Sala de Arquivos e Armazenamento

Terra Firme (Ministério), Captain KC Cooper, Setembro de 2051

Era mais um dia comum e monótono no Hall das Profecias. Eu vestia uma jaqueta de couro azul ciano com detalhes preto por cima da camisa preta lisa e uma calça de couro como a jaqueta. Meus cabelos estavam tingidos do mesmo tom de ciano de minhas roupas e minha varinha ia pendurada em um compartimento próprio pendurado no cinto em minha cintura.

Não tinha muito o que fazer ali além de garantir que as profecias continuassem em seus lugares e que ninguém entrasse ali sem autorização. Para isso, eu passava a maior parte do tempo sentada em minha mesa perto da porta lendo um jornal ou um livro. Já tinha lido todo o Profeta Diário daquela manhã e tinha passado para o livro trouxa que falava de aventuras marinhas. A maior parte do livro era baboseira, mas como para toda ficção ficar melhor, fingi que seu conteúdo era o único que existia (pelo menos enquanto lia).

Estava com saudades de viajar por semanas mar adentro, mas com o trabalho não podia me distanciar tanto assim, então ia só algumas horas de distância e voltava para mais um dia de trabalho. E por que eu trabalhava com algo que não era minha paixão principal? Porque todo Cooper precisa de momentos na terra firme, por mais que isso nos incomode. Esses momentos são apenas para que nos lembre de que nem tudo na vida vem fácil como uma pesca, que devemos conquistar.

Mas eu não era avessa ao meu trabalho. Gostava de estar ali. Tornava minhas oportunidades de estar em alto mar, mesmo que não comandasse o 'Sea Lady' com tanta frequência quanto gostaria, momentos a serem aproveitados por inteiro. E ali estava eu, passando mais uma página do livro quando ouvi a grande porta do Hall ser aberta. Levantei meus olhos e tirei meus pés de cima da mesa. Era um homem, baixo, pouco mais velho que meus pais, com um terno aparentemente de alfaiataria. Ele veio em minha direção tirando um papel de dentro do seu terno. Li o que o pergaminho dizia e fechei a cara para a resposta.

-Venha. - disse somente, fechando o livro com a página marcada e levantando para pegar o que era pedido ali. O globo 245. Enquanto andava firme até a prateleira correta, apoiei minhas duas mãos no cinto como costumava fazer quando estava no veleiro. Era mais confortável manter as mãos presas do que soltas ao redor do corpo. -Aqui, pegue. - falei, apontando para o globo correspondente. O cara de terno vestiu uma luva e pegou o objeto para si, guardando em uma sacola de veludo logo em seguida. Voltamos à minha mesa em silêncio, onde assinei a retirada do globo no papel que ele havia me entregado e o fiz assinar em meu livro de registros.

Depois que ele partiu, voltei a sentar na cadeira com os pés sobre a mesa. Voltei também a ler o livro que estava interessante. Assim eu fiquei até o fim do meu expediente, onde deixei o livro sobre a mesa e tranquei a porta como mandava o manual do funcionário artigo segundo parágrafo quinto.

Terra Firme (Ministério), Captain KC Cooper, Outubro de 2051

Acordei antes do sol nascer com o barulho que faziam na cozinha. Meu pai era um ótimo cozinheiro, mas não quando fazia um estardalhaço. Por que ele estava mexendo nas panelas àquela hora da manhã? Levantei esfregando os olhos e abrindo o guarda-roupa atrás de uma roupa para trabalhar naquele dia. Não procurei muito; peguei uma camisa social branca de manga bufante, uma calça de couro marrom e sapatos do mesmo tom da calça. Tomei um banho rápido antes de me vestir. Sequei minhas tranças com um feitiço e, olhando-me no espelho, escolhi a cor prateada para elas.

Papai tinha derrubado tudo, mas já estava no lugar quando saí do quarto e me despedi dele. Na área social tínhamos uma lareira que não podia ser acendida, mas que servia de transporte para a maioria dos lugares mágicos. Um deles era o Ministério da Magia Britânico. Saí no átrio do mesmo onde cumprimentei os seguranças e segui para o departamento de mistérios.

Meu trabalho era bem calmo e solitário. Eu só precisava manter a segurança das profecias e isso não era um trabalho muito complicado de se fazer por esses tempos. Essa calmaria toda, me dava um bom tempo para fazer diversas coisas (desde que eu não saísse de minha mesa). Eu tinha uma pilha de livros e vários papéis sobre a mesa que não faziam parte do árduo trabalho de ficar sentada por oito horas. -Prata? - perguntou-me um rapaz no elevador. Ele era do departamento de criaturas e não o via muito por ali, mas vez ou outra conversávamos na fila. -Achei mais adequado. O que achou? - perguntei com um pequeno sorriso. -Está deslumbrante. - por alguns momentos pensei que ele estava dando em cima de mim, mas não pude confirmar, meu nível tinha chegado.

Com a varinha na mão, toquei a porta do hall das profecias e a abri. Quando sem um responsável, a sala possuía alguns feitiços de proteção que eram desativados ao toque do próprio responsável. Quase como funcionava no Gringotes. A sala vazia me dava um pouco de arrepios. Eu poderia viajar dias a fio em alto mar sozinha, mas nunca conseguiria passar o mesmo tempo naquela sala sem companhia. Logo sentei na cadeira confortável que eu tinha conquistado, deixei a varinha sobre a mesa e peguei o primeiro livro da pilha para ler. Já estava perto do fim dele - devia faltar pouco menos de 100 páginas - e eu pretendia terminá-lo ainda naquele dia. Mas como nem tudo é um mar de rosas, não levou meia hora para alguém aparecer ali.

Parecia ser um membro da suprema corte, pelas roupas que vestia. Me endireitei e deixei o livro de lado, com a página marcada. -Vim trazer uma nova esfera. Já está catalogada e confirmada. Aqui estão os papéis. - o homem colocou uma pasta de papel sobre a mesa, seguida da caixa onde a esfera se encontrava. -E aqui a esfera. Assina aqui, por favor. - ele me entregou um papel solto. -Este não é o documento de recebimento. - reclamei ao ler o papel com atenção. Não seria fácil me enrolar, mesmo sendo um membro da suprema corte bruxa. -Oh, não, é este papel. É este aqui. - ele se consertou. Assinei o papel que apenas dizia que eu estava recebendo a esfera com uma profecia. Ele mesmo assinou o outro documento e me entregou, que eu juntei aos demais papéis na pasta antes dele se retirar. Sozinha novamente, suspirei antes de verificar o número na caixinha para colocá-la no lugar devido.

A caixa ia na prateleira e a documentação toda ia no arquivo que ficava atrás da minha mesa. Com tudo em seu devido lugar, voltei à cadeira para continuar lendo o livro. Mais algumas horas e outros vieram. O dia estava agitado demais e eu até que gostava disso. Mas no fim do dia, deixei tudo no lugar. O livro findado e outro já iniciado. E a sala fechada do mesmo modo como tinha aberto, com a varinha na mão e os feitiços ativos.