Barraco dos Gaunt

Após um dia surpreendentemente divertido com a menina trouxa, eu me separei dela no final da tarde e voltei a meu objetivo principal. Seguindo as instruções de meus tios, eu fui ate o endereço indicado em Little Hangleton da mansão que pertencia a nossa família. Minha chegada nao podia ser mais deprimente, a casa estava aos pedaços, raízes e plantas cobriam o exterior, janelas tinham os vidros quebrados e imundos, a porta estava toda descascada e ao abrir rangia feito um trasgo morrendo. Antes de ir a Hogwarts, eu tinha trabalhos a fazer, restaurar nossa casa original era a primeira coisa. Deixei minhas coisas no que podia se chamar de quarto principal e me sentei na cama mofada e empoeirada puxando minha varinha.  Com alguns acenos acionei uma empresa bruxa restauradora que meu parentes havias posto na lista de contato.

Uma conversa breve de vinte minutos e o contato de meus parentes para o pagamento foram suficientes, naquele mesmo dia, bruxos chegaram com suas varinhas, iniciando os trabalhos, deixando cada cômodo da casa como um dia magnifico foi. Eu assistia a restauração com admiração, observando cada detalhe impecável do bom gosto de minha família ressurgindo das cinzas. Aproveitei meu tempo livro para escrever a carta ao homem que me foi indicado buscar ajuda. Apesar de um Gaunt, na Inglaterra éramos vistos como escoria, meu objetivo era mudar essa trajetória e buscar colaboração estrangeira era a melhor estratégia, ainda mais de um grupo que já conhecíamos do passado. Deixei que minha coruja levasse a carta e voltei a acompanhar a restauração pelo resto daquele dia e do dia seguinte.

  

Eu esperava por uma coruja em resposta, ou uma visita sem hora marcada, sabia que podia ser uma questão de segurança própria do grupo e me mantive trancado a espera. Embora a cada dia eu perdesse mais minha paciência e esperança, eu permanência esperando em nome de minha missão e família. Já nao esperava que naquele fim de tarde alguém aparecia mas quando minha varinha piscou avermelhada eu sorri e me sentei no sofá a espera de alguém. No escuro a sombra de uma silhueta feminina me fez sorrir mais ainda. Lumus. Eu disse iluminando meu rosto e o da morena que apontou a varinha para mim em um gesto automático. Eu esperava por um homem mas acredito que a conversa sera bem mais prazerosa com uma mulher. Eu disse me levantando e me aproximando podendo reparar melhor, notando que sua idade poderia ser próxima a minha. Prazer, Nicholas Gaunt. Eu disse apresentando meu verdadeiro nome e estiquei minha mão de forma bem formal para a mulher. Por mais jovem que ela pudesse ser, eu jamais subestimaria sua posição no grupo, ainda mais sendo quem eles haviam mandado.

Depois que ela me disse seu gracioso nome, Isadora, eu sorri iniciando minhas propostas. Isadora, é um prazer. Nao quero tomar muito do seu tempo, imagino que deva ter muito mais coisas a fazer, além desta nossa conversa. Eu disse lhe apontando o sofá com elegância para que se sente e me sentei ao seu lado em seguida. Bem, nao sei se sabe mas minha família tem um passado entrelaçado com o Garra Negras, devemos muito a seu grupo e nos foi de grande ajuda quando mais precisamos. Eu disse me lembrando vagamente do que meus tios haviam me contado, o acordo que haviam feito e o sequestro que haviam planejado e executado de forma perfeita. E venho aqui em nome de minha família pedir a ajuda de vocês mais uma vez. Eu disse dando uma pausa para dar a menina a oportunidade de dizer nada mas seu silencio implorava para que eu continuasse.

Meu caso é que venho de longe em uma missão familiar mas infelizmente meus familiares nao poderiam vir junto comigo e vindo sozinho como um jovem de dezesseis anos, infelizmente ainda preciso de um responsável por mim. Eu disse olhando a menina nos olhos ao meu lado enquanto continuava a convence-la de me oferecer a ajuda que precisava. Por isso gostaria de propor uma troca, preciso de alguém que aceite ser meu responsável e financiador durante meu tempo na Inglaterra, Eu disse e ouvi pela primeira vez a voz da menina depois de longos minutos, uma voz carregada de deboche enquanto repetia uma única palavra de meu pedido. Sim, financiador também pois nao pretendo sair desta casa, quero manter ela mas por enquanto... Digamos que meu sobrenome nao tem muitos direitos pela propriedade apesar de sermos os donos. Eu disse vagamente, apesar de querer um acordo, nao era de meu interesse expor tudo sobre minha vida e família, ainda mais os problemas judiciais que ela carregava injustamente nas costas.

Em troca ofereço a influencia de meu sobrenome pelo resto do mundo, meus serviços ilimitados a qualquer pedido do grupo e ajuda financeira se preciso para os custos em relação a mim. Eu disse com um sorriso, eu sabia que nao era muito a oferecer mas contava também com o passado amistoso e triunfante que o grupo possuía com minha família. Isadora me deixou sobre um silencio ensurdecedor por alguns minutos, ela se afastou sem dizer muito e foi para um segundo cômodo da casa, pelos sussurros eu sabia que ela conversava com seu chefe e esperei calmo seu retorno. Quando seu corpo voltou a deslizar de volta a sala de estar, esperei ela se sentar ao meu lado e a olhei, e com um sorriso ela me respondeu.

Suas demandas eram em excesso mas esperadas, nao espera menos do que um grupo que me manteria sob sigilo em Londres enquanto eu fazia meus deveres familiares. Com um sorriso eu deixei meu corpo afundar no sofá de lado, minha cabeça apoiada sobre minha mão enquanto admirava Isadora e sua tentativa de arrancar alguma coisa de mim. Acho que seja mais seguro mantermos certos assuntos para nós mesmos, acredito que coisas familiares seria um desses. A nao ser que queira se abrir sobre sua família também? Eu perguntei imaginando que ela nao iria desejar compartilhar coisas sobre sua família com um estranho que acabou de conhecer  e com essa cartada evitava sua pergunta com elegância, mantendo nossa relação boa. A diferença aqui é que quem precisa de favores é você e nao nos. Como podemos oferecer sem confiar? A voz dela era sedutora, tentadora de se entregar mas eu sabia me controlar e precisava por minha família. Eu suspirei percebendo que nao sairia daquele assunto sem soltar um pouco.

Tem razão, restaurar essa casa é uma das missões mas também preciso encontrar um artefato de minha família perdido em Hogwarts. Eu comentei nao deixando muito detalhes sobre a sala que precisava achar primeiro, as provas que precisaria passar ate conseguir por as mãos nas escrituras de Salazar. Isadora nao era boba e perguntou imediatamente que artefato seria aquele, com um riso simplório eu desviei meu olhar para a estampa do sofá por alguns segundos. Descobrir isso faz parte da minha missão mas sei que é algo relacionado a meu ancestral, Salazar. Eu comentei vendo seu olhar brilhar de interesse, o que deixava a jovem mais bonita do que já era. Sua ajuda pelo castelo seria um presente dos deuses senhorita Isadora. Eu comentei pegando sua mão do sofá e levando a minha boca, despejando um beijo galanteador e educado em sua mão enquanto mantinha meus olhos fixos ao seu esperando por sua resposta.

Quem sabe, mas toda ajuda minha tem um preço baby. Ela comentou e eu nao deixo de sorrir com sua ameaça em tom  sedutor, estávamos em um jogo de negociações e flertes e era empolgante. Nao espero menos do que isso e será um prazer pagar. Eu comentei deixando no ar o que podia ser uma aventura interessante entre nos dois mas era dado momento de encerrarmos aquela reunião. Com uma mudança drástica na conversa eu encerro com um assunto mais tranquilo e acompanho Isadora ate a porta de minha casa. Uma ultima troca de olhar entre nos dois e eu fechei a porta ao assistir um homem que a esperava na porta aparatar com ela como um guarda costas, me confirmando mais ainda a importância dela para o grupo.