Praça de Godric's Hollow

palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia

A praça de Godric’s Hollow fica no meio do pequeno vilarejo e possui um formato redondo, sendo dividida em três áreas abertas. A primeira é um pequeno playground que faz a alegria das crianças que por ali vivem, possuindo brinquedos, e uma área apenas para andar de bicicleta ou praticar atividades parecidas. A segunda é dedicada aos jovens, possuindo um anfiteatro, geralmente usado para reuniões dos adolescentes, apresentações e, mais raramente, peças de teatro. A última área é dedicada aos adultos, principalmente aos idosos que em dias normais se reúnem para falar dos velhos tempos e jogar damas ou xadrez nos bancos e mesas de pedra do local. No centro da praça existe um monumento que é desconhecido para a maioria das pessoas que por ali passar, uma estátua de um casal segurando uma criança no colo, por não possuir uma escritura a maioria acredita que se trata dos fundadores da cidade, mas aqueles com sangue bruxo correndo em suas veias sabe que se trata da família Potter e do “garoto que sobreviveu”.

Kall at Queen of Graphics

Drunk

Aquela garrafa era minha melhor amiga no momento. Enquanto eu andava pelas ruas sem saber exatamente para onde estava indo a garrafa permanecia em minha mão, meus pés começavam a bater de encontro um ao outro e por um instante me apoiei na parede, vendo o mundo a minha volta dar leves e lentas voltas.
Já tinha bebido demais, olhei para a garrafa de Whisky trouxa em minha mão, era a segunda esta noite e estava pela metade, sem conta a garrafa de vinho que já havia se esvaído até a ultima gota. Não iria desperdiçar bebida, se eu desmaiasse em algum lugar iria embora depois que acordasse.
Os acontecimentos da noite anterior voltavam atribulados pela minha mente, a briga com meu irmão, as palavras amargas ditas sem pensar, a forma que ele disse que eu estava me tornando um bêbado violento e que a possibilidade de conseguir o cargo que eu tanto almejava poderia apenas piorar aquilo. Era ridículo, nos íamos uma vez por ano, se muito, e ele sempre me tratava como um inútil, talvez o fato dele ser o queridinho da mamãe o fizesse ter essa sensação de grandeza e se achar melhor que eu. Mas eu iria conseguir aquele cargo e esfregar na cara arrogante dele.
Mas não essa noite, não comigo quase caindo pelos cantos. Me arrastando pela parede e a garrafa quase no fim a joguei em um canto, olhando para o outro lado da rua e vendo a praça. seria bom um lugar para sentar. Ao chegar na praça fingi estar sóbrio o suficiente para não esbarrar em ninguém, enfiei as mãos nos bolsos e caminhei de cabeça baixa, ao chegar no primeiro banco que vi tentei me sentar de forma leve, mas acabei quase me jogando no banco.
Mas de acidente acabei trombando em uma mulher que estava ali sentada, olhei sobressaltado, quase caindo por causa da bebida, e dizendo em um tom arrastado. Desculpe...

Drunk

As pessoas pareciam girar perto de mim, depois de quase recuperar meu equilíbrio mantenho o rosto baixo, meus olhos pesados por causa da bebida e o olhar um tanto assustado da mulher ao minha frente, era uma pena que ela me visse naquele estado, minha cara quando não estava um trapo seria uma visão mais adorável.
Levanto o rosto para a mulher, estava bêbado o suficiente para admitir que tinha uma aparência estranha e são o suficiente para saber que estava fazendo uma careta irritada. Olhando para a mulher e sentindo o mundo se mexer ao meu redor como efeito do álcool respondi seu pedido de desculpas. Não se preocupe... Não é sempre que se encara um homem bonito como eu...
Disse no meu mais amigável tom bêbado, soluçando de forma quase disfarçada. Depois voltei a olhar pra baixo, respirando fundo e tentando focar minha visão para talvez parecer menos bêbado.

