O caminho íngreme estava começando a cobrar um preço, não que ela se importasse, eles foram chamados por um motivo. E isso raramente acontecia.

Um criador de Bicórnio, pediu ajuda ao Departamento de Criaturas Mágicas, e eles vieram ajudar, normalmente demoraria mais. Porém o chifre de Bicórnios eram um dos elementos principais para a poção Polissuco, por isso seu pessoal, veio averiguar tão rápido.

Podia ser por isso, e não, mesmo assim eles lidariam com o maior cuidado do mundo, pois, Bicórnios eram carnívoros, inofensivos na maior parte do tempo, quando estavam entre si. Se cuidados por um humano desde sua juventude, podem tolerá-lo, se não podem atacar.

Como a criatura possui o porte de uma vaca, e com chifres mágicos, o certo é não irritá-los.

- É verdade que eles podem comer humanos? - O novato Charles perguntou ofegante.

- Se for carne eles estão dispostos. Mas Bicórnios preferem homens, homens infiéis. - Zafira falou séria, seus olhos em alguns pares de pegadas no chão e segurando a risada, que não pode segurar ao olhar para trás e ver a cara do garoto.

- Estou brincando, é uma lenda velha, muda de lugar para lugar, uns dizem que seu prato favorito são homens fiéis e devotos outros infiéis. A única coisa real aí, é que gostam de comer homens. Suponho que seja por conta da testosterona, ajuda no crescimento dos chifres. - A morena divagou, se agachando, pegando um galho e cutucando um monte de estrume.

Suas sobrancelhas estavam unidas em um misto de confusão e suspeita, erguendo os olhos do chão, seus olhos procuraram algo errado, fora do lugar, metros à frente havia um monte de galhos quebrados, o vento mudou, trazendo cheiro daquela direção, e seu estômago se apertou, mais ela conseguiu manter o conteúdo de seu estômago.  O mesmo não pode ter sido dito, do pobre Charles.

Com sua varinha firmemente em sua mão, seus passos foram suaves, quase imperceptíveis na relva.

Um olhar triste tomou seu rosto, um bicórnio em péssimo estado, vários ferimentos e um olhar de dor e perdido a olhava com grandes olhos castanhos escuros. O animal ficou quieto, ofegante parecendo implorar.


…
- Por que você fez aquilo? Nós podíamos curá-lo! - Charles falou furioso.

- Não, não podíamos, ele estava causando todas aquelas mortes, podemos tentar evitar que se espalhe para outros animais infectados, mas não impedir! Aquilo é bovine spongiform encephalopathy ou encefalopatia espongiforme bovina. EBB ou doença da vaca louca, chame como quiser. Não existe cura, pois é uma doença degenerativa, ela atinge o sistema nervoso e não existe o que se possa fazer nem mesmo para os bruxos. Aquele Bicórnio, ficou agressivo e matou os outros de seu bando. Nada pode reparar nervos, principalmente cerebrais, animais ou não. - Zafira explicou o máximo que pode.

Ela era a favor de toda e qualquer criatura, sempre odiou tirar uma vida, mas havia momentos em que não se podia fazer outra coisa…

A criatura claramente estava em sofrimento, podia não se lembrar ou sentir o que fez com os outros, mas ainda estava machucada e com dor.

…

Depois de voltar ao criador, a tarde foi passada em inspecionar o gado restante, eles não estavam felizes, mas o petisco os apaziguou, e como animais de um criadouro já estavam um pouco mais acostumados com humanos.


Dos 50 animais, mais 5 tiveram que ser abatidos, um número pequeno, se levasse em conta quão rápido a doença podia infectar um animal completamente saudável, por mais que em alguns pudessem passar a vida inteira sem se manifestar. Algo raro.

O dia não correu como desejado, no final em um momento raro, Zafira estava falando apenas o necessário, e de um péssimo humor. E ao voltar ao ministério estava focada em relatórios e mais relatórios sem falar com ninguém.