Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo quando Adora me agarra pelo braço e me empurra para dentro da sala de armazenamento do quinto ano. Eu ainda estava tentando entender a situação quando ela fechou a porta atrás de nós e disse que precisávamos conversar sobre Astrid. Olha eu só a beijei pois ela queria saber como era beijar, juro que nao foi nada demais e... Eu começo a me explicar imaginando do que Adora gostaria de conversar sobre a loira, ainda mais depois de toda a confusão que aconteceu e pirraça que nao tinha vida além de nos atazanar. Adora me interrompe afirmando nao ser sobre isso e noto seu olhar preocupado. Eu me senti tenso instantaneamente. O que poderia ter acontecido com Astrid? Será que ela estava bem?  O que aconteceu com ela? Pergunto preocupado. Adora olha para mim por um momento, como se estivesse decidindo se deveria mesmo me contar. Então, ela suspirou e começou a falar.

Astrid foi assediada por um menino em nossa comunal Dek... Eu... Quando eu cheguei na comunal depois da ronda noturna, ele... Ele estava prensando ela contra a parede. Ela diz Aquelas palavras atingiram como um soco. Astrid sendo assediada? Aquilo não podia ser verdade. Ele havia ensinado ela a se defender, por que ela nao o fez? Eu me pergunto nervoso. Astrid não queria, Derek.... Ele se afastou quando eu perguntei o que estava acontecendo mas... Eu deveria ter feito algo para impedir que Enric fugisse, mas... Quando ele me confrontou eu... eu não fiz nada. A sensação de nojo, ódio que me atinge naquele momento foi avassaladora. Eu não conseguia acreditar que Astrid, a garota mas inocente neste mundo, estivesse passando por aquilo e eu nao pude defende-la. E Adora, minha amiga, tinha visto tudo acontecer e não fez nada para impedir.

Minha mente estava borbulhando com uma mistura de emoções. Eu não conseguia processar direito o que estava acontecendo. Minhas mãos tremiam de raiva, e eu podia sentir meu coração batendo tão forte que parecia que ia sair pela boca. Eu vou matar esse garoto Adora. É o Grayson nao é? Eu pergunto para confirmar e vejo minha irmã com lagrimas nos olhos confirmando com a cabeça. Como ele ousa machucar um fio de cabelo dela! Ele é um homem morto, anote o que digo.Eu grito chutando uma estatua estranha africana que ficava na lateral da sala. Volto meu olhar para Adora e vejo suas lagrimas escorrendo, posso ver seu sentimento de culpa em nao ter feito nada mas eu nao a culpava por isso.  Nao se culpe Dora, se você nao tivesse chegado podia ter sido pior. Você salvou Astrid. Eu afirmo me aproximando de minha irma e limpo suas lagrimas com meus dedos. Ergo sua cabeça para me olhar e solto um sorriso reconfortante. Você pode ter deixado ele escapar mas fique tranquila, de mim ele nao vai escapar. Eu digo com uma voz calma mas firme e repleta de raiva acumulada. Enric era um menino morto. Saio de meus pensamentos quando Adora volta a falar.

A raiva estava me consumindo. Cada fibra do meu ser clama por vingança, e eu quero fazer Enric pagar por tudo o que ele fez. A fúria me cegavaa, me fazia querer resolver tudo na base da força. Eu não consego pensar em nada além disso, e Adora tenta, desesperadamente, ser a voz da razão. Ela me olha, seu rosto expressando uma mistura de preocupação e determinação. Adora sempre foi a mais equilibrada entre nós dois. Eu sabia que ela tinha razão, mas naquele momento, a minha vontade de fazer justiça com as próprias mãos era mais forte do que qualquer outra coisa.  Derek, precisamos pensar primeiro! Ela insistiu, e eu podia ver o quanto isso a afetava também. Mas, naquele momento, eu não conseguia ouvir nada além da minha própria raiva. Eu cerro os punhos, lutando contra a onda de emoções que ameaçava me consumir por completo. Adora continuou, tentando me convencer de que expor Astrid ainda mais seria um erro. Eu sabia disso, em algum lugar dentro de mim, mas a ideia de deixar Enric impune era insuportável. Eu não consego entender como Adora podia manter a calma quando tudo dentro de mim grita por vingança.

Ela segura minhas mãos, um gesto de ternura que só ela poderia oferecer naquele momento. Sua voz era suave, mas firme, enquanto me implorava para pensar em algo mais inteligente, algo que não causasse mais dor a Astrid. Mas Adora hesita quando pergunto sua ideia. Eu podia ver que ela não tinha um plano concreto. Isso só aumenta minha frustração. Se nao tem um plano, eu vou resolver na porrada Adora! A cara dele vai ficar tao destruida que ele nao vai nem pensar em fazer isso com outra garota. Eu precisava de uma solução agora, algo que me desse a sensação de que estávamos fazendo algo para corrigir essa injustiça. Derek, por favor, não faça nada precipitado. Se algo acontecer com Enric, Astrid vai se culpar ainda mais. Ela implorou, seus olhos implorando por uma solução pacífica.  Eu sabia que ela estava certa, mas a dor e a raiva dentro de mim eram como uma tempestade incontrolável. Eu queria resolver isso com minhas próprias mãos, fazer Enric pagar pelo que fez a Astrid.

Mas as palavras de Adora ecoavam na minha mente. A última coisa que eu queria era causar mais dor à minha irmã. Finalmente, soltei um suspiro pesado, a tensão em meus ombros diminuindo ligeiramente. Eu sabia que Adora estava certa, mas era difícil aceitar que a violência não resolveria nada. Eu não podia simplesmente deixar isso passar sem fazer nada. Mas eu também não podia ignorar o fato de que qualquer ação precipitada poderia piorar ainda mais a situação para Astrid. Tudo bem, Adora. Eu não vou atacar Enric, mas se ele me provocar, eu revido. Não vou deixar isso passar em branco. Eu disse, minha voz carregada de frustração e resignação. Adora assentiu, aliviada, mas eu sabia que ela ainda estava preocupada. Eu também estava, mas precisava encontrar uma maneira de canalizar essa raiva de forma que não prejudicasse mais Astrid. A ideia de expor Enric de alguma outra forma começou a tomar forma na minha mente, mas eu sabia que precisaria da ajuda de Adora para pensar em algo realmente eficaz.