Drunk

O mundo girava mais rápido a minha volta e eu começava a sentir o desconforto na boca do estômago, respirando devagardeixei meu corpo relaxar ainda mais no banco, na verdade mais um pouco e estaria relaxando no chão da praça.
Olhei para a mulher que estava ao meu lado falando alguma coisa de café e cafeína, olhei de baixo para ela, completamente sonolento e dizendo. Meu irmão é um idiota e eu so um completo inútil...
Era incrivel como a bebida vazia a gente flar coisas que não falaria sóbrio. Soluço novamente, dessa vez sem tentar disfarçar, sentia a ardência em meus olhos e segurava as lágrimas de raiva que queriam cair, respirei fundo e passei as mãos pela cabeça, bagunçando meu cabelo de forma completamente despreocupada.

Drunk

Por um momento olhei para a mulher, eu poderia ser grosso ou até estúpido, mas ela estava tentando me ajudar me distraindo, eu não tinha o direito de trata-la mal.
Fechei meus olhos tentando assimilar alguma coisa útil pra dizer, mas não consegui pensar realmente em nada, tudo que saiu de minha mente foi o nome meio interrompido por um soluço. Pablo ...Wood...
Respirei fundo tentando me levantar, mas caindo novamente contra o banco e balançando a cabeça pensei o quanto aquilo estava errado e eu deveria estar caído em uma viela, seria menos estranho do que estar caído na praça de uma das mais tradicionais vilas bruxas.
Olhei a mulher novamente soluçando outra vez, dizendo com a voz totalmente embargada e arrastada. Pelo menos seu irmão não se intromete na sua vida, aquele cretino acha que é meu pai...

Drunk

Minha boca estava seca, meus olhos pesados assim como meus braços, respirando fundo tateei meus bolsos até encontrar um pequeno odre de metal, abri sua tampa com dificuldade, mas ao vira-lo sobre a boca percebi pesaroso que o a bebida tinha acabado completamente.
Joguei o odre desastradamente pelo chão, balançando a cabeça e passando minhas mãos por meu espesso cabelo negro, olhando a moça com sua pergunta e dizendo baixo. Eu não morava... ai então...
Com um olhar perdido deixei minha mão ir do meu cabelo até meu rosto, lembrado-me de forma vivida das surras que levava pelo simples fato de escolher o caminho que escolhi, para uma família focada em salvar vidas eles não se importavam em machucar os mais próximos, lembrado de tudo isso um arrepio violento subiu por meu corpo e meus olhos começaram a lacrimejar, mas eu os controlava com força para não chorar, era algo que estava gravado em minha alma. Ele cuida de mim... Cuidava...

Drunk

Enquanto eu olhava o odre que estava novamente em minhas mãos as palavras dela fluíam por meus ouvidos, eu tinha medo de não estar entendendo bem o que ela dizia por causa do álcool, mas parecia que ela tinha parado no meio de uma frase.
Olhei-a um tanto confuso e me sentindo perdido, olhei em volta para as pessoas andando pela praça, então fazei com a voz bem arrastada. Eu moro aqui agora, juntos com a neve, a estátua e os pombos.
Apontei para um dos pombos que apenas voou para longe, sorri sem graça, dizendo baixo e de uma forma enrolada. Nem os pombos gostam de mim... Nem minha mãe... Nem meu irmão...

Drunk

Meus olhos estavam cada vez mais pesados e meu estômago ainda mais revirado, não demoraria até eu dormir ali mesmo ou vomitar em algum lugar, mas por enquanto eu mantinha meu auto-controle e tentava me concentrar em alguma coisa, então resolvi olhar para a mulher me concentrando em seu rosto, com um pouco de esforço e vendo o mundo girar consegui me sentar novamente, passei as mãos pelos olhos demoradamente antes de voltar a olhar para a mulher, dizendo. Você parece uma pessoa legal...
Ela voltava a se sentar do meu lado. Guiado pela carência somada ao álcool ou apenas pela necessidade de contato humano voltei a me inclinar, dessa vez encostando minha cabeça no colo da mulher, soluçando algumas vezes antes de dizer. Se quiser não tem problema em me largar aqui, de manhã eu posso pensar no que fazer.