As palavras de Pirraça ressoaram pela sala comum como um feitiço de revelação, e eu senti meu coração afundar em meu peito. Não era exatamente uma surpresa ouvir a fofoca que ele estava espalhando, mas ainda assim doía, como se um feitiço doloroso tivesse sido lançado sobre mim. Encarei a multidão de alunos, todos tão ávidos por uma boa fofoca, sem saber que eu era parte daquela história. Uma onda de emoções conflitantes me inundou: tristeza, raiva, decepção. Mas, acima de tudo, havia uma dor lancinante, uma ferida aberta que ele tinha deixado em meu coração. Eu sabia a verdade. Aaron não terminou com Rosalie por minha causa. Ele terminou com ela porque descobriu sobre o bebê. Ele me enganou, me fez acreditar que terminava com ela para ficar comigo. Ele me fez acreditar que havia mudado, que havia me escolhido. Lembrei-me da noite em que descobri a verdade. A noite em que ele me disse que estava livre, que podíamos finalmente ficar juntos sem medo. Lembrei-me de como me entreguei a ele, de como acreditei em suas mentiras. E então, no momento em que a verdade veio à tona.

As lágrimas ameaçaram escapar de meus olhos, mas eu as segurei com força. Eu não queria que ninguém visse minha fraqueza. Eu não queria dar a Aaron a satisfação de me ver desmoronar. Então, com um esforço hercúleo, eu me virei e comecei a me afastar. Foi quando o vi. Ethan, um de meus melhores amigo, estava lá, rindo da situação como se fosse apenas mais uma piada. Ele não sabia a verdade, não sabia o quanto aquelas palavras de Pirraça me machucavam. Eu o encarei por um momento,  o eco das suas risadas ecoando em meus ouvidos, eu prometi a mim mesma que um dia, um dia eu também conseguirei rir disso tudo. Então, com um aceno rápido, continuei meu caminho em direção à saída daquele corredor.