Corredor dos Quadros Mudos

Deixei Derek para trás na pequena sala, ajeitando a gola da minha blusa com um sorriso malicioso nos lábios. Ele tinha deixado uma pequena marca no meu pescoço, um chupão delicado que eu tratei de cobrir com o cabelo antes de sair para o corredor. Meus sentidos estavam ainda aguçados, e a essência Veela que corria nas minhas veias vibrava sob minha pele, como uma corrente elétrica impossível de conter. A sensação de poder, de saber que poderia enfeitiçar com apenas um olhar, sempre me dava um prazer inexplicável. Caminhava distraída, a mente ainda relembrando os momentos intensos que havia tido com Derek. Eu podia sentir o perfume dele, sua energia ainda impregnada em mim. Era como se minha presença, minha essência, estivesse mais forte depois de momentos como aquele. Um calor agradável percorria meu corpo, fazendo com que cada passo ecoasse com uma confiança natural, quase predatória.

Foi nesse estado, flutuando entre a excitação e a calma, que me deparei com alguém no corredor. Não o vi se aproximar. Quando percebi, já havia esbarrado no garoto, e de repente sua mão estava em minhas costas, firme, mas sem ser agressiva, apenas mantendo-me no lugar. A princípio, minha primeira reação foi a surpresa. Eu estava acostumada a chamar atenção, a atrair olhares e desejos, mas não esperava ser tocada tão rapidamente. Meus olhos se fixaram nos dele, e algo no ar entre nós mudou instantaneamente. O garoto me olhava como se tivesse sido hipnotizado. Vi sua expressão se perder, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que eu reconhecia bem. Ele estava completamente envolvido pela minha essência, pela atração natural que minha raça exerce. Aquilo sempre acontecia com os homens,  eles se perdiam, se esqueciam de si mesmos, e, naquele momento, eu soube que ele não seria exceção.

Por um breve instante, pensei em me afastar, dar um passo para trás e retomar o controle da situação. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, senti os lábios dele nos meus. Surpresa, meu corpo travou por um segundo. Ninguém me beijava assim tão rapidamente, sem nem ao menos uma troca de palavras. Mas, tão rápido quanto a surpresa veio, ela desapareceu. Meu lado Veela despertou de vez, respondendo automaticamente à intensidade do beijo, à energia crua e irresistível que ele colocava em cada movimento. Minhas mãos, antes imóveis, encontraram o caminho até os ombros dele enquanto eu me entregava por completo ao momento. Era um beijo intenso, cheio de desejo não falado, e por alguns segundos, esqueci quem eu era, onde estava, e quem ele era.

Quando ele me pressionou contra a parede, não me opus. Pelo contrário, senti meu corpo responder, aquecendo-se ainda mais, o desejo pulsando em cada fibra. Tudo nele me convidava a explorar mais, a ceder à minha própria natureza. O beijo continuava, cada vez mais profundo, cada vez mais intoxicante. Mas então, como um balde de água fria, ele finalmente se afastou. Meus olhos se abriram, encontrando os dele, que agora pareciam confusos, como se ele finalmente tivesse percebido o que havia acabado de fazer. Eu podia ver a hesitação em sua expressão, mas não havia nenhum traço de arrependimento real. Pelo contrário, havia algo de travesso em seu sorriso, algo que me fez sorrir de volta, instintivamente.

— Desculpe por isso... —  Ele começou, com uma voz que, apesar das palavras, não carregava arrependimento genuíno. Eu não pude evitar sorrir mais ainda. Havia algo tão irresistível na confiança que ele exalava, mesmo depois de ter ultrapassado limites que a maioria dos garotos hesitaria cruzar. Minha mão ainda tocava levemente seu ombro, e senti meu sorriso se alargar.

— Não se preocupe. — Falei suavemente, meus olhos brilhando enquanto o encarava de forma sedutora. — Você não teve culpa. Eu... bem, estava com meus sentidos um pouco aguçados hoje. Sei que isso mexeu com vocês... Homens — Inclinei a cabeça de lado, analisando sua expressão.  Havia uma malícia no meu tom, uma provocação velada. Eu sabia exatamente o que minha presença fazia com os homens, e era sempre fascinante ver como eles reagiam. Esse garoto, em particular, tinha se perdido completamente em mim, e a ideia de ter esse tipo de controle sobre ele me deixava ainda mais animada. — Mas, para ser honesta, eu apreciei o beijo.  Embora eu ainda não conheça o dono desses lábios de mel. — Continuei, minha voz suave, mas carregada de uma sinceridade desarmante.  Ele parecia preso em meus olhos, completamente encantado, e eu adorei isso.

Ver como ele lutava para manter o controle, para não se deixar cair novamente no feitiço que eu claramente lançava sobre ele, era quase cômico. Eu sabia que, no fundo, ele queria mais, mas estava tentando resistir, tentando manter um mínimo de compostura. — Sou Trebor, aliás. — Ele finalmente disse, sua voz saindo mais baixa do que antes, como se estivesse se esforçando para se manter no controle. Eu sorri de novo, adorando o fato de que ele estava completamente à minha mercê. — Sou Regan... — Havia algo inegavelmente divertido em ver como os homens se perdiam na minha presença. Era uma parte do meu poder, algo que eu havia aprendido a apreciar e, às vezes, a usar ao meu favor.

— Ninguém está te obrigando a resistir, sabe? — Minha voz saiu quase como um sussurro, mas carregada de intenção. Antes que ele pudesse reagir, empurrei-o de leve contra a parede, invertendo os papéis. Agora era eu quem o prendia ali, quem estava no controle. Meus olhos o devoravam enquanto ele me olhava, claramente surpreso, mas também intrigado. O sorriso no meu rosto era travesso, quase perigoso. — Você me lembra fisicamente um ex-aluno daqui. Mas sua atitude é bem diferente. Bem mais interessante. — Murmurei, me aproximando mais, deixando meu rosto a centímetros do dele.  Eu podia ver o nervosismo passando pelo olhar de Trebor, e aquilo me divertiu ainda mais. Ele havia começado o jogo, mas agora estava completamente nas minhas mãos. Sem dar a ele mais tempo para pensar, afundei meus lábios nos dele novamente. Desta vez, fui eu quem tomou a iniciativa, quem guiou o beijo com toda a intensidade que sentia no momento.