desviar do seu objectivo embora tenha parado por uma fracção de segundo.

Ela inclinou-se e saiu disparada em direção do brilho dourado com Viktor atrás dela. Ela sabia que o corvino lhe ia dar luta. Ela acelerou e manteve uma postura boa enquanto ziguezagueava entre as arquibancadas, descia e subia consoante aquela bolinha. Agora parecia o momento certo, sem ligar ao que acontecia no campo lá em cima, ela desviou-se de uma bludger e esticou a mão para tentar apanha-la. Viktor continuava a persegui-la e aproximava-se perigosamente, mas a ruiva estava determinada e esticou-se toda com a mão estendida esperando apanhar a Golden Snitch.

Pensamentos
Caroline

O apito soou, e meu coração acelerou como nunca antes. As arquibancadas vibravam com os gritos de incentivo, mas eu me forcei a focar no campo à minha frente. A goles foi lançada ao ar e, antes que eu pudesse respirar fundo, Laura já estava disparando como uma flecha na direção da bola. Com um movimento preciso, ela a pegou primeiro. Eu e Brunna estávamos logo atrás, voando em formação. Nós três cortávamos o campo com sincronia impecável, o vento frio batendo no rosto, mas a adrenalina me mantinha aquecida. Laura passou a goles para Brunna com uma leve inclinação do corpo, um passe quase imperceptível para os adversários. Era como se tivéssemos ensaiado essa jogada por meses, e cada curva e manobra fluía de forma natural.

Eu mantive minha posição, os olhos atentos em tudo ao redor. Aaron, o artilheiro da Sonserina, tentou se aproximar, mas Brunna rapidamente fez uma manobra em zigue-zague, deixando-o para trás. Ela olhou para mim por um instante, e soube exatamente o que fazer. Brunna fez um passe perfeito, e senti a goles bater firme em minhas mãos. Foi naquele momento que decidi. Apertei o cabo da minha vassoura e mergulhei em um movimento rápido e calculado. O ar ficou mais denso à medida que eu descia em direção aos aros da Sonserina, com Aaron me seguindo de perto. Eu conseguia ouvir seus gritos enquanto ele tentava me alcançar, mas não olhei para trás.

Desviei por entre dois batedores que tentaram bloquear meu caminho, com a goles ainda firme nas mãos. Quando vi os aros se aproximando, dei tudo de mim. Com um movimento rápido, lancei a goles com força na direção do aro esquerdo.

Minha mente estava uma bagunça, o caos dos meus pensamentos me puxando para todos os lados, Eleanor, Laura, tudo se embaralhava dentro de mim e, por um momento, senti aquele peso familiar se espalhando, ameaçando me distrair de novo, soltei um suspiro, balançando a cabeça rapidamente. Não dessa vez. Eu não ia deixar aquela confusão me dominar como no último jogo, precisava manter o foco, me concentrar na partida, respirei fundo e direcionei minha atenção para o campo.

A movimentação da Grifinória me chamou de volta ao presente, Regan voava com velocidade impressionante, preparando um arremesso, meus olhos seguiram a Goles enquanto ela cortava o ar, direcionada ao aro esquerdo, o lançamento era certeiro, mas não estava disposto a ceder facilmente. Num movimento rápido, inclinei meu corpo para trás e, com a ponta da cauda da minha vassoura, consegui desviar a Goles de sua trajetória, a bola, fora do curso, começou a cair em direção ao campo, não hesitei, avancei e agarrei a Goles com firmeza, o pulso da adrenalina percorreu minhas veias, acelerando minha mente e corpo para o próximo movimento.

Me lancei para frente, iniciando um contra-ataque feroz, com um giro ágil, deixei para trás as artilheiras da Grifinória que tentavam me alcançar, a torcida da Sonserina estava começando a se agitar, percebendo que algo grande estava para acontecer, podia ouvir os gritos de apoio ficando mais altos a cada manobra que fazia. À medida que eu avançava, fui ziguezagueando entre os batedores da Grifinória, os deixando confusos e desorientados, a cada curva que fazia, a distância entre mim e o aro adversário diminuía, minha respiração estava controlada, minha mente afiada, não iria errar dessa vez, quando cheguei próximo ao alvo, posicionei a Goles na altura dos meus olhos, podia sentir o momento, tudo se encaixava, com um movimento preciso lancei a goles em direção ao aro, sabendo que, naquele instante, todo o foco do jogo estava sobre mim.

Meus olhos estavam fixos em Daniel, que com maestria conduzia a Goles em direção ao nosso alvo. A cada movimento, a torcida da Sonserina irrompia em gritos de incentivo, e eu soltei um sorriso discreto. Aquele era o momento em que a Sonserina se sobressairia. Claro, não tínhamos mais chances de vencer o campeonato — uma verdadeira lástima. Mas isso era, em parte, resultado da falta de competência do time. Uma clara falha de liderança que, por negligência ou incompetência, nos trouxe até aqui. Mas isso não se repetiria mais. Não enquanto eu estivesse presente.

Eu observava Daniel, cada movimento seu calculado e preciso, como um predador à espreita. E então, com um impulso ágil, ele lançou a Goles com força em direção ao aro da Grifinória. A bola descreveu uma trajetória perfeita no ar, rasgando o espaço entre os aros com uma precisão cirúrgica. A torcida explodiu em êxtase, gritos de comemoração ecoando pelas arquibancadas. Daniel havia marcado, e por um breve momento, senti o gosto doce da vitória iminente.

Mas minha celebração foi breve. Um ponto era apenas uma fração do que precisávamos. A partida ainda estava longe de acabar, e a adrenalina começava a borbulhar nas minhas veias como fogo líquido. Meus olhos varreram o campo, até que, de repente, avistei Caroline. Ela estava lá, a apanhadora da Grifinória, deslizando pelos céus com aquele olhar determinado, fixo no pomo de ouro. Um brilho reluzente que, se ela capturasse, destruiria qualquer esperança que ainda restava para nós. Não podia permitir que ela roubasse a vitória da Sonserina assim, com uma jogada de sorte. Não, não enquanto eu estivesse em campo.

Meus dedos se apertaram ao redor do bastão, sentindo o peso familiar da madeira. Com um movimento rápido, ajustei minha postura e mirei diretamente em Caroline. A distância era considerável, mas eu confiava nas minhas habilidades. Sempre confiei. Ela estava prestes a fazer o movimento final, e era agora ou nunca. Sem hesitar, coloquei toda a minha força no lançamento, fazendo o Balaço voar pelos ares com um zumbido cortante, como uma flecha que não erraria o alvo. Eu podia sentir o ar ao redor de mim se comprimindo com a tensão, e o som do Balaço rasgando o campo era quase ensurdecedor